Pular para o conteúdo principal

O QUE É SER REALMENTE UM JORNALISTA DE ESQUERDA?

PEDRO ALEXANDRE SANCHES "VESTINDO A CAMISA" E SÉRGIO MORO ANIMADO - Algo mais em comum do que a Maringá onde nasceram.

Estranho Brasil temeroso.

Mais estranho do que a plutocracia manipulando as leis em causa própria, são certos "solidários" que aparecem nos momentos de crise.

Intelectuais "bacanas" e dirigentes funqueiros, com sua "sincera solidariedade" à presidenta afastada Dilma Rousseff.

Um MC Leonardo, apadrinhado pelo cineasta José Padilha, integrante do Instituto Millenium, às vezes fala como colunista de Veja quando quer que as esquerdas atuem sempre como ele espera.

Um Pedro Alexandre Sanches, o aluno-modelo de Otávio Frias Filho, agora querendo fazer o papel do "bom esquerdista" com seus histéricos artigos no seu portal Farofafá.

Pedro Alexandre Sanches é conterrâneo de Sérgio Moro. Ambos são de Maringá, Paraná.

Ideologicamente, Sanches e Moro estão a anos-luz afastados do ativismo progressista de outra maringaense, a bela atriz Sônia Braga.

Da mesma forma que Moro, Sanches também não se considera tucano.

Da mesma forma que Moro, Sanches manipula sua especialidade ao sabor das causas plutocráticas, sem no entanto assumi-las de fato.

Sanches é o tipo do que não deve ser um jornalista de esquerda.

Primeiro, porque ele não é de esquerda. Ele "está" esquerdista, visando abocanhar uns trocados do PT e outras entidades progressistas..

Ele se enquadra no que a desafeta ex-ministra da Cultura, Ana de Hollanda citou como "grupos não considerados por ela como de esquerda, mas infiltrados em seus movimentos".

Procurei ler os artigos de Pedro Alexandre Sanches com atenção e muita cautela.

Não me iludi com as aparências. As reportagens e artigos do ex-repórter da Folha de São Paulo e do Estadão parecem "espetacularizados" demais para um intelectual de esquerda.

E isso não é por questão de estilo porque, se fosse, ainda seria compreensível e até saudável.

É porque Sanches adotou certas estranhezas por baixo de seus longos panfletos jornalísticos.

Identifiquei ideias de Francis Fukuyama e até citações provenientes da Teoria da Dependência de Fernando Henrique Cardoso, como as expressões "periferia" e "transbrasileira".

"Periferia" era o que FHC se referia ao destino que ele queria para o Brasil, num desenvolvimento econômico limitado que não ameaçasse a supremacia dos países ricos.

"Transbrasileira" é, para a cultura, um paralelo bem exato à ideia de "economia transnacional" defendida pelo sociólogo tucano, quando presidiu o Brasil entre 1995 e 2002.

A bronca não é pelo fato de Sanches ter vindo de uma mídia de direita para trabalhar numa mídia de esquerda.

Até porque, quando houve a debandada de jornalistas com visão progressista das redações da Folha de São Paulo, Sanches não acompanhou o êxodo.

A ideia de jornalistas saírem da mídia direitista para formar mídias de esquerda não é ruim.

Em muitos casos, traz informações importantes e uma postura autocrítica bastante interessante.

Da Rede Globo, tivemos Paulo Henrique Amorim, Luiz Carlos Azenha e Rodrigo Vianna trazendo suas visões críticas sobre os bastidores da famosa rede onde trabalharam.

Azenha ainda trabalhou no mesmo TJ Brasil de Bóris Casoy, cujo comentarista econômico foi Luís Nassif.

José Arbex Jr. que era da Folha, escreveu um importante livro Showrnalismo: A Mídia como Espetáculo, com dados valiosos sobre os bastidores da Folha.

Um dos melhores portais de esquerda é o Diário do Centro do Mundo, editado pelos ex-jornalistas da Editora Abril, com passagem na Veja, Paulo e Kiko Nogueira.

O DCM serve até como um curso básico para você entender de maneira sucinta como é o governo de Michel Temer.

