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"BALADA": UMA GÍRIA CAFONA QUE NÃO ACEITA SUA TRANSITORIEDADE


A gíria "balada" é, de longe, a pior de todas que foram criadas na língua portuguesa e que tem a aberrante condição de ter seu próprio esquema de marketing. É a gíria da Faria Lima, da Jovem Pan, de Luciano Huck, mas se impõe como a gíria do Terceiro Reich.

É uma gíria arrogante, que não aceita o caráter transitório e grupal das gírias. Uma gíria voltada à dance music, a jovens riquinhos da Zona Sul paulistana e confinada nos anos 1990. Uma gíria cafona, portanto, que já deveria ter caído em desuso há mais de 20 anos e que é falada quase que cuspindo na cara de outrem.

Para piorar, é uma gíria ligada ao consumo de drogas, pois "balada" se refere a um rodízio de ecstasy, a droga alucinógena da virada dos anos 1980 para os 1990. Ecstasy é uma pílula, ou seja, é a tal "bala" na linguagem coloquial da "gente bonita" de Pinheiros e Jardins que frequentava as festas noturnas da Zona Sul de São Paulo. 

A gíria "balada", originalmente, era o jargão do jovem empresariado que ainda estava nas faculdades entre 1988 e 1991. Deveria se isolar no tempo e no espaço, restrito a uma linguagem de jovens riquinhos da década de 1990, se não fosse o carater megalomaníaco de nosso empresariado, "dono" da cultura jovem de nosso país.

Se muita gente vai dormir tranquila se um dos ditos "maiores canais" de divulgação da rebeldia juvenil através do rock é uma rádio controlada pela Faria Lima, a 89 FM A Rádio Rock(feller), então eu vejo o quanto grandes empresários, publicitários e seus porta-vozes - atualmente os chamados coaches desempenham esta função - estão transformando o Brasil num teatro de marionetes cultural, com eles dominando todo o jogo.

CULTURALISMO VIRA-LATA

"Balada" é a personificação da manipulação da linguagem que ocorre no Brasil sob a máscara da "cultura espontânea", identificada tanto no "vocabulário do poder" do jornalista inglês Robert Fisk quanto na ideia da "novilíngua" do livro 1984, de George Orwell. 

As pessoas não percebem esse caráter traiçoeiro da gíria "balada", como também não enxergam as armadilhas do culturalismo profundo, seja pela domesticação das classes populares pela bregalização, seja pela domesticação da rebeldia roqueira pela máquina midiática da 89 FM / Rádio Cidade, seja ela domesticação dos jovens pela indústria do entretenimento e pela burocracia profissionalizante das universidades privadas, que se multiplicaram a partir da Era FHC.

E por que não percebem? Por que a narrativa dominante das esquerdas médias, contaminadas pelo tucanato midiático infiltrado na mídia esquerdista a partir de Pedro Alexandre Sanches, o "filho da Folha", é de que o culturalismo conservador é, na prática, um "culturalismo sem cultura", pois "cultura", nesta narrativa crítica, se torna apenas para um eufemismo para a manipulação política ao pé-da-letra.

Ou seja, as piores armadilhas culturais no Brasil se deixam passar, porque, ao apelarem para o terreno do "agradável", nunca são devidamente consideradas como perversas, como expressões de um processo de viralatismo cultural dos mais tenebrosos, pois não mexem no estereótipo fácil das tiranias governamentais, mas nas "boas coisas da vida".

Daí que a bregalização penetrou fácil na mídia esquerdista, pois Sanches, o "homem de ouro" de Otávio Frias Filho (em que pese os falsos ataques do "filho da Folha" ao patrão-colega "Tavinho Golpes Finos"), trabalhou na narrativa de que o culturalismo vira-lata só deveria ser atribuído ao primarismo da propaganda política abertamente reacionária, como se fosse impossível manipular o povo brasileiro através de estratégias mais sutis.

Enquanto o mainstream da mídia de esquerda só considerava "viralatismo cultural" ou "culturalismo conservador" os surtos reacionários escancarados de jornalistas hidrófobos, políticos fascistas e humoristas sociopatas, o meu antigo blogue Mingau de Aço se empenhou em prevenir a opinião pública de que fenômenos como o "funk" e a música brega dos anos 1970 também faziam parte desse mesmo culturalismo vira-lata, por mais que o senso comum bata os pés dizendo que "não".

A credulidade das forças de esquerda, agora inseridas no contexto "mais democrático" - a "democracia" é, hoje, um eufemismo para as esquerdas lulistas exercerem sua promiscuidade política e sociocultural com o tucanato raiz - , fez com que o golpe político contra Dilma Rousseff ocorresse, impulsionado pelo "Cabo Anselmo" da vez que foi o "funk", cujo evento em Copacabana, em 17 de abril de 2016, foi como um cavalo de Troia oferecido para as esquerdas deslumbradas.

