Pular para o conteúdo principal

A EMBRIAGUEZ COGNOSCITIVA DAS ESQUERDAS DIANTE DO "POPULAR DEMAIS"

JORGE PAULO LEMANN, UM DOS MAIORES INTERESSADOS PELA CAMPANHA DO "COMBATE AO PRECONCEITO" DO "POPULAR DEMAIS".

Já falamos dos interesses estratégicos do empresário Jorge Paulo Lemann por trás da "saudável" campanha do "combate ao preconceito" da música brega-popularesca ou "popular demais".

Mas cabe uma ênfase maior, para mostrarmos aos setores ingênuos de nossas esquerdas.

Afinal, vejamos, a música e os valores culturais associados ao brega-popularesco são muito ruins para que realmente tenha valor esse tal "combate ao preconceito".

O "combate ao preconceito" foi uma falácia muito bem construída, montada por um grande lobby de acadêmicos, jornalistas, artistas, celebridades e até colunistas sociais, entre outros.

A "ditabranda do mau gosto", ou seja, a gourmetização da mediocridade e de aspectos patéticos, piegas e retrógrados forçadamente introduzidos ao povo pobre, mas tidos como "seu patrimônio cultural", teve fins estratégicos nunca oficialmente assumidos.

Primeiro, porque, mesmo sendo em parte difundida pela mídia esquerdista, a gourmetização do brega-popularesco teve como objetivo reforçar o poder da mídia corporativa (Globo, Folha, Abril, SBT etc).

Eram essas grandes empresas midiáticas e, de maneira regional, contava também com a contribuição decisiva da mídia hegemônica regional, considerada "bastante popular", mas controlada por poderosos grupos oligárquicos.

Segundo, por uma questão de "transferência de responsabilidade".

Em outras palavras, é quando a mídia e o mercado de entretenimento - corrupto e ganancioso demais para ser creditado como "autossuficiência das periferias" - desenvolvem paradigmas voltados à idiotização do povo pobre e seus ideólogos atribuem essa idiotização como algo próprio desse povo.

Atribuindo a idiotização do povo pobre como "patrimônio cultural das classes populares", os barões da mídia dão a deixa para a desmobilização do povo e o esvaziamento das forças progressistas.

Ou seja, os barões da mídia idiotizam o povo e põem a culpa nele por essa imbecilização.

E aí a sociedade, por boa-fé ou má-fé, acolhe essa mentira e nela acaba se trabalhando a campanha do "combate ao preconceito", que nunca passou de conversa para boi dormir.

A intelligentzia conseguiu convencer com esse discurso, não pela coerência de suas ideias, mas porque não haviam discordantes se contraponto à altura e, quando havia, era ridicularizado, chamado de "elitista", "moralista", "higienista" etc.

O mercado acadêmico dava sua ajudinha: aspirantes a críticos da imbecilização cultural, à maneira dos mais renomados intelectuais europeus (como Umberto Eco), eram barrados já no começo do caminho da pós-graduação.

Com isso, impedia-se a formatura de mestrado e doutorado para críticos da degradação cultural, tirando destes a moeda de prestígio e visibilidade para o ingresso aos meios intelectuais.

Com isso, os críticos que não tinham visibilidade tinham que produzir em quantidades industriais seus textos contestadores, para ao menos quebrar a aparente unanimidade dos textos pró-bregalização.

O "microfone aberto" só estava aberto para quem dizia "sim" à bregalização e, jogando o vínculo grão-midiático para abaixo do tapete, vendem esse embuste como se fosse "causa libertária e progressista".

Os objetivos prioritários da bregalização é aumentar reservas de mercado dos fenômenos popularescos.

Isso gera mais dinheiro para empresas de entretenimento e patrocinadores diretos e indiretos, incluindo as indústrias de cerveja, as que mais lucram com a bregalização.

O discurso do "combate ao preconceito", com toda a choradeira do coitadismo, só serviu para forçar a aceitação de fenômenos popularescos por um público mais selecionado, tanto pelo poder aquisitivo quanto pela formação intelectual (duas coisas que não devem ser confundidas, vale lembrar).

E aí entra a indústria de cerveja.

