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'BEST SELLERS' FAVORECEM ESCRITORES MAIS RICOS EM DETRIMENTO DE QUEM PRECISA VIVER DA LITERATURA

MEU COMPUTADOR PESSOAL EXIBINDO O ARQUIVO DE MEU LIVRO ESSES INTELECTUAIS PERTINENTES.

Os brasileiros deveriam deixar a arrogância de lado e pararem para pensar.

Afinal, eles estão comprando os livros certos? Eles estão valorizando os escritores adequados?

Sem perceber, os livros mais vendidos são aqueles feitos por gente que já é muito rica antes mesmo que o primeiro livro fosse lançado.

E são livros que não contribuem para a transmissão de Conhecimento, que é o que deveria ser prioridade no ato de ler um livro, mesmo quando se trata de obras de ficção.

Sei que existem pessoas que reagem a essa realidade, dizendo que "têm direito de ler para relaxar e esquecer os problemas", daí a literatura analgésica e (temos que admitir) alienante que inclui até os constrangedores "livros para colorir".

E vemos a tendência predominante de que a literatura que predomina nas listas dos mais vendidos é derivada, derivante ou um arremedo de seriados que passam nos canais de streaming digitais.

São dramas juvenis, filmes de fantasia, terror e a estranha obsessão por ficções medievais, o que diz muito para um Brasil que cultua Olavo de Carvalho e elegeu Jair Bolsonaro.

E aí vemos a zona de conforto de pessoas que querem ler literatura analgésica, movida por modismos diversos, num tempo em que o comercialismo é um ser que penetra nos poros da multidão que consome redes sociais sem que ela sentisse nem percebesse.

E a hipocrisia é tanta que os livros que mais entram em cartaz e vendem com facilidade, passado o calor do modismo, tornam-se descartáveis e vão parar nos sebos, virando um verdadeiro lixo literário porque nenhuma pessoa com um pingo de consciência irá comprar esses livros "passados".

E quem mais ganha com essas vendas de livros? Escritores de diversos níveis, da influenciadora digital ao coach de auto-ajuda administrativa, que já são pessoas muito ricas, nasceram em berços de ouro.

No exterior, são os autores já aristocráticos que produzem séries de livros de fantasia ou ficção medieval, com direito a estudantes-vampiros, cavaleiros atormentados e por aí vai.

Quem precisa viver de literatura ou, no meu caso, de recorrer aos livros para ajudar a pagar as contas do mês, tem dificuldades para vender um volume, porque eu não escrevo para agradar modismos.

Não sou flanelinha literário, desses que ficam passando pano em tudo, e fica chato eu ficar apelando para que livros como Esses Intelectuais Pertinentes... tenham bons resultados de vendas.

Eu não peço isso porque os livros são meus, porque quem os escreveu fui eu. Peço porque são livros que transmitem Conhecimento e Saber de verdade e há um custo de pesquisa e elaboração de textos que deve ser levado em conta.

São livros com bastante texto, diferentes das ficções de fantasia e medievalismo que, com 250 ou 300 e tantas páginas, têm conteúdo que mal dá para umas 170.

Tudo isso é enganoso: fontes muito grandes, muito espaçamento de texto, páginas em branco ou ilustradas, você leva gato por lebre pegando um livro que parece ter 290 páginas mas cujo conteúdo de texto caberia em um livro com cem páginas a menos.

E ainda paga caro, só que "às prestações", porque acaba sabendo que o livro é parte de uma série e, aí, você evita comprar Esses Intelectuais Pertinentes... porque acha caro, mas sua série favorita de romances medievais acaba tendo um valor dez vezes maior ou mais, e com muito menos texto.

Vejo também autores das periferias que só vendem livros na sua "bolha" comunitária e no seleto grupo de intelectuais solidários.

Vejo gente humilde querendo divulgar livros e não consegue. Vejo o quanto penaria se Carolina Maria de Jesus vivesse hoje e lançasse seus livros nos tempos atuais.

Esse pessoal, eu incluído, quase não vê a luz do Sol literário. Não fazem a literatura festiva, a literatura passa-pano, a literatura analgésica que vende feito cerveja diante de um estádio durante um grande torneio de futebol.

Há leitores que se sentem ofendidos quando se fala que "livros para colorir" são literatura descartável. 

Mas vamos combinar que, num tempo em que jornais impressos estão desaparecendo, os "livros para colorir" são um vergonhoso desperdício de papel. Esses livros deveriam ser somente digitais, e o assinante dessas obras é que imprimisse suas páginas por conta própria e as encadernasse.

Temos que perceber que não estamos vivendo num bom momento cultural.

Isso porque, apesar de, aparentemente, haver muitas vozes, narrativas e espaços, o que se torna hegemônico não é culturalmente relevante.

Não há como afirmar que "tudo está bem" só porque a cultura mais relevante se limita a pequenas e restritas "bolhas" sociais.

Além disso, lacrar a Internet não faz de um fenômeno ou personalidade alguém vanguardista.

Toda essa "cultura" lacradora é tão comercial quanto o que resultará da privatização da Eletrobras e dos Correios e da venda do que resta da BR Distribuidora.

Temos que rever esses valores no mercado literário, antes que se reflita, nos livros, a triste realidade dos ricos que ficam mais ricos e dos pobres que se empobrecem cada vez mais.

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