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JAIR BOLSONARO FECHA 2021 COM SUAS VERGONHOSAS FÉRIAS "SEM FIM"

CÍNICO, JAIR BOLSONARO TIRA FÉRIAS EM SANTA CATARINA, ENQUANTO A TRAGÉDIA ACONTECE NA BAHIA.

2021 foi um ano daqueles para o Brasil, superando o pandêmico ano de 2020.

O troféu de Vergonha do Ano vai para o presidente Jair Bolsonaro, que, cínico, foi tirar férias "intermináveis", se divertindo em Santa Catarina, enquanto os temporais, enchentes e quedas de barragens promovem a tragédia na Bahia.

Até a edição deste texto, morreram pelo menos 25 pessoas. Milhares de desabrigados, em torno de 430 mil, 120 cidades em situação de emergência, cidades isoladas por queda de trechos de rodovias.

O presidente Bolsonaro, cínico, ainda disse que esperava "não voltar antes" das férias para (des)governar o país. Indiferente à tragédia, o presidente apenas liberou R$ 200 milhões para socorrer as vítimas e ainda recusou a ajuda da Argentina.

Só mais tarde é que o governo liberou R$ 700 milhões para socorrer as cidades atingidas.

O governador da Bahia, Rui Costa, é que decidiu, por conta própria, aceitar o apoio do governo argentino para socorro financeiro dos lugares atingidos pela catástrofe.

Bolsonaro está no ocaso do seu governo e nem mesmo a direita que o apoiou em 2018 quer mais ele.

A atitude cínica de Bolsonaro nas suas férias "sem fim" pode dificultar e até inviabilizar sua vitória eleitoral, na tentativa futura de se reeleger em 2022.

Mas aí a reascensão de Lula acontece de maneira suavizada. Lula, domesticado, se esqueceu que o Brasil vive uma realidade distópica e cometeu sérios erros.

Apareceu numa praia de sunga, disse que "o Brasil vai ser feliz de novo e viver a melhor fase de sua História", subestimando a grave situação e as dificuldades pesadíssimas que poderá enfrentar no país.

E, para piorar as coisas, está celebrando uma aliança, a ser fechada em breve, com Geraldo Alckmin, um dos mais decisivos e convictos personagens do golpismo político de 2016.

Lula virou o "líder político" de conto de fadas e as esquerdas, num clima de "já ganhou", superestimando brechas do Supremo Tribunal Federal e das pesquisas eleitorais, passou a agir com arrogância, ridicularizando tudo que for anunciado como "terceira via".

As esquerdas erraram feio em 2021, marcado por passeatas do "Fora Bolsonaro" que fracassaram pelos seus próprios equívocos.

A má vontade do Comitê Fora Bolsonaro de fazer protestos de rua, já que se contentava com a zona de conforto da memecracia, garantiu que Jair Bolsonaro continuasse respirando politicamente, sem ser abalado pelos memes que o ridicularizaram nas redes sociais.

Mesmo a celebração histórica da Passeata dos Cem Mil, que completou 53 anos no 26 de Junho, motivou o Comitê Fora Bolsonaro, que com muita má vontade foi para as ruas.

Eu mesmo tive que fazer tuitaço para pressionar o pessoal a ir às ruas no 26 de Junho, que por pouco não foi um dia de brincar de "ativismo no sofá".

Idosos que foram líderes estudantis em 1968 foram fazer passeatas contra Bolsonaro. As atuais gerações se manifestaram na Avenida Paulista e em Florianópolis, que não pôde fazer protestos no 19 de Junho porque choveu na capital catarinense (e minha terra natal).

A mania de ficar adiando por longos intervalos os protestos contra Bolsonaro, no entanto, fizeram o Comitê Fora Bolsonaro se rebaixar a um "MBL do B", com a diferença de que não conseguiu derrubar o presidente.

O CFB teve que cancelar a manifestação de 15 de Novembro e pegar carona apenas nas manifestações de 20 de Novembro, praticamente se enterrando como movimento ativista.

