Pular para o conteúdo principal

LULA SOFRE DE ESTRELISMO CRÔNICO

LULA: O PRESIDENTE DO BRASIL OU UM ASTRO POP INTERNACIONAL?

Há um ditado que diz: "Criou fama e deitou na cama". É quando alguém faz alguma coisa relevante, torna-se famosa e prestigiada, mas depois se acomoda na presunção, vivendo de seu próprio prestígio, se limitando a receber louvores e aplausos.

Com sua viagem pela China e pelos Emirados Árabes Unidos, Lula se consagrou como um astro pop, produziu factoides políticos que movimentam os noticiários, dando a crer que Lula está fazendo muito, quando a verdade ele está muito menos produtivo do que muitos imaginam.

Este é o pior dos três mandatos de Lula, por ser um faz-de-conta da grandeza que não existe. É mais ou menos quando ocorre na música, quando um nome talentoso faz muito sucesso e se deixa perder pela fama. De repente aquele nome que fez boas obras se desleixa e passa a fazer obras ruins absuzido pela fama e pela riqueza.

Entorpecido pelo sucesso e pela fama internacional, Lula desistiu de desistir de comparecer à cerimônia de coroação do Rei Charles da Grã-Bretanha. Alimentado pela visibilidade obtida na última semana, Lula ainda puxou os EUA para mais um factoide: ao declarar neutralidade em relação ao conflito entre Rússia e Ucrânia, Lula recebeu de Washington, através do porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, a acusação de "repetir a propaganda russa sem olhar para os fatos".

Além disso, Lula recebeu convite do ministro dos Negócios Estrangeiros (pasta equivalente ao nosso Ministério das Relações Exteriores) da Rússia, Sergei Lavrov, para visitar o país eurasiano e participar do Fórum Econômico de São Petersburgo, reforçando as controvérsias com o governo estadunidense.

Lula havia dito que os EUA e a União Europeia "incentivam a guerra" entre os dois países, fornecendo armas e sem se preocuparem com os acordos de paz. Interferindo nos assuntos internacionais, Lula diz que a paz deve ser feita por mediação de países neutros, como o Brasil.

Só que Lula age como se fosse o "presidente da ONU". Ele está se deixando levar pela visibilidade dos assuntos internacionais e acaba se perdendo pelos ventos estrangeiros. A chamada "reconstrução do Brasil", que não se esclarece se começou ou já foi concluída (crê-se, da noite para o dia), está à deriva, sem resultados concretos, apenas diante de propostas e promessas.

Se bem que o anúncio de que o Salário Mínimo irá, no próximo ano, de R$ 1.320 para R$ 1.389 sem ganho real, mostra o quanto Lula, na verdade, jogou uma pá de cal no esquerdista sindical que há muito não existe mais e cujos últimos vestígios desapareceram em algum momento de 2020. Essa falácia de que Lula faz hoje um "governo mais à esquerda" não passa de um blefe, uma conversa para boi dormir.

Lula é apenas o queridinho da Faria Lima que faz o jogo das aparências. Ele abandonou o povo brasileiro e hoje só quer produzir pautas políticas, seja com viagens, contatos com autoridades estrangeiras, seja com frases de efeito em seus discursos, às vezes com choro dramático, tudo para produzir material para a mídia.

O que se vê é apenas um personagem político manipulando com sua visibilidade. Não é um grande líder mundial ou um grande líder popular e muito menos um grande líder esquerdista. Diferente do Lula que, entre um factoide ou outro, trabalhava pelo Brasil, esse Lula atual é apenas um malabarista de sua visibilidade, um governante que fez relativos progressos para o país, entre 2003 e 2010, mas depois foi "deitar na cama após criar a fama". Uma cama de R$ 42 mil pagos com dinheiro público.

Às vezes acontece de alguém acertar no passado e errar anos depois. Joe Cocker, cuja aparência no fim da vida lembrava muito a de Lula hoje, começou como um surpreendente cantor de blues britânico, reinventando a canção beatle "With a Little Help From My Friends", em pleno clima spirituals e com Jimmy Page na guitarra solo. Cocker fez uma performance explosiva no Festival de Woodstock em 1969 e poderia ter sido muito bem a resposta masculina para Janis Joplin, na sua combinação visceral de rock com as raízes do blues.

