Pular para o conteúdo principal

QUANDO A JAQUETA DE COURO SE TORNA CAMISA-DE-FORÇA


A Rádio Cidade, na sua obsessão em querer ser "rádio rock", sempre teve sérios problemas.

Como explicar o fato dela não ter adotado essa linha desde o começo, quando a Eldo Pop era um fenômeno de audiência?

Tardiamente, e movida a um ciúme em relação à Fluminense FM, a Rádio Cidade perseguiu o rock em várias fases: 1985-1988, 1995-1998, 1999-2006, 2014-2016 e, agora, desde fevereiro.

É claro que o carioca médio, que aceita prato feito quando é servido do andar de cima, valendo até sopa com mosca voando sobre a mesma, vai aceitar tudo que a Rádio Cidade lançar em nome do rock.

Os ouvintes "roqueiros" da Rádio Cidade são uns "malas sem alça": não gostam de serem criticados, mas são do tipo de pessoa que somente vê o rock pelo próprio umbigo.

Não conseguem discernir Deep Purple de Black Sabbath, não são capazes de uma boa conversa sobre marcas de guitarra, só ouvem os chamados "grandes sucessos" e, mesmo assim, ficam se achando.

É um narcisismo arrogante, pavio curto, de gente que não entende o rock com profundidade, mas, mesmo assim, se acha dono da cultura rock do mundo inteiro.

Dito isso, o pessoal mais uma vez saiu babando com essa programação musical que a Rádio Cidade adotou, um pouco mais "adulta".

É quase a linha da Eldo Pop, adaptada aos contextos atuais, só que com 42 anos de atraso e com muito menos criatividade.

A atual programação da Rádio Cidade é um mero pen drive roqueiro. Correto, mas simplório. Qualquer pessoa comum monta um playlist igual ou melhor no seu celular.

Os caras falam que a antiga Rádio Rio FM, que ocupava os 102,9 mhz, era "vitrolão", mas vejam só o que é a Cidade hoje.

Um mero vitrolão roqueiro. Porque, de resto, é a mesma rádio pop de sempre, agora um meio-termo entre a JB FM e a Mix FM.

Ainda tem aqueles locutores com voz macia demais, como se falassem para fãs de Justin Bieber e Ariana Grande. Estão mais presos no texto, mas esse incômodo ranço continua.

São locutores que têm até experiência em rádio. Só que, em se tratando de segmento rock, isso não faz a menor diferença em si.

Mas até os radiófilos vivem dessa fantasia. Acham que pessoas que entendem de microfone e mesa de áudio podem, necessariamente, entender de guitarra elétrica e amplificador, só porque ambos lidam com eletricidade.

Só que não. O locutor pop pode até entender da distância correta entre o rosto e o microfone, para dar um som no volume ideal, mas isso não garante que ele possa entender, também, a diferença do som de uma guitarra Fender Stratocaster e de uma Rickenbacker.

Não sou contra rádio de rock nos 102,9 mhz, mas tinha que ser uma rádio com novo nome, trajetória surgida do zero e com locutores especializados.

Não adianta botar aquele locutor, sob o pretexto da experiência, por ser ele um protegido do Roberto Medina, se ele não tem o estilo apropriado para uma rádio de rock, tendo aquele ranço enjoado de dicção que ele trouxe das FMs pop.

E o nome Rádio Cidade é bem cafona para uma rádio de rock. Um nome que, digamos, é muito bobo e só funciona para publicitários, empresários de eventos e aquela "gente bonita" que ouve a rádio e que não é roqueira de verdade.

E é um nome banal. Há centenas de "Rádio Cidade" espalhadas em todo o Brasil, de evangélicas a popularescas. Que diferencial oferece um nome desses? Nenhum!

Quanto aos ouvintes, o público da Rádio Cidade não é daqueles que se possa puxar uma conversa boa sobre cultura rock. Os caras são teleguiados, ouvem rock pela "magia" simbólica do gênero, não pela música em si.

Tem muito ouvinte desse tipo, que ouve uma sequência inteira sem ter ideia do que se trata, sem poder identificar a diferença de Faith No More com Red Hot Chili Peppers.