Mas 2021 teve também outros fatos.

Perdemos veteranos diversos como Tarcísio Meira, Luís Gustavo, Paulo José e Sérgio Mamberti, além do dramaturgo Gilberto Braga, num momento em que as novelas entram em crise e a dramaturgia anda em baixa popularidade, em relação aos medíocres reality shows.

Morreram vários jovens da música brega-popularesca, incluindo o chamado "sertanejo universitário". o "funk", morreu, entre outros, o MC Kevin, ícone do chamado "funk ostentação" paulista, mas falecido no Rio de Janeiro. Na "sofrência", a tragédia de Marília Mendonça foi a que mais comoveu o Brasil.

Houve também o caso de Paulo Gustavo, humorista que faleceu depois de um período tentando lutar contra a Covid-19.

A morte de Paulo Gustavo comoveu o país e impulsionou a mudança do nome da Rua Coronel Moreira César para "Ator Paulo Gustavo", o que pode, em breve, criar esperança para tirar o nome de um "médium" que esculhambou os niteroienses da precária Avenida (?) da Ciclovia.

Para quem não sabe, o "médium", tido como "símbolo de humildade", lançou em 1966 um livro fazendo acusações infundadas e ofensivas contra a gente humilde que foi assistir a um espetáculo circense que terminou em incêndio criminoso e trágico, no final de 1961.

O "humilde (sic) médium" acusou as pessoas pobres e inocentes de terem sido "romanos sanguinários". Foi como se tivesse dito: "Bem feito, pagaram pelo que fizeram antes na Gália", local da imaginária acusação, botada na conta de Humberto de Campos para o "bondoso homem" não levar a culpa.

E falando nessa "espiritualidade", ela dá o tom da estranha leva de mulheres celibatárias que surgiu nos últimos anos, associadas a esse "espiritualismo" gosmento.

Numa época em que Paris Hilton e Ariana Grande estão casadas e Britney Spears está perto disso, e as famosas em geral, inclusive brasileiras, engatam novos namoros e casamentos, as belas "espiritualizadas" se tornam estranhamente "sem namorado".

Sem um contexto para esse celibato, essas mulheres, algumas atrizes, preferem transformar as redes sociais em recordações de viagens turísticas ou de antigos papéis em novelas marcantes. 

Muitos já perguntam quanto dinheiro a tal "federação espírita" paga para elas ficarem tanto tempo sem namorado, mesmo dentro de um meio social em que outras amigas, mais laicas, são até casadas.

Culturalmente, 2021 está um horror. A prevalência da música popularesca praticamente sufocou os espaços para o Rock Brasil e a MPB autêntica.

Apesar disso, a intelectualidade "bacana" e os jornalistas culturais "isentões" acharam que o Brasil vivia (e continua vivendo) o mais próspero cenário cultural, sob a desculpa de que "existem muitas vozes e muitas narrativas".

A passagem de pano foi geral, com direito ao competente compositor Ivan Lins se render às canastrices de Ivete Sangalo e Alexandre Pires, em comentário vergonhosamente elogioso.

Na literatura, continua o triste quadro desde, pelo menos, 2015, quando a literatura anestésica e seus best sellers impedem com que obras comprometidas com o verdadeiro Conhecimento tenham algum sucesso de vendas, com exceção das exigências do ENEM e dos concursos públicos.

E numa época em que os jornais impressos estão em declínio, se estimula o desperdício de papel ainda mais caro para os "livros para colorir", em vez deles se limitarem à Internet para leitores assinantes imprimirem por conta própria.

Enfim, o Brasil sucumbiu à imbecilização cultural na qual os chamados formadores de opinião fazem vista grossa, achando que estamos vivendo um "excelente momento".

E esse "excelente momento" deve vir com mais apetite em 2022, com Lula domesticado, mais uma Copa do Mundo e outras baboseiras.

Já estou me adiantando para desejar feliz 2022 para mim e para minha família, porque para o Brasil será um ano bastante barra pesada.

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