Não notaram que praticamente todos os eventos de divulgação ao vivo dos ídolos popularescos são em locais onde se vende muita cerveja?

Pois é, a maior parte das marcas de cerveja são da Ambev, do empresário Jorge Paulo Lemann, membro da elite que apoiou o golpe contra Dilma Rousseff e que agora participa do projeto bom-mocista dos movimentos Renova BR e Agora!.

Homem mais rico do Brasil, Lemann é o patrocinador de Tábata Amaral, a ativista neoliberal em ascensão política na atualidade.

Vejam que estilos como "funk", breganejo, axé-music, "forró eletrônico", tecnobrega etc têm seu imaginário envolvendo práticas hedonistas, como sexo, traições conjugais, erotização porno-soft e embriaguez pelo álcool.

A associação deles com eventos promovidos por marcas de cerveja, até como, em parte, garotos-propagandas explícitos ou implícitos (no caso do mershandising), é notória e evidente.

Na música brega do passado, a bebida alcoólica era encarada, no seu imaginário, como um "consolo" para as frustrações amorosas de homens miseráveis.

Um bom gancho para o establishment do culturalismo conservador (no qual faz parte a bregalização da cultura popular) dar sua contribuição para a necropolítica que no Brasil já ocorre há décadas, desde a ditadura militar, e que se baseia na redução populacional por causas violentas.

Ainda vamos falar dessa necropolítica que acontece através de grupos de extermínio, milícias, pistolagem da zona rural que extermina camponeses e feminicídios. Fora os crimes cometidos por pessoas pobres "não-criminosas" pela ignorância em negociar conflitos pelo diálogo.

E aí coloca-se o alcoolismo dentro dos valores falsamente positivos que a intelectualidade "bacana" atribui às classes populares.

A bebedeira vira "sinônimo de qualidade de vida" dentro de um combo de "pobreza linda" que tenta nos fazer crer que morar em favelas é "maravilhoso", trabalhar na prostituição "é o máximo", fumar maconha é "a melhor coisa da vida" e ter subemprego é "uma poderosa causa libertária".

E por que ninguém se atenta a isso?

Bom, os intelectuais "bacanas" tomam cerveja e, em parte, pagam as rodadas de cerveja que os esquerdistas também bebem.

Então, cria-se uma espécie de "ciência política" da embriaguez, algo mais complexo do que "filosofia de botequim", no qual se perde o discernimento e a capacidade cognoscitiva de encarar a realidade.

As periferias, que os intelectuais e jornalistas mais sérios viam como cenários infernais, cujas construções, as favelas, eram um velho problema sociológico, antropológico e imobiliário, passam a se tornar Disneylândias do consumo simbólico de práticas hedonistas.

Daí que, do "Rap da Felicidade" resultar nos safáris humanos da intelectualidade "bacana" embasbacada é um pulo.

A capacidade crítica se ameniza, porque o astral causado pelo efeito narcótico do álcool da cerveja (uma bebida ruim com gosto de dipirona batida no liquidificador) cria um "mundo ensolarado" que faz explicar o porquê do Brasil não agir com energia para combater seus sérios problemas.

E isso quando vemos que há muitos esquerdistas que, infelizmente, estão contaminados da educação cultural que, nas décadas de 1970 a 1990, receberam da Rede Globo, do SBT, da Folha de São Paulo.

Esquecem esses esquerdistas que muito do seu apreço ao brega-popularesco como suposta causa libertária em parte foi resultante da visão etnocêntrica do intelectualismo burguês de Otávio Frias Filho, que promovia, na Folha, a gourmetização do popularesco sob verniz pseudo-modernista.

Em outras partes, o apreço ao brega-popularesco se dava por conta da breguice glamourizada da Rede Globo e do populismo rasteiro do SBT (antes dele, as decadentes Record e Tupi e a Bandeirantes; depois, a Rede TV!, CNT e derivadas).

Paciência. Diferente dos mais velhos, os esquerdistas relativamente mais jovens viveram na bolha televisiva que achavam ser tão livre e aberto quanto as inexistentes fronteiras do universo.

Viam o povo sendo tratado como palhaço, como idiota, e achavam que aquilo era "a felicidade do povo pobre".

