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AINDA SOBRE A FURACÃO 2000 NO CASO DOS "QUATRO DE COPACABANA"


O portal Justificando havia mencionado o caso dos "Quatro de Copacabana", comentado aqui.

O episódio é um processo movido pela presidente do Conselho Nacional de Justiça, a mesma presidente do Supremo Tribunal Federal, Carmen Lúcia, contra quatro juízes.

Os juízes, André Nicolitt, Cristiana Cordeiro, Rubens Casara e Simone Nacif, discursaram num evento pró-Dilma Rousseff em Copacabana, em 17 de abril de 2016.

Carmen abriu investigação alegando que juízes não podem se posicionar politicamente.

A questão é polêmica e os movimentos sociais e entidades da Justiça ligadas a causas progressistas repudiaram a decisão da ministra do STF/CNJ.

Vários textos do Justificando relatam esse caso.

O portal é excelente e traz brilhantes conceitos de direito, além de apontar problemas legais cometidos pelo Judiciário, Ministério Público e Polícia Federal nos últimos tempos.

Mas o Justificando cometeu um sério erro, no caso dos "Quatro de Copacabana": definiu o ato de 17 de abril como "um ato da Furacão 2000".

Seria como se definisse um penetra como o anfitrião de uma festa.

O ato, na verdade, era do movimento Povo Sem Medo, organização composta por vários movimentos sociais e que visa lutar para viabilizar a candidatura do ex-presidente Lula em 2018.

A Furacão 2000 apenas pegou carona, embora sabemos que o "funk" é do outro lado, "filho" da mídia hegemônica, sobretudo as Organizações Globo.

Não custa repetir que a Furacão 2000 nomeou Luciano Huck como porta-voz do "funk".

O mesmo Luciano Huck do Renova BR, ao lado de Armínio Fraga, Jorge Paulo Lemann, Nizan Guanaes e outros empresários que almejam financiar políticos identificados com o neoliberalismo.

O que se quer dizer com isso é que não se pode subestimar a ligação de Luciano Huck com o "funk" e o apoio que ele recebeu da Furacão 2000.

Foi há um tempão atrás, mas que vale para hoje. Até porque rendeu uma expressão, "é o caldeirão", tão falada pelos funqueiros.

A expressão remete ao Caldeirão do Huck e é pronunciada até hoje, um jargão que significa "é o máximo".

O "funk", nos tempos de Michel Temer, nem está aí se os quatro juízes estão sendo investigados ou não.

Daí ser estranho o Justificando dizer que o ato pró-Dilma foi um "ato da Furacão 2000", porque a equipe de som nem está mais aí para os movimentos sociais.

Rômulo Costa está preocupado com o mercado, com as elites e com os eventos do filho Jonathan Costa.

E, claro, com os palcos da mídia hegemônica.

E quem sabe se os ataques de Rômulo Costa ao deputado Eduardo Cunha não haviam sido jogo de cena, pois o PMDB carioca abriga boa parte da "bancada do funk" no Legislativo?

Tem que se enfatizar que a atuação da Furacão 2000 na manifestação anti-impeachment mais pareceu um "panelaço amigo" que, a pretexto de "solidariedade", abafou o protesto com seu barulho.

O discurso panfletário dos funqueiros para forçar o vínculo ao evento só soou como o discurso pró-Jango de Cabo Anselmo na manifestação dos fuzileiros navais em 1964.

A "solidariedade" de Cabo Anselmo abriu caminho para o golpe militar que derrubou João Goulart.

A "solidariedade" da Furacão 2000 garantiu o sono tranquilo dos que votaram "sim" pela abertura do impeachment.

O "caminhão" ainda vai atropelar as esquerdas. E aí Renova BR vai ser o "caldeirão" nas urnas.

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