Só ouve uma sequência de rock por apenas querer ouvir um amontoado de sons guitarrísticos que lhes transmitam aquela aura de "rebeldia". Algo que vem menos da música e vem mais da "mística" do rock, que ao mesmo tempo lhes dê transe e vaidade.

Daí que a única coisa que eles comentam dos intérpretes roqueiros são frases do tipo "Maneiro", "Sonzeira", "Demais essa banda, galera", "É déiz (sic)", "Show de Bola".


E isso fora o conservadorismo dos ouvintes da Rádio Cidade, que em duas décadas e meia anteciparam os bolsomínions no reacionarismo rancoroso e intolerante.

Já vi esses "roqueiros" pedindo o fechamento do Congresso Nacional em fóruns da rádio, em 2000. Vi produtores da rádio arrotando reacionarismo nos fóruns de colunistas de rádio, entre 2002 e 2005.

Mais recentemente, vi esses "devotos da Rádio Cidade" esculhambarem Lula, Dilma Rousseff e Fernando Haddad, enquanto pediam para Jair Bolsonaro ser eleito presidente da República.

Como eles vão encarar o cartaz da turnê brasileira da banda punk Dead Kennedys - que no Rio de Janeiro teria o patrocínio, meio engolindo seco, da Rádio Cidade - , com uma família vestindo camiseta da CBF, portando armas e com o pai usando a peruca caraterística do palhaço Bozo?

(Nota: por causa da polêmica do cartaz, os DK cancelaram a turnê brasileira, temendo o risco da violência dos bolsomínions contra os fãs da banda)

Para quem não sabe, Jair Bolsonaro, pelo seu apelo "populista", é comparado ao palhaço Bozo por conta das gafes que comete.

Além do conhecimento superficial de rock, os ouvintes da Rádio Cidade se comportam como se fossem o "metaleiro" Nando Moura depois de tomar umas doses de Rivotril.

Nos tempos da Fluminense FM, os ouvintes de rock eram mais pé-no-chão. Melhor politizados e mais conhecedores de rock. Dava para conversar sobre bandas de rock sem esse jeito "embasbacado" dos ouvintes da Rádio Cidade.

Chega a ser irônico. Eu, em 1983, aos 12 anos, me sentia muito careta para ouvir a Fluminense FM.

Hoje, creio, sou um dos raros que conseguem compreender o legado da antiga Maldita.

Infelizmente, a Rádio Cidade não consegue ser uma Fluminense FM, por mais que tente.

Seria preciso que o Sistema Rio de Janeiro extinguisse a Rádio Cidade, demitisse seus locutores e criasse uma rádio de rock do zero e colocar um pessoal especializado e com vivência no gênero (tem que gostar realmente de rock) para tocar uma programação com criatividade e empenho.

Até se reconhece que a programação musical da Rádio Cidade está esforçada, mas ela chegou tarde demais, com as facilidades que a Internet oferece hoje.

E, além disso, fica com um jeitão de pen drive ou de sequências que facilmente se monta para ouvir no telefone celular.

Além disso, a Rádio Cidade parece um avião conduzido pelo piloto automático. Não há uma equipe especializada. Não se sabe quem coordena a rádio. A programação musical parece bolada por consultores fora da rádio que oficialmente indicam as canções de rock a serem tocadas.

Como Antônio Salieri, a Rádio Cidade é mais badalada e considerada influente. Ela tem um forte lobby no mercado publicitário e na indústria de eventos musicais de ponta.

Mas assim como Salieri não consegue ter a ousadia de Wolfgang Mozart, a Rádio Cidade nunca terá o verdadeiro talento e prestígio da Fluminense FM.

Mesmo "mais pobres", Mozart e Fluminense FM mantiveram uma primazia que vale para a posteridade, enquanto o cartaz que Salieri e Rádio Cidade possuem é mais restrito, situado num contexto mais conservador e válido para o tempo corrente.

É estranho que a crítica especializada e os colunistas considerados tarimbados falem mal de antigas rádios de rock presas na postura "jaquetão". Mas quando o "jaquetão" é usado pelos locutores pop da Rádio Cidade, esse pessoal todo gosta.