Viam as mulheres fazendo papel de objetos sexuais e os esquerdistas mais ingênuos acreditavam que elas estavam fazendo um tipo de "feminismo popular", que (supostamente) ludibriava e dominava os machistas.

Na infância e na adolescência, nossos esquerdistas dente-de-leite ficaram o tempo todo vendo televisão, e mesmo sem querer o mundo que eles conheceram é o de Sílvio Santos, de Otávio Frias Filho e de Luciano Huck, tudo junto e misturado.

E depois acabaram também, nas suas rodas de bebedeira nas boemias da vida, criando um "mar" para esse mundo terraplanista de esquerda que acha que a bregalização era o caminho para a libertação do povo pobre.

Esse "mar" é justamente a cerveja. Que garante a fortuna exorbitante de Jorge Paulo Lemann.

Quem diria, mais um tiro no pé.

A intelectualidade "bacana" forçou as esquerdas a acreditar que bregalizar melhoraria a vida do povo pobre, mas, além de tantos outros desastres causados pelo discurso do tal "combate ao preconceito", como o golpe político de 2016, outro efeito nefasto se fez.

Quem se enriqueceu, mesmo, foi um empresário que já era muito rico e que se tornou o maior dos ricos. E que vive fora do Brasil, país que ele só "visita" para atividades como o monitoramento do Renova BR e de sua pequena Tábata Amaral.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

RELIGIÃO DO AMOR?

Vejam como são as coisas, para uma sociedade que acha que os males da religião se concentram no neopentecostalismo. Um crime ocorrido num “centro espírita” de São Luís, no Maranhão, mostra o quanto o rótulo de “kardecismo” esconde um lodo que faz da dita “religião do amor” um verdadeiro umbral. No “centro espírita” Yasmin, a neta da diretora da casa, juntamente com seu namorado, foram assaltar a instituição. Os tios da jovem reagiram e, no tiroteio, o jovem casal e um dos tios morreram. Houve outros casos ao longo dos últimos anos. Na Taquara, no Rio de Janeiro, um suposto “médium” do Lar Frei Luiz foi misteriosamente assassinado. O “médium” era conhecido por fraudes de materialização, se passando por um suposto médico usando fantasias árabes de Carnaval, mas esse incidente não tem relação com o crime, ocorrido há mais de dez anos. Tivemos também um suposto latrocínio que tirou a vida de um dirigente de um “centro espírita” do Barreto, em Niterói, Estado do Rio de Janeiro. Houve incênd...

LULA GLOBALIZOU A POLARIZAÇÃO

LULA SE CONSIDERA O "DONO" DA DEMOCRACIA. Não é segredo algum, aqui neste blogue, que o terceiro mandato de Lula está mais para propaganda do que para gestão. Um mandato medíocre, que tenta parecer grandioso por fora, através de simulacros que são factoides governamentais, como os tais “recordes históricos” que, de tão fáceis, imediatos e fantásticos demais para um país que estava em ruínas, soam ótimos demais para serem verdades. Lula só empolga a bolha de seus seguidores, o Clube de Assinantes VIP do Lulismo, que quer monopolizar as narrativas nas redes sociais. E fazendo da política externa seu palco e seu palanque, Lula aposta na democracia de um homem só e na soberania de si mesmo, para o delírio da burguesia ilustrada que se tornou a sua base de apoio. Só mesmo sendo um burguês enrustido, mesmo aquele que capricha no seu fingimento de "pobreza", para aplaudir diante de Lula bancando o "dono" da democracia. Lula participou da Assembleia Geral da ONU e...

LUÍS INÁCIO SUPERSTAR

Não podemos estragar a brincadeira. Imagine, nós, submetidos aos fatos concretos e respirando o ar nem sempre agradável da realidade, termos que desmascarar o mundo de faz-de-conta do lulismo. A burguesia ilustrada fingindo ser pobre e Lula pelego fingindo governar pelos miseráveis. Nas redes sociais, o que vale é a fantasia, o mundo paralelo, o reino encantado do agradável, que ganha status de “verdade” se obtém lacração na Internet e reconhecimento pela mídia patronal. Lula tornou-se o queridinho das esquerdas festivas, atualmente denominadas woke , e de uma burguesia flexível em busca de tudo que lhe pareça “legal”, daí o rótulo “tudo de bom”. Mas o petista é visto com desconfiança pelas classes populares que, descontando os “pobres de novela”, não se sentem beneficiadas por um governo que dá pouco aos pobres, sem tirar muito dos ricos. A aparente “alta popularidade” de Lula só empolga a “boa” sociedade que domina as narrativas nas redes sociais. Lula só garante apoio a quem já está...