E ainda nos brinda, com exclusividade, com uma prática de jornalismo investigativo, atividade em extinção na grande imprensa, com a série de Marcelo Auler sobre o envolvimento de Temer na corrupção do porto de Santos.

O próprio Mino Carta, um dos fundadores da revista Veja e que havia convivido profissionalmente com o falecido dono da Abril, Roberto Civita, tem uma consistente bagagem de conhecimentos sobre as atividades da plutocracia midiática.

Um jornalista de esquerda traz análises consistentes, não necessariamente escrevendo artigos altamente elogiosos a figuras como o ex-presidente Lula, podendo até criticá-lo, desde que oferecendo informações objetivas e altamente consistentes.

Portanto, um jornalista de esquerda é aquele que traz um enfoque substancial e novo, diferente da indigência da mídia plutocrática de hoje.

Só que isso não se observa em Pedro Alexandre Sanches.

Ele parece um jogador que surgiu do time adversário para, contratado por um novo time, ficar fazendo gols contra.

CHICO BUARQUE, EM CHARGE DE LATUFF - Artista é uma das poucas vozes influentes para chamar a atenção do povo para a crise do governo Temer.

Além de Sanches ter perdido a qualidade jornalística de quando trabalhava na Folha de São Paulo, passando a fazer meros panfletos textuais, ele adotou posturas muito, muito estranhas.

Ele inseriu os preconceitos da Folha de São Paulo na mídia esquerdista.

"MPB já era, o que importa é a música de mercado, o jabaculê de hoje é o folclore de amanhã, prestem atenção mais na plateia do que nos bastidores do 'ídolo popular'", é o que descreve, embora não de forma explícita, o discurso de Sanches.

De repente, ele, que nunca foi com a cara de Chico Buarque, foi a voz que abafou, mesmo de forma indireta, toda a repercussão do cantor que dedicou "Apesar de Você" ao governo de Michel Temer.

Ele acionou um lobby de intelectuais "bacanas" para convencer as esquerdas de que Chico Buarque já era, que o "funk" (que não veio de Marte, veio da Globo) é "o que interessa".

Muito estranho. O "bom esquerdista" Sanches procurando anular os efeitos de uma das potentes vozes que tentam salvar a presidenta Dilma Rousseff, encurralada pelo jogo político-jurídico de oposição à presidenta.

Não é a mesma coisa Sanches fazer aqueles artigos bajulatórios a Dilma e Lula e falsos e forçados ataques aos direitistas da moda.

Os textos de Sanches soam exagerados e panfletários demais. Coisa de quem está forçando a barra demais para ser considerado "de esquerda".

E, diferente dos textos de um Paulo Henrique Amorim, Paulo Nogueira e companhia, nada acrescentam em informação visceral e consistente.

Sanches mais parece um papagaio reproduzindo as informações esquerdistas já prévias.

Ele já adotou posturas estranhas no seu Farofafá.

Entrevistou um Gustavo Alonso (espécie de Leandro Narloch da historiografia musical) que manifestou saudade dos tempos do general Emílio Garrastazu Médici.

Participou de um seminário do Coletivo Fora do Eixo e divulgou, como editor (mas com texto de seu parceiro Eduardo Nunomura), um evento de agronegócio, ambos patrocinados pelo Governo do Estado de São Paulo, na pessoa de Geraldo Alckmin.

Fez um favor ao neoliberal Armínio Fraga divulgando a banda musical de seu filho.

Isso sem falar que os ídolos musicais que primeiro são divulgados por Sanches vão aparecer depois na grande mídia privada, sobretudo Globo.

Zezé di Camargo & Luciano e Banda Calypso são casos ilustrativos.

Sanches pediu para colocar Gaby Amarantos para a capa da revista Fórum. A edição encalhou. Seis meses depois, numa famosa edição de Veja com Dilma na capa, Gaby foi muito bem tratada pela revista que costuma maltratar todo mundo.

Sanches quis promover o funqueiro MC Guimê como "libertário" e, pouco depois, lá estava ele na mesma Veja, recebendo o mesmo tratamento carinhoso da reacionária publicação.

Com todos os ataques falsos à Rede Globo, Sanches mais parece um divulgador de novos ídolos musicais da emissora. O que ele lança em seus textos vira sucesso da Globo uns meses depois.

