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PERTO DE COMPLETAR UM ANO, GOVERNO LULA ENTRA EM CRISE

LULA, QUE NÃO MANDA MINISTRO PARA REPRESENTÁ-LO NO EXTERIOR, NÃO VAI ACOMPANHAR PESSOALMENTE A TRAGÉDIA EM PARAUPEBAS, PARÁ , QUE ATINGIU O ACAMPAMENTO DO MST.

Embora seja, como denominamos aqui, mais uma das supostas pesquisas de opinião - prestem atenção no termo "supostas" - , o Datafolha consegue se aproximar da realidade mostrando uma aprovação declinante de Lula, com 38% de aprovação contra 30% de reprovação e 40% dos entrevistados que declararam não confiarem nas falas do presidente.

Afinal, eu não canso de ver, nas ruas, pode ser em que cidade eu visite, gente fazendo duras críticas ao atual governo Lula. O principal ponto das críticas são as viagens de Lula ao exterior e a obsessão dele em intervir nos conflitos estrangeiros, sem relação direta com o Brasil, demonstrando uma mal disfarçada ânsia em obter o Prêmio Nobel da Paz.

Também se começa a desconfiar da tal "cirurgia contra dores no quadril", uma conversa para bolsonarista dormir pois Lula dançava, pulava e até corria (num evento no exterior, ele deu uma "corridinha" para ser fotografado ao lado das demais autoridades) e não usava bengalas nem cadeira de rodas. Desconfiamos de que Lula teve câncer e a recente cirurgia foi a retirada de um tumor.

Os preços não baixaram de forma esperada. Até aumentaram. Os salários são medíocres, e o Bolsa Família está longe de parecer um programa de "rentismo popular" como acreditam os lulistas. Não houve uma reformulação dos critérios de emprego e preconceitos como o etarismo, a meritocracia - que torna, por exemplo, os concursos públicos complicados demais - ou mesmo a flexibilidade excessiva, que prejudica os mais talentosos, passados para trás por candidatos "divertidos" que conquistam os empregos.

E Lula, para somar mais os erros, se esquece de que ele é um dos polos de uma polarização política popularmente conhecida, e o Governo Federal lançou uma campanha "contra a polarização" com o tema "Amor Nos Une", com um logotipo e um apelo de mensagem bastante piegas. O mais gozado disso é que Lula, que defendeu a polarização política contra Bolsonaro, agora renega essa posição.

Enquanto isso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, está tendo desentendimentos com colegas do próprio Partido dos Trabalhadores, por conta de uma política fiscal que acabou se tornando conservadora, e esse clima de tensão, não bastassem Lula e Dilma Rousseff esconderem de que estão brigados, mostra o quanto o clima entre os petistas é de profundo baixo astral.

Tanto que Gleisi Hoffmann, presidenta do PT, admitiu que, "se Lula perder popularidade, o Congresso nos engole". A posse de Javier Milei, presidente fascista da Argentina, e a reabilitação de Donald Trump nos EUA, mostra o risco da frente fria política atingir o Brasil, já que Lula tem no atual mandato o mais fraco e o menos popular dos três.

E Lula, que não teve o escrúpulo de, em vez dele, mandar um ministro para as viagens políticas no exterior, decidiu mandar o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, para acompanhar a tragédia de um acampamento do Movimento dos Sem-Terra (MST), o Acampamento Terra e Liberdade, cujo incêndio causou a morte de nove pessoas, seis acampados e três trabalhadores da empresa G5, de serviços de instalação de Internet.

O desastre teria ocorrido por problemas de instalação da fiação de Internet no local. Isso criou um curto-circuito que gerou uma explosão, queimando os barracos e, além dos mortos, ter causado uma série de pessoas feridas. Dois barracos foram totalmente destruídos.

Lula manifestou pesar no seu perfil no X (antigo Twitter), mas decidiu não viajar e mandar Teixeira e o presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), César Aldrighi, para acompanhar a situação. A ausência de Lula, neste caso, pode piorar as relações com o MST, que já estão bastante azedas.

Na Conferência Eleitoral do Partido dos Trabalhadores, ocorrido no último dia 09 no Auditório Ulysses Guimarães, em Brasília, Lula, entre outras coisas, pediu para que a militância do povo agisse para impedir qualquer reação direitista contra o governo. Lula admitiu no evento que fez concessões à direita (que usa o eufemismo de Centrão) por pressões do Congresso Nacional.

O grande problema é que militância, entre lulistas, é impossível. Para os seguidores de Lula, a militância é desnecessária porque os lulistas acreditam que tudo está bem, até mesmo os jovens, normalmente rebeldes, estão felizes e tranquilos com o atual governo, não precisando militar em favor do governo. Para os lulistas, Lula resolveria sozinho qualquer problema.

Enfim, este é um Brasil em crise. Um Brasil muito complicado e que muitos ainda têm muita dificuldade de compreender as verdadeiras dimensões deste problema gravíssimo que é reconstruir o país mantendo uma velha ordem sociocultural oriunda dos tempos da ditadura militar.

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