BURGUESIA ILUSTRADA E SEU VIRALATISMO

ESSA É A "FELICIDADE" DA BURGUESIA ILUSTRADA. A burguesia ilustrada, que agora se faz de “progressista, democrática e de esquerda”, tenta esconder sua herança das velhas oligarquias das quais descendem. Acionam seus “isentões”, os negacionistas factuais, que atuam como valentões que brigam com os fatos. Precisam manter o faz-de-conta e se passar pela “mais moderna sociedade humana do planeta”, tendo agora o presidente Lula como fiador. A burguesia ilustrada vive sentimentos confusos. Está cheia de dinheiro, mas jura que é “pobre”, criando pretextos tão patéticos quanto pagar IPVA, fazer autoatendimento em certos postos de gasolina, se embriagar nas madrugadas e falar sempre de futebol. Isso fora os artifícios como falar português errado, quase sempre falando verbos no singular para os substantivos do plural. Ao mesmo tempo megalomaníaca e auto-depreciativa, a burguesia ilustrada criou o termo “gente como a gente” como uma forma caricata da simplicidade humana. É capaz de cele...

“COMBATE AO PRECONCEITO” TRAVOU A RENOVAÇÃO REAL DA MPB

O falecimento do cantor e compositor carioca Jards Macalé aos 82 anos, duas semanas após a de Lô Borges, mostra o quanto a MPB anda perdendo seus mestres um a um, sem que haja uma renovação artística que reúna talento e visibilidade. Macalé, que por sorte se apresentou em Belém, no Pará, no Festival Se Rasgum, em 2024. Jards foi escalado porque o convidado original, Tom Zé, não teve condições de tocar no evento. A apresentação de Macalé acabou sendo uma despedida, um dos últimos shows  do artista em sua vida. Belém é capital do Estado da Região Norte de domínio coronelista, fechado para a MPB - apesar da fama internacional dos mestres João Do ato e Billy Blanco - e impondo a música brega-popularesca, sobretudo forró-brega, breganejo e tecnobrega, como mercado único. A MPB que arrume um dueto com um ídolo popularesco de plantão para penetrar nesses locais. Jards, ao que tudo indica, não precisou de dueto com um popularesco de plantão, seja um piseiro ou um axezeiro, para tocar num f...

O ERRO QUE DENISE FRAGA COMETEU, NA BOA-FÉ

A atriz Denise Fraga, mesmo de maneira muito bem intencionada, cometeu um erro ao dar uma entrevista ao jornal O Estado de São Paulo para divulgar o filme Livros Restantes, dirigido por Márcia Paraíso, com estreia prevista para 11 de dezembro. Acreditando soar “moderna” e contemporânea, Denise, na melhor das intenções, cometeu um erro na boa-fé, por conta do uso de uma gíria. “As mulheres estão mais protagonistas das suas vidas. Antes esperavam que aos 60 você estivesse aposentando; hoje estamos indo para a balada com os filhos”. Denise acteditou que a gíria “balada” é uma expressão da geração Z, voltada a juventude contemporânea, o que é um sério equívoco sem saber, Denise cometeu um grave erro de citar uma gíria ligada ao uso de drogas alucinógenas por uma elite empresarial nos agitos noturnos dos anos 1990. A gíria “balada” virou o sinônimo do “vocabulário de poder” descrito pelo jornalista britânico Robert Fisk. Também simboliza a “novilíngua” do livro 1984, de George Orwell, no se...