Por sorte, Sanches estava de férias quando houve o incidente em que Álvaro Garnero Filho (filho e neto de ricos empresários) e dois burguesinhos (um deles, neto de latifundiário) fizeram provocações contra Chico Buarque.

Sanches teria de se explicar e escolher qual a posição que teria que tomar. Se mantivesse sua oposição a Chico Buarque, teria que ficar ao lado dos "coxinhas" que mandaram o cantor se mudar para Paris.

No episódio Procure Saber, Pedro Sanches quase deu suas mãos a Reinaldo Azevedo, na oposição que ambos se manifestaram contra Chico Buarque.

E Sanches ainda insiste no seu "bom esquerdismo" se aproveitando da crise de Michel Temer.

Lembra o conto da gralha e do pavão, de Esopo, escritor da Grécia Antiga.

A gralha que aproveitava as penas caídas do pavão para se fantasiar como se fosse a outra espécie.

Disfarçada de pavão, a gralha não conquistou os pavões e decepcionou as outras gralhas.

Pedro Sanches decepcionou o público de direita e o público de esquerda o vê com desconfiança.

Sanches com camisa da CBF, cultivando barbinha estilo Lobão, tentando convencer as esquerdas, que, fukuyamamente, a MPB de Chico Buarque chegou ao fim.

A quem Sanches convence com seu pretenso "jornalismo de esquerda"?

Sanches pode e deve muito bem pensar e escrever como quiser.

Só precisa assumir que direção de fato está indo. Não adianta inverter as coisas.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

RELIGIÃO DO AMOR?

Vejam como são as coisas, para uma sociedade que acha que os males da religião se concentram no neopentecostalismo. Um crime ocorrido num “centro espírita” de São Luís, no Maranhão, mostra o quanto o rótulo de “kardecismo” esconde um lodo que faz da dita “religião do amor” um verdadeiro umbral. No “centro espírita” Yasmin, a neta da diretora da casa, juntamente com seu namorado, foram assaltar a instituição. Os tios da jovem reagiram e, no tiroteio, o jovem casal e um dos tios morreram. Houve outros casos ao longo dos últimos anos. Na Taquara, no Rio de Janeiro, um suposto “médium” do Lar Frei Luiz foi misteriosamente assassinado. O “médium” era conhecido por fraudes de materialização, se passando por um suposto médico usando fantasias árabes de Carnaval, mas esse incidente não tem relação com o crime, ocorrido há mais de dez anos. Tivemos também um suposto latrocínio que tirou a vida de um dirigente de um “centro espírita” do Barreto, em Niterói, Estado do Rio de Janeiro. Houve incênd...

LULA GLOBALIZOU A POLARIZAÇÃO

LULA SE CONSIDERA O "DONO" DA DEMOCRACIA. Não é segredo algum, aqui neste blogue, que o terceiro mandato de Lula está mais para propaganda do que para gestão. Um mandato medíocre, que tenta parecer grandioso por fora, através de simulacros que são factoides governamentais, como os tais “recordes históricos” que, de tão fáceis, imediatos e fantásticos demais para um país que estava em ruínas, soam ótimos demais para serem verdades. Lula só empolga a bolha de seus seguidores, o Clube de Assinantes VIP do Lulismo, que quer monopolizar as narrativas nas redes sociais. E fazendo da política externa seu palco e seu palanque, Lula aposta na democracia de um homem só e na soberania de si mesmo, para o delírio da burguesia ilustrada que se tornou a sua base de apoio. Só mesmo sendo um burguês enrustido, mesmo aquele que capricha no seu fingimento de "pobreza", para aplaudir diante de Lula bancando o "dono" da democracia. Lula participou da Assembleia Geral da ONU e...

LUÍS INÁCIO SUPERSTAR

Não podemos estragar a brincadeira. Imagine, nós, submetidos aos fatos concretos e respirando o ar nem sempre agradável da realidade, termos que desmascarar o mundo de faz-de-conta do lulismo. A burguesia ilustrada fingindo ser pobre e Lula pelego fingindo governar pelos miseráveis. Nas redes sociais, o que vale é a fantasia, o mundo paralelo, o reino encantado do agradável, que ganha status de “verdade” se obtém lacração na Internet e reconhecimento pela mídia patronal. Lula tornou-se o queridinho das esquerdas festivas, atualmente denominadas woke , e de uma burguesia flexível em busca de tudo que lhe pareça “legal”, daí o rótulo “tudo de bom”. Mas o petista é visto com desconfiança pelas classes populares que, descontando os “pobres de novela”, não se sentem beneficiadas por um governo que dá pouco aos pobres, sem tirar muito dos ricos. A aparente “alta popularidade” de Lula só empolga a “boa” sociedade que domina as narrativas nas redes sociais. Lula só garante apoio a quem já está...