"Jaquetão" é o termo pejorativo que se dá a quem é radicalmente roqueiro, e isso custou muito a reputação da Fluminense FM, que mais parecia uma rádio de "roqueiros de camiseta".

O pessoal via, em pessoas como o saudoso Alex Mariano, jaqueta onde não existe, mas quer ver um Demmy Morales, típico locutor pop, preso num jaquetão de couro.

Há um preconceito enorme em relação aos conhecedores de rock, porque, infelizmente, o mercado não quer gente de rock no rádio, a não ser em programas geralmente transmitidos no fim de noite.

Enquanto isso, há sempre um locutor do tipo "gostosão" ou "fofinho", bem naquele estilo enjoado das rádios de pop dançante, no horário nobre das ditas "rádios rock".

A jaqueta de couro virou uma camisa-de-força da Rádio Cidade, que agora quer ser mais "jaquetão" que muita rádio de rock das antigas controlada por "motoqueiros".

Já vejo gente frustrada nas redes sociais, lamentando a falta de "estado de espírito" da Rádio Cidade, que ainda por cima mostra gente "bonita e animada demais" no perfil da emissora nas redes sociais.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

RELIGIÃO DO AMOR?

Vejam como são as coisas, para uma sociedade que acha que os males da religião se concentram no neopentecostalismo. Um crime ocorrido num “centro espírita” de São Luís, no Maranhão, mostra o quanto o rótulo de “kardecismo” esconde um lodo que faz da dita “religião do amor” um verdadeiro umbral. No “centro espírita” Yasmin, a neta da diretora da casa, juntamente com seu namorado, foram assaltar a instituição. Os tios da jovem reagiram e, no tiroteio, o jovem casal e um dos tios morreram. Houve outros casos ao longo dos últimos anos. Na Taquara, no Rio de Janeiro, um suposto “médium” do Lar Frei Luiz foi misteriosamente assassinado. O “médium” era conhecido por fraudes de materialização, se passando por um suposto médico usando fantasias árabes de Carnaval, mas esse incidente não tem relação com o crime, ocorrido há mais de dez anos. Tivemos também um suposto latrocínio que tirou a vida de um dirigente de um “centro espírita” do Barreto, em Niterói, Estado do Rio de Janeiro. Houve incênd...

LULA GLOBALIZOU A POLARIZAÇÃO

LULA SE CONSIDERA O "DONO" DA DEMOCRACIA. Não é segredo algum, aqui neste blogue, que o terceiro mandato de Lula está mais para propaganda do que para gestão. Um mandato medíocre, que tenta parecer grandioso por fora, através de simulacros que são factoides governamentais, como os tais “recordes históricos” que, de tão fáceis, imediatos e fantásticos demais para um país que estava em ruínas, soam ótimos demais para serem verdades. Lula só empolga a bolha de seus seguidores, o Clube de Assinantes VIP do Lulismo, que quer monopolizar as narrativas nas redes sociais. E fazendo da política externa seu palco e seu palanque, Lula aposta na democracia de um homem só e na soberania de si mesmo, para o delírio da burguesia ilustrada que se tornou a sua base de apoio. Só mesmo sendo um burguês enrustido, mesmo aquele que capricha no seu fingimento de "pobreza", para aplaudir diante de Lula bancando o "dono" da democracia. Lula participou da Assembleia Geral da ONU e...

LUÍS INÁCIO SUPERSTAR

Não podemos estragar a brincadeira. Imagine, nós, submetidos aos fatos concretos e respirando o ar nem sempre agradável da realidade, termos que desmascarar o mundo de faz-de-conta do lulismo. A burguesia ilustrada fingindo ser pobre e Lula pelego fingindo governar pelos miseráveis. Nas redes sociais, o que vale é a fantasia, o mundo paralelo, o reino encantado do agradável, que ganha status de “verdade” se obtém lacração na Internet e reconhecimento pela mídia patronal. Lula tornou-se o queridinho das esquerdas festivas, atualmente denominadas woke , e de uma burguesia flexível em busca de tudo que lhe pareça “legal”, daí o rótulo “tudo de bom”. Mas o petista é visto com desconfiança pelas classes populares que, descontando os “pobres de novela”, não se sentem beneficiadas por um governo que dá pouco aos pobres, sem tirar muito dos ricos. A aparente “alta popularidade” de Lula só empolga a “boa” sociedade que domina as narrativas nas redes sociais. Lula só garante apoio a quem já está...