O NEGACIONISMO FACTUAL E A 89 FM

Era só o que faltava. Textos que contestam a validade da 89 FM - que celebra 40 anos de existência no dia 02 de dezembro, aniversário de Britney Spears - como “rádio rock” andam sendo boicotados por internautas que, com seu jeito arrogante e boçal, disparam o bordão “Lá vem aquele chato criticar a 89 novamente”. Os negacionistas factuais estão agindo para manter tudo como o “sistema” quer. Sempre existe uma sabotagem quando a hipótese de um governo progressista chega ao poder. Por sorte, Lula andou cedendo mais do que podia e reduziu seu terceiro mandato ao mínimo denominador comum dos projetos sociais que a burguesia lhe autorizou a fazer. Daí não ser preciso apelar para a farsa do “combate ao preconceito” da bregalização cultural que só fez abrir caminho para Jair Bolsonaro. Por isso, a elite do bom atraso investe na atuação “moderadora” do negacionista factual, o “isentão democrático”, para patrulhar as redes sociais e pedir o voicote a páginas que fogem da assepsia jornalística da ...

A RELIGIÃO QUE COPIA NOMES DE SANTOS PARA ENGANAR FIÉIS

SÃO JOÃO DE DEUS E SÃO FRANCISCO XAVIER - Nomes "plagiados" por dois obscurantistas da fé neomedieval "espirita". Sendo na prática uma mera repaginação do velho Catolicismo medieval português que vigorou no Brasil durante boa parte do período colonial, o Espiritismo brasileiro apenas usa alguns clichês da Doutrina Espírita francesa como forma de dar uma fachada e um aparato pretensamente diferentes. Mas, se observar seu conteúdo, se verá que quase nada do pensamento de Allan Kardec foi aproveitado, sendo os verdadeiros postulados fundamentados na Teologia do Sofrimento da Idade Média. Tendo perdido fiéis a ponto de cair de 2,1% para 1,8% segundo o censo religioso de 2022 em relação ao anterior, de 2012, o "espiritismo à brasileira" tenta agora usar como cartada a dramaturgia, sejam novelas e filmes, numa clara concorrência às novelas e filmes "bíblicos" da Record TV e Igreja Universal. E aí vemos que nomes simples e aparentemente simpáticos, como...

“JORNALISMO DA OTAN” BLINDA CULTURALISMO POPULARESCO DO BRASIL

A bregalização e a precarização de outros valores socioculturais no Brasil estão sendo cobertos por um véu que impede que as investigações e questionamentos se tornem mais conhecidos. A ideologia do “Jornalismo da OTAN” e seu conceito de “culturalismo sem cultura”, no qual o termo “cultura” é um eufemismo para propaganda de manipulação política, faz com que, no Brasil, a mediocridade e a precarização cultural sejam vistas como um processo tão natural quanto o ar que respiramos e que, supostamente, reflete as vivências e sentimentos da população de cada região. A mídia de esquerda mordeu a isca e abriu caminho para o golpismo político de 2016, ao cair na falácia do “combate ao preconceito” da bregalização. A imprensa progressista quase faliu por adotar a mesma agenda cultural da mídia hegemônica, iludida com os sorrisos desavisados da plateia que, feito gado, era teleguiada pelo modismo popularesco da ocasião. A coisa ainda não se resolveu como um todo, apesar da mídia progressista ter ...

O BRASIL DOS SONHOS DA FARIA LIMA

Pouca gente percebe, mas há um poder paralelo do empresariado da Faria Lima, designado a moldar um sistema de valores a ser assimilado “de forma espontânea” por diversos públicos que, desavisados, tom esses valores provados como se fossem seus. Do “funk” (com seu pseudoativismo brega identitário) ao Espiritismo brasileiro (com o obscurantismo assistencialista dos “médiuns”), da 89 FM à supervalorização de Michael Jackson, do fanatismo gurmê do futebol e da cerveja, do apetite “original” pelas redes sociais, pelo uso da gíria “balada” e dos “dialetos” em portinglês (como “ dog ”, “ body ” e “ bike ”), tudo isso vem das mentes engenhosas das elites empresariais do Itaim Bibi, na Zona Sul paulistana, e de seis parceiros eventuais como o empresariado carnavalesco de Salvador e o coronelismo do Triângulo Mineiro, no caso da religião “espírita”. E temos a supervalorização de uma banda como Guns N'Roses, que não merece a reputação de "rock clássico" que recebe do público brasile...