BURGUESIA ILUSTRADA E SEU VIRALATISMO

ESSA É A "FELICIDADE" DA BURGUESIA ILUSTRADA. A burguesia ilustrada, que agora se faz de “progressista, democrática e de esquerda”, tenta esconder sua herança das velhas oligarquias das quais descendem. Acionam seus “isentões”, os negacionistas factuais, que atuam como valentões que brigam com os fatos. Precisam manter o faz-de-conta e se passar pela “mais moderna sociedade humana do planeta”, tendo agora o presidente Lula como fiador. A burguesia ilustrada vive sentimentos confusos. Está cheia de dinheiro, mas jura que é “pobre”, criando pretextos tão patéticos quanto pagar IPVA, fazer autoatendimento em certos postos de gasolina, se embriagar nas madrugadas e falar sempre de futebol. Isso fora os artifícios como falar português errado, quase sempre falando verbos no singular para os substantivos do plural. Ao mesmo tempo megalomaníaca e auto-depreciativa, a burguesia ilustrada criou o termo “gente como a gente” como uma forma caricata da simplicidade humana. É capaz de cele...

“COMBATE AO PRECONCEITO” TRAVOU A RENOVAÇÃO REAL DA MPB

O falecimento do cantor e compositor carioca Jards Macalé aos 82 anos, duas semanas após a de Lô Borges, mostra o quanto a MPB anda perdendo seus mestres um a um, sem que haja uma renovação artística que reúna talento e visibilidade. Macalé, que por sorte se apresentou em Belém, no Pará, no Festival Se Rasgum, em 2024. Jards foi escalado porque o convidado original, Tom Zé, não teve condições de tocar no evento. A apresentação de Macalé acabou sendo uma despedida, um dos últimos shows  do artista em sua vida. Belém é capital do Estado da Região Norte de domínio coronelista, fechado para a MPB - apesar da fama internacional dos mestres João Do ato e Billy Blanco - e impondo a música brega-popularesca, sobretudo forró-brega, breganejo e tecnobrega, como mercado único. A MPB que arrume um dueto com um ídolo popularesco de plantão para penetrar nesses locais. Jards, ao que tudo indica, não precisou de dueto com um popularesco de plantão, seja um piseiro ou um axezeiro, para tocar num f...

O ERRO QUE DENISE FRAGA COMETEU, NA BOA-FÉ

A atriz Denise Fraga, mesmo de maneira muito bem intencionada, cometeu um erro ao dar uma entrevista ao jornal O Estado de São Paulo para divulgar o filme Livros Restantes, dirigido por Márcia Paraíso, com estreia prevista para 11 de dezembro. Acreditando soar “moderna” e contemporânea, Denise, na melhor das intenções, cometeu um erro na boa-fé, por conta do uso de uma gíria. “As mulheres estão mais protagonistas das suas vidas. Antes esperavam que aos 60 você estivesse aposentando; hoje estamos indo para a balada com os filhos”. Denise acteditou que a gíria “balada” é uma expressão da geração Z, voltada a juventude contemporânea, o que é um sério equívoco sem saber, Denise cometeu um grave erro de citar uma gíria ligada ao uso de drogas alucinógenas por uma elite empresarial nos agitos noturnos dos anos 1990. A gíria “balada” virou o sinônimo do “vocabulário de poder” descrito pelo jornalista britânico Robert Fisk. Também simboliza a “novilíngua” do livro 1984, de George Orwell, no se...