No entanto, nos anos 1980, Cocker voltou como um insosso cantor yuppie, gravando baladas piegas e pasteurizadas do nível de "Up Where We Belong" e mesmo a versão do clássico de Ray Charles, "Unchain My Heart", tem um arranjo pasteurizado bem naquele clima do "pop-rock para homens de negócios", bem ao gosto dos magnatas que investem em megafestivais de rock e em rádios caricatas de rock como, no Brasil, as "Jovem Pan com guitarras" 89 FM paulista e a Rádio Cidade carioca.

O Lula que até fez boas realizações em seus dois mandatos anteriores, lembrando levemente aquilo que João Goulart tentou fazer em 1963 e 1964, perdeu a mão e hoje mais parece um sujeito tomado de estrelismo crônico, se achando o "motorista da História" como se o petista fosse dono do futuro e o Destino, um mero empregado seu. Lula se mantém no seu pedestal, com salto bem alto, e é vergonhoso que ele peça aos seus seguidores que desçam do pedestal, pois evita dar o mesmo conselho a si mesmo.

Pena, pois o Brasil não precisa de um "astro pop" nem de alguém que se ache o "centro do mundo" para governar o povo. A reconstrução, se ocorre, não está trazendo os resultados imediatos. Os preços dos alimentos continuam tão caros quanto no ocaso do governo de Jair Bolsonaro, e a pobreza ainda continua intensa, com as tragédias de sempre. E Lula preocupado em encenar o papel de "líder mundial". Ou talvez de um arrogante astro pop rumo à decadência.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

RELIGIÃO DO AMOR?

Vejam como são as coisas, para uma sociedade que acha que os males da religião se concentram no neopentecostalismo. Um crime ocorrido num “centro espírita” de São Luís, no Maranhão, mostra o quanto o rótulo de “kardecismo” esconde um lodo que faz da dita “religião do amor” um verdadeiro umbral. No “centro espírita” Yasmin, a neta da diretora da casa, juntamente com seu namorado, foram assaltar a instituição. Os tios da jovem reagiram e, no tiroteio, o jovem casal e um dos tios morreram. Houve outros casos ao longo dos últimos anos. Na Taquara, no Rio de Janeiro, um suposto “médium” do Lar Frei Luiz foi misteriosamente assassinado. O “médium” era conhecido por fraudes de materialização, se passando por um suposto médico usando fantasias árabes de Carnaval, mas esse incidente não tem relação com o crime, ocorrido há mais de dez anos. Tivemos também um suposto latrocínio que tirou a vida de um dirigente de um “centro espírita” do Barreto, em Niterói, Estado do Rio de Janeiro. Houve incênd...

LULA GLOBALIZOU A POLARIZAÇÃO

LULA SE CONSIDERA O "DONO" DA DEMOCRACIA. Não é segredo algum, aqui neste blogue, que o terceiro mandato de Lula está mais para propaganda do que para gestão. Um mandato medíocre, que tenta parecer grandioso por fora, através de simulacros que são factoides governamentais, como os tais “recordes históricos” que, de tão fáceis, imediatos e fantásticos demais para um país que estava em ruínas, soam ótimos demais para serem verdades. Lula só empolga a bolha de seus seguidores, o Clube de Assinantes VIP do Lulismo, que quer monopolizar as narrativas nas redes sociais. E fazendo da política externa seu palco e seu palanque, Lula aposta na democracia de um homem só e na soberania de si mesmo, para o delírio da burguesia ilustrada que se tornou a sua base de apoio. Só mesmo sendo um burguês enrustido, mesmo aquele que capricha no seu fingimento de "pobreza", para aplaudir diante de Lula bancando o "dono" da democracia. Lula participou da Assembleia Geral da ONU e...

