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BURGUESIA ILUSTRADA DEIXOU O PERIGO DO BOLSONARISMO CRESCER

JAIR BOLSONARO E O FILHO EDUARDO: ESTES ERAM ALGUNS DOS "HERÓIS" DA "BOA" SOCIEDADE EM 2018.

Dá para perceber o quanto os negacionistas factuais não querem que se divulguem as críticas ao governo Lula. É por causa do trauma que a burguesia ilustrada sente por ter aberto caminho para o bolsonarismo, e por isso mesmo a elite do atraso resolveu se repaginar. Agora, no seio da burguesia ilustrada, “todo mundo agora é pobre e de esquerda”, mesmo aqueles que foram tietes da privataria nos anos 1990 e 2000 e mesmo os que têm SUV e viajam para a Europa como quem vai para a casa da titia logo ali.

As redes sociais são dominadas pela burguesia. A Faria Lima decide até que gírias a gente deve falar, e, o que é surreal, com durabilidade e universalidade que soam impróprias para uma gíria. A gíria “balada”, símbolo da juventude rica e festiva da Zona Sul paulistana, é um claro exemplo disso, “vendida” até para crianças, nesses tempos de adultização, como as tais “baladinhas” promovidas pelas escolas.

Há uma resistência muito grande porque qualquer vírgula que se escreve contra Lula é vista como uma brecha para a volta de Bolsonaro. A burguesia ilustrada defendeu a ascensão do bolsonarismo e, agora, quer tirar o corpo fora. Ninguém pode saber o que essa elite fez no verão passado.

A fruta não cai longe da árvore e não nascem bananas em laranjeiras. A burguesia ilustrada se acha “democrática”, defensora da “liberdade de instintos” - mesmo que seja para fumar cigarros e jogar um monte de comida fora - e se diz dotada de “profunda responsabilidade social”. Mas sua campanha para boicotar o pensamento crítico é herança de seus avós golpistas de 1964 e dos tempos trevosos do AI-5 e da Censura Federal.

A herança burguesa da sociedade “legal” de hoje em dia, con toda a postura “tudo de bom” que tenta mostrar, é ao mesmo tempo renegada no discurso e manifesta na prática. A tardia adesão ao lulismo, agora defendida como o único galho a segurar no abismo das elites, faz com que eles mantenham o jogo das aparências. Que as primaveras woke joguem para debaixo do tapete a sujeira burguesa do verão passado 

A alegada recuperação da popularidade de Lula, diante do episódio do tarifaço de Trump, reflete o teatro de papéis sociais do Clube de Assinantes VIP do Lulismo. Um “recorte” social higienizado, uma sociedade pasteurizada composta por burgueses “bonzinhos” e “pobres de novela” obedientes. Todos simbolizando uma nação de brinquedo, com suas “grandezas” de miniatura, um país que nunca sai de sua infância e, mesmo assim, quer se impor ao mundo se apropriando das experiências dos outros (os países mais antigos do planeta) para se proclamar “amadurecido”, sob o pretexto do Brasil ser, em tese, a “síntese do mundo”.

O que se vê é que a burguesia fez estragos demais ao Brasil e, temendo perder privilégios, tenta se repaginar. Agora ela é a “boazinha”, “democrática”, “de esquerda”, “progressista” e “tudo de bom”. Agora que as forças que a ditadura militar definiu como “subversivas”, como o proletariado e o campesinato, além do lumpesinato, estão enfraquecidas como força engajada, dá até para o rico neoliberal convicto brincar de ser socialista e pobre nas redes sociais. E temos que aceitar esse mundo do faz-de-conta para evitar o cancelamento.

Com o desmonte gradual do bolsonarismo, a burguesia tem receios. Agora a Justiça está investigando possíveis fraudes envolvendo empresas. A extrema-direita brasileira também é alvo de inquéritos. Sem mudar seus princípios, a burguesia ilustrada brasileira tem um duplo medo, o de ser desmascarada por uma Justiça imparcial mas rigorosa e o de ser prejudicada sem as benesses do lulismo.

O medo nem é por causa do Brasil ou do povo brasileiro, afinal a burguesia de chinelos só adota essa posição para lacrar nas redes sociais. Até porque essa elite nunca foi prejudicada por Michel Temer e Jair Bolsonaro e muito menos será prejudicada pelo tarifaço de Donald Trump. Ela sempre viveu bem na sua opulência, até durante o pesadelo golpista, mas agora ela quer ser politicamente correta e se achar “pobre de esquerda” para ficar bem na foto.

Só que ela tem que assumir o erro de ter deixado o bolsonarismo crescer. Quando lhe convinha, a elite do atraso defendeu o golpe de 2016 e a eleição de Bolsonaro. Hoje ela renega essa responsabilidade. Não adianta a burguesia ilustrada se esconder sob os ternos azuis de Lula porque o que essa elite bronzeada fez no verão passado está gravado na memória. Pedir para boicotar textos só vai piorar as coisas e estimular mais a curiosidade alheia. 

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