BURGUESIA ILUSTRADA E SEU VIRALATISMO

ESSA É A "FELICIDADE" DA BURGUESIA ILUSTRADA. A burguesia ilustrada, que agora se faz de “progressista, democrática e de esquerda”, tenta esconder sua herança das velhas oligarquias das quais descendem. Acionam seus “isentões”, os negacionistas factuais, que atuam como valentões que brigam com os fatos. Precisam manter o faz-de-conta e se passar pela “mais moderna sociedade humana do planeta”, tendo agora o presidente Lula como fiador. A burguesia ilustrada vive sentimentos confusos. Está cheia de dinheiro, mas jura que é “pobre”, criando pretextos tão patéticos quanto pagar IPVA, fazer autoatendimento em certos postos de gasolina, se embriagar nas madrugadas e falar sempre de futebol. Isso fora os artifícios como falar português errado, quase sempre falando verbos no singular para os substantivos do plural. Ao mesmo tempo megalomaníaca e auto-depreciativa, a burguesia ilustrada criou o termo “gente como a gente” como uma forma caricata da simplicidade humana. É capaz de cele...

“COMBATE AO PRECONCEITO” TRAVOU A RENOVAÇÃO REAL DA MPB

O falecimento do cantor e compositor carioca Jards Macalé aos 82 anos, duas semanas após a de Lô Borges, mostra o quanto a MPB anda perdendo seus mestres um a um, sem que haja uma renovação artística que reúna talento e visibilidade. Macalé, que por sorte se apresentou em Belém, no Pará, no Festival Se Rasgum, em 2024. Jards foi escalado porque o convidado original, Tom Zé, não teve condições de tocar no evento. A apresentação de Macalé acabou sendo uma despedida, um dos últimos shows  do artista em sua vida. Belém é capital do Estado da Região Norte de domínio coronelista, fechado para a MPB - apesar da fama internacional dos mestres João Do ato e Billy Blanco - e impondo a música brega-popularesca, sobretudo forró-brega, breganejo e tecnobrega, como mercado único. A MPB que arrume um dueto com um ídolo popularesco de plantão para penetrar nesses locais. Jards, ao que tudo indica, não precisou de dueto com um popularesco de plantão, seja um piseiro ou um axezeiro, para tocar num f...

O ERRO QUE DENISE FRAGA COMETEU, NA BOA-FÉ

A atriz Denise Fraga, mesmo de maneira muito bem intencionada, cometeu um erro ao dar uma entrevista ao jornal O Estado de São Paulo para divulgar o filme Livros Restantes, dirigido por Márcia Paraíso, com estreia prevista para 11 de dezembro. Acreditando soar “moderna” e contemporânea, Denise, na melhor das intenções, cometeu um erro na boa-fé, por conta do uso de uma gíria. “As mulheres estão mais protagonistas das suas vidas. Antes esperavam que aos 60 você estivesse aposentando; hoje estamos indo para a balada com os filhos”. Denise acteditou que a gíria “balada” é uma expressão da geração Z, voltada a juventude contemporânea, o que é um sério equívoco sem saber, Denise cometeu um grave erro de citar uma gíria ligada ao uso de drogas alucinógenas por uma elite empresarial nos agitos noturnos dos anos 1990. A gíria “balada” virou o sinônimo do “vocabulário de poder” descrito pelo jornalista britânico Robert Fisk. Também simboliza a “novilíngua” do livro 1984, de George Orwell, no se...