LUÍS INÁCIO SUPERSTAR

Não podemos estragar a brincadeira. Imagine, nós, submetidos aos fatos concretos e respirando o ar nem sempre agradável da realidade, termos que desmascarar o mundo de faz-de-conta do lulismo. A burguesia ilustrada fingindo ser pobre e Lula pelego fingindo governar pelos miseráveis. Nas redes sociais, o que vale é a fantasia, o mundo paralelo, o reino encantado do agradável, que ganha status de “verdade” se obtém lacração na Internet e reconhecimento pela mídia patronal. Lula tornou-se o queridinho das esquerdas festivas, atualmente denominadas woke , e de uma burguesia flexível em busca de tudo que lhe pareça “legal”, daí o rótulo “tudo de bom”. Mas o petista é visto com desconfiança pelas classes populares que, descontando os “pobres de novela”, não se sentem beneficiadas por um governo que dá pouco aos pobres, sem tirar muito dos ricos. A aparente “alta popularidade” de Lula só empolga a “boa” sociedade que domina as narrativas nas redes sociais. Lula só garante apoio a quem já está...

BURGUESIA ILUSTRADA E SEU VIRALATISMO

ESSA É A "FELICIDADE" DA BURGUESIA ILUSTRADA. A burguesia ilustrada, que agora se faz de “progressista, democrática e de esquerda”, tenta esconder sua herança das velhas oligarquias das quais descendem. Acionam seus “isentões”, os negacionistas factuais, que atuam como valentões que brigam com os fatos. Precisam manter o faz-de-conta e se passar pela “mais moderna sociedade humana do planeta”, tendo agora o presidente Lula como fiador. A burguesia ilustrada vive sentimentos confusos. Está cheia de dinheiro, mas jura que é “pobre”, criando pretextos tão patéticos quanto pagar IPVA, fazer autoatendimento em certos postos de gasolina, se embriagar nas madrugadas e falar sempre de futebol. Isso fora os artifícios como falar português errado, quase sempre falando verbos no singular para os substantivos do plural. Ao mesmo tempo megalomaníaca e auto-depreciativa, a burguesia ilustrada criou o termo “gente como a gente” como uma forma caricata da simplicidade humana. É capaz de cele...

“COMBATE AO PRECONCEITO” TRAVOU A RENOVAÇÃO REAL DA MPB

O falecimento do cantor e compositor carioca Jards Macalé aos 82 anos, duas semanas após a de Lô Borges, mostra o quanto a MPB anda perdendo seus mestres um a um, sem que haja uma renovação artística que reúna talento e visibilidade. Macalé, que por sorte se apresentou em Belém, no Pará, no Festival Se Rasgum, em 2024. Jards foi escalado porque o convidado original, Tom Zé, não teve condições de tocar no evento. A apresentação de Macalé acabou sendo uma despedida, um dos últimos shows  do artista em sua vida. Belém é capital do Estado da Região Norte de domínio coronelista, fechado para a MPB - apesar da fama internacional dos mestres João Do ato e Billy Blanco - e impondo a música brega-popularesca, sobretudo forró-brega, breganejo e tecnobrega, como mercado único. A MPB que arrume um dueto com um ídolo popularesco de plantão para penetrar nesses locais. Jards, ao que tudo indica, não precisou de dueto com um popularesco de plantão, seja um piseiro ou um axezeiro, para tocar num f...

O ERRO QUE DENISE FRAGA COMETEU, NA BOA-FÉ

A atriz Denise Fraga, mesmo de maneira muito bem intencionada, cometeu um erro ao dar uma entrevista ao jornal O Estado de São Paulo para divulgar o filme Livros Restantes, dirigido por Márcia Paraíso, com estreia prevista para 11 de dezembro. Acreditando soar “moderna” e contemporânea, Denise, na melhor das intenções, cometeu um erro na boa-fé, por conta do uso de uma gíria. “As mulheres estão mais protagonistas das suas vidas. Antes esperavam que aos 60 você estivesse aposentando; hoje estamos indo para a balada com os filhos”. Denise acteditou que a gíria “balada” é uma expressão da geração Z, voltada a juventude contemporânea, o que é um sério equívoco sem saber, Denise cometeu um grave erro de citar uma gíria ligada ao uso de drogas alucinógenas por uma elite empresarial nos agitos noturnos dos anos 1990. A gíria “balada” virou o sinônimo do “vocabulário de poder” descrito pelo jornalista britânico Robert Fisk. Também simboliza a “novilíngua” do livro 1984, de George Orwell, no se...