O NEGACIONISMO FACTUAL E A 89 FM

Era só o que faltava. Textos que contestam a validade da 89 FM - que celebra 40 anos de existência no dia 02 de dezembro, aniversário de Britney Spears - como “rádio rock” andam sendo boicotados por internautas que, com seu jeito arrogante e boçal, disparam o bordão “Lá vem aquele chato criticar a 89 novamente”. Os negacionistas factuais estão agindo para manter tudo como o “sistema” quer. Sempre existe uma sabotagem quando a hipótese de um governo progressista chega ao poder. Por sorte, Lula andou cedendo mais do que podia e reduziu seu terceiro mandato ao mínimo denominador comum dos projetos sociais que a burguesia lhe autorizou a fazer. Daí não ser preciso apelar para a farsa do “combate ao preconceito” da bregalização cultural que só fez abrir caminho para Jair Bolsonaro. Por isso, a elite do bom atraso investe na atuação “moderadora” do negacionista factual, o “isentão democrático”, para patrulhar as redes sociais e pedir o voicote a páginas que fogem da assepsia jornalística da ...

A RELIGIÃO QUE COPIA NOMES DE SANTOS PARA ENGANAR FIÉIS

SÃO JOÃO DE DEUS E SÃO FRANCISCO XAVIER - Nomes "plagiados" por dois obscurantistas da fé neomedieval "espirita". Sendo na prática uma mera repaginação do velho Catolicismo medieval português que vigorou no Brasil durante boa parte do período colonial, o Espiritismo brasileiro apenas usa alguns clichês da Doutrina Espírita francesa como forma de dar uma fachada e um aparato pretensamente diferentes. Mas, se observar seu conteúdo, se verá que quase nada do pensamento de Allan Kardec foi aproveitado, sendo os verdadeiros postulados fundamentados na Teologia do Sofrimento da Idade Média. Tendo perdido fiéis a ponto de cair de 2,1% para 1,8% segundo o censo religioso de 2022 em relação ao anterior, de 2012, o "espiritismo à brasileira" tenta agora usar como cartada a dramaturgia, sejam novelas e filmes, numa clara concorrência às novelas e filmes "bíblicos" da Record TV e Igreja Universal. E aí vemos que nomes simples e aparentemente simpáticos, como...

“JORNALISMO DA OTAN” BLINDA CULTURALISMO POPULARESCO DO BRASIL

A bregalização e a precarização de outros valores socioculturais no Brasil estão sendo cobertos por um véu que impede que as investigações e questionamentos se tornem mais conhecidos. A ideologia do “Jornalismo da OTAN” e seu conceito de “culturalismo sem cultura”, no qual o termo “cultura” é um eufemismo para propaganda de manipulação política, faz com que, no Brasil, a mediocridade e a precarização cultural sejam vistas como um processo tão natural quanto o ar que respiramos e que, supostamente, reflete as vivências e sentimentos da população de cada região. A mídia de esquerda mordeu a isca e abriu caminho para o golpismo político de 2016, ao cair na falácia do “combate ao preconceito” da bregalização. A imprensa progressista quase faliu por adotar a mesma agenda cultural da mídia hegemônica, iludida com os sorrisos desavisados da plateia que, feito gado, era teleguiada pelo modismo popularesco da ocasião. A coisa ainda não se resolveu como um todo, apesar da mídia progressista ter ...

O BRASIL DOS SONHOS DA FARIA LIMA

Pouca gente percebe, mas há um poder paralelo do empresariado da Faria Lima, designado a moldar um sistema de valores a ser assimilado “de forma espontânea” por diversos públicos que, desavisados, tom esses valores provados como se fossem seus. Do “funk” (com seu pseudoativismo brega identitário) ao Espiritismo brasileiro (com o obscurantismo assistencialista dos “médiuns”), da 89 FM à supervalorização de Michael Jackson, do fanatismo gurmê do futebol e da cerveja, do apetite “original” pelas redes sociais, pelo uso da gíria “balada” e dos “dialetos” em portinglês (como “ dog ”, “ body ” e “ bike ”), tudo isso vem das mentes engenhosas das elites empresariais do Itaim Bibi, na Zona Sul paulistana, e de seis parceiros eventuais como o empresariado carnavalesco de Salvador e o coronelismo do Triângulo Mineiro, no caso da religião “espírita”. E temos a supervalorização de uma banda como Guns N'Roses, que não merece a reputação de "rock clássico" que recebe do público brasile...