O NEGACIONISMO FACTUAL E A 89 FM

Era só o que faltava. Textos que contestam a validade da 89 FM - que celebra 40 anos de existência no dia 02 de dezembro, aniversário de Britney Spears - como “rádio rock” andam sendo boicotados por internautas que, com seu jeito arrogante e boçal, disparam o bordão “Lá vem aquele chato criticar a 89 novamente”. Os negacionistas factuais estão agindo para manter tudo como o “sistema” quer. Sempre existe uma sabotagem quando a hipótese de um governo progressista chega ao poder. Por sorte, Lula andou cedendo mais do que podia e reduziu seu terceiro mandato ao mínimo denominador comum dos projetos sociais que a burguesia lhe autorizou a fazer. Daí não ser preciso apelar para a farsa do “combate ao preconceito” da bregalização cultural que só fez abrir caminho para Jair Bolsonaro. Por isso, a elite do bom atraso investe na atuação “moderadora” do negacionista factual, o “isentão democrático”, para patrulhar as redes sociais e pedir o voicote a páginas que fogem da assepsia jornalística da ...

A RELIGIÃO QUE COPIA NOMES DE SANTOS PARA ENGANAR FIÉIS

SÃO JOÃO DE DEUS E SÃO FRANCISCO XAVIER - Nomes "plagiados" por dois obscurantistas da fé neomedieval "espirita". Sendo na prática uma mera repaginação do velho Catolicismo medieval português que vigorou no Brasil durante boa parte do período colonial, o Espiritismo brasileiro apenas usa alguns clichês da Doutrina Espírita francesa como forma de dar uma fachada e um aparato pretensamente diferentes. Mas, se observar seu conteúdo, se verá que quase nada do pensamento de Allan Kardec foi aproveitado, sendo os verdadeiros postulados fundamentados na Teologia do Sofrimento da Idade Média. Tendo perdido fiéis a ponto de cair de 2,1% para 1,8% segundo o censo religioso de 2022 em relação ao anterior, de 2012, o "espiritismo à brasileira" tenta agora usar como cartada a dramaturgia, sejam novelas e filmes, numa clara concorrência às novelas e filmes "bíblicos" da Record TV e Igreja Universal. E aí vemos que nomes simples e aparentemente simpáticos, como...

“JORNALISMO DA OTAN” BLINDA CULTURALISMO POPULARESCO DO BRASIL

A bregalização e a precarização de outros valores socioculturais no Brasil estão sendo cobertos por um véu que impede que as investigações e questionamentos se tornem mais conhecidos. A ideologia do “Jornalismo da OTAN” e seu conceito de “culturalismo sem cultura”, no qual o termo “cultura” é um eufemismo para propaganda de manipulação política, faz com que, no Brasil, a mediocridade e a precarização cultural sejam vistas como um processo tão natural quanto o ar que respiramos e que, supostamente, reflete as vivências e sentimentos da população de cada região. A mídia de esquerda mordeu a isca e abriu caminho para o golpismo político de 2016, ao cair na falácia do “combate ao preconceito” da bregalização. A imprensa progressista quase faliu por adotar a mesma agenda cultural da mídia hegemônica, iludida com os sorrisos desavisados da plateia que, feito gado, era teleguiada pelo modismo popularesco da ocasião. A coisa ainda não se resolveu como um todo, apesar da mídia progressista ter ...

O BRASIL DOS SONHOS DA FARIA LIMA

Pouca gente percebe, mas há um poder paralelo do empresariado da Faria Lima, designado a moldar um sistema de valores a ser assimilado “de forma espontânea” por diversos públicos que, desavisados, tom esses valores provados como se fossem seus. Do “funk” (com seu pseudoativismo brega identitário) ao Espiritismo brasileiro (com o obscurantismo assistencialista dos “médiuns”), da 89 FM à supervalorização de Michael Jackson, do fanatismo gurmê do futebol e da cerveja, do apetite “original” pelas redes sociais, pelo uso da gíria “balada” e dos “dialetos” em portinglês (como “ dog ”, “ body ” e “ bike ”), tudo isso vem das mentes engenhosas das elites empresariais do Itaim Bibi, na Zona Sul paulistana, e de seis parceiros eventuais como o empresariado carnavalesco de Salvador e o coronelismo do Triângulo Mineiro, no caso da religião “espírita”. E temos a supervalorização de uma banda como Guns N'Roses, que não merece a reputação de "rock clássico" que recebe do público brasile...