O NEGACIONISMO FACTUAL E A 89 FM

Era só o que faltava. Textos que contestam a validade da 89 FM - que celebra 40 anos de existência no dia 02 de dezembro, aniversário de Britney Spears - como “rádio rock” andam sendo boicotados por internautas que, com seu jeito arrogante e boçal, disparam o bordão “Lá vem aquele chato criticar a 89 novamente”. Os negacionistas factuais estão agindo para manter tudo como o “sistema” quer. Sempre existe uma sabotagem quando a hipótese de um governo progressista chega ao poder. Por sorte, Lula andou cedendo mais do que podia e reduziu seu terceiro mandato ao mínimo denominador comum dos projetos sociais que a burguesia lhe autorizou a fazer. Daí não ser preciso apelar para a farsa do “combate ao preconceito” da bregalização cultural que só fez abrir caminho para Jair Bolsonaro. Por isso, a elite do bom atraso investe na atuação “moderadora” do negacionista factual, o “isentão democrático”, para patrulhar as redes sociais e pedir o voicote a páginas que fogem da assepsia jornalística da ...

A RELIGIÃO QUE COPIA NOMES DE SANTOS PARA ENGANAR FIÉIS

SÃO JOÃO DE DEUS E SÃO FRANCISCO XAVIER - Nomes "plagiados" por dois obscurantistas da fé neomedieval "espirita". Sendo na prática uma mera repaginação do velho Catolicismo medieval português que vigorou no Brasil durante boa parte do período colonial, o Espiritismo brasileiro apenas usa alguns clichês da Doutrina Espírita francesa como forma de dar uma fachada e um aparato pretensamente diferentes. Mas, se observar seu conteúdo, se verá que quase nada do pensamento de Allan Kardec foi aproveitado, sendo os verdadeiros postulados fundamentados na Teologia do Sofrimento da Idade Média. Tendo perdido fiéis a ponto de cair de 2,1% para 1,8% segundo o censo religioso de 2022 em relação ao anterior, de 2012, o "espiritismo à brasileira" tenta agora usar como cartada a dramaturgia, sejam novelas e filmes, numa clara concorrência às novelas e filmes "bíblicos" da Record TV e Igreja Universal. E aí vemos que nomes simples e aparentemente simpáticos, como...

“JORNALISMO DA OTAN” BLINDA CULTURALISMO POPULARESCO DO BRASIL

A bregalização e a precarização de outros valores socioculturais no Brasil estão sendo cobertos por um véu que impede que as investigações e questionamentos se tornem mais conhecidos. A ideologia do “Jornalismo da OTAN” e seu conceito de “culturalismo sem cultura”, no qual o termo “cultura” é um eufemismo para propaganda de manipulação política, faz com que, no Brasil, a mediocridade e a precarização cultural sejam vistas como um processo tão natural quanto o ar que respiramos e que, supostamente, reflete as vivências e sentimentos da população de cada região. A mídia de esquerda mordeu a isca e abriu caminho para o golpismo político de 2016, ao cair na falácia do “combate ao preconceito” da bregalização. A imprensa progressista quase faliu por adotar a mesma agenda cultural da mídia hegemônica, iludida com os sorrisos desavisados da plateia que, feito gado, era teleguiada pelo modismo popularesco da ocasião. A coisa ainda não se resolveu como um todo, apesar da mídia progressista ter ...

O BRASIL DOS SONHOS DA FARIA LIMA

Pouca gente percebe, mas há um poder paralelo do empresariado da Faria Lima, designado a moldar um sistema de valores a ser assimilado “de forma espontânea” por diversos públicos que, desavisados, tom esses valores provados como se fossem seus. Do “funk” (com seu pseudoativismo brega identitário) ao Espiritismo brasileiro (com o obscurantismo assistencialista dos “médiuns”), da 89 FM à supervalorização de Michael Jackson, do fanatismo gurmê do futebol e da cerveja, do apetite “original” pelas redes sociais, pelo uso da gíria “balada” e dos “dialetos” em portinglês (como “ dog ”, “ body ” e “ bike ”), tudo isso vem das mentes engenhosas das elites empresariais do Itaim Bibi, na Zona Sul paulistana, e de seis parceiros eventuais como o empresariado carnavalesco de Salvador e o coronelismo do Triângulo Mineiro, no caso da religião “espírita”. E temos a supervalorização de uma banda como Guns N'Roses, que não merece a reputação de "rock clássico" que recebe do público brasile...