As esquerdas morderam a isca de Rômulo Costa, que fingiu ser amigo das esquerdas e depois foi comemorar o golpe às escondidas com um direitista. Na época do "baile funk" de Copacabana, Rômulo era sogro da golpista Antônia Fontenelle. A Liga do Funk, dirigida pelo funqueiro Bruno Ramos (que expressava uma conduta "militante" que lembra muito o Cabo Anselmo dos idos de 1963-1964), fingiu ser contra a Rede Globo, artífice do golpe, mas depois apareceu em matéria do Fantástico, programa da mesma emissora.

Ninguém percebeu isso e é preocupante a teimosia, mesmo dentro das esquerdas - que, agora, apelam para o negacionismo factual, que se recusa a tomar a vacina preventiva da informação - , de que o culturalismo vira-lata se limita ao primarismo do reacionarismo político escancarado, ignorando que os "brinquedos culturais" são muito mais traiçoeiros nas manobras culturalistas. Funqueiros e "médiuns espíritas" são muito mais perigosos do que artistas bolsonaristas e pastores neopentecostais.

"BALADA": GÍRIA TRANSFORMADA EM "PRODUTO"

Voltando à gíria "balada", ela é vendida, neste processo culturalista, como se fosse um automóvel que percorre, com rapidez, ruas vazias, paisagens litorâneas e estradas cercadas de paisagens naturais. A gíria "balada" é um produto, ela vende um ideal de "festa" e "hedonismo" do qual nem as esquerdas conseguem despertar tamanha desconfiança.

A gíria "balada" foi difundida a partir de um consórcio entre a Rede Globo e a Jovem Pan, através do empenho de Luciano Huck, contratado pelas duas emissoras. A gíria "balada" tem copraite (copyright), e pelo que tudo indica, o dono da JP, Tutinha, o que detinha os direitos autorais da gíria, vendeu esses direitos para um grupo de publicitários que, agora, investem na popularização do termo de maneira "mais livre". 

Hoje a gíria "balada" anda sendo muito difundida pela mídia fofoqueira que enfatiza as subcelebridades, vendendo um ideal de "hedonismo" e "diversão" através dos subfamosos, o que significa que esses falsos artistas se tornam os garotos e garotas-propagandas certeiros para vender esse suposto ideal de vida.

Por isso "balada" é uma mercadoria, ela impulsiona o consumo frenético da vida noturna, e a gíria que, na verdade é um jargão privativo dos jovens riquinhos consumidores de alucinógenos, tenta se impor como "universal e atemporal" porque a gíria serve para chamar mais gente para consumir cervejas nos bares da vida.

O consumo de cerveja é um gancho que também se tornou o verdadeiro motivo da falácia do "combate ao preconceito" da intelectualidade pró-brega - mais uma vez Sanches dando sua "valiosa contribuição" no processo - , o que faz com que o divertimento dos brasileiros seja uma grande manobra culturalista, das mais perversas por serem imperceptíveis, com o objetivo de estimular o consumo voraz e excessivo de uma bebida alcoólica.

É o neoliberalismo, estúpido!! E aí vemos o quanto a gíria "balada" serve para esses propósitos. Ainda vou dar uma explicação sobre como a gíria é "perpetuada" para estimular o consumo de cerveja no lazer noturno dos brasileiros. Mas fica para outra oportunidade.

Aqui nesta postagem, vemos o mais novo apelo da gíria "balada", que foi uma edição recente do Globo Repórter da Rede Globo - o mesmo programa que, no fim dos anos 1970, se inspirou em Malcolm Muggeridge para gourmetizar a imagem de um "médium" charlatão de Minas Gerais, "transformado" em pretenso símbolo de "amor ao próximo" como a megera Madre Teresa - , cujo tema é uma hipotética "balada" para quem tem mais de 60 anos. Mais uma vez é o jornalismo "sério" cometendo um desserviço empurrando uma gíria para o vocabulário do grande público.

A mídia venal inventou "balada" para tudo: "balada" nos anos 1980, "balada" na Grã-Bretanha, "balada" de evangélicos, "balada" de nordestinos, "baladinha" para estudantes do Ensino Fundamental, "balada" de roqueiros etc. Tudo cascata. "Balada", como sinônimo de agito noturno, só existiu uma: as festas dos riquinhos "bacanas" da Faria Lima dos anos 1990, um rodízio de "bala" (as pílulas do ecstasy). O resto é forçamento de barra ("forçação" não existe; favor não insistir).

E aí torna-se irônico o Globo Repórter inventar, na mente fértil dos chefes de Jornalismo da Globo, uma "balada para idosos". Tentando ampliar o leque etário da gíria, associada à juventude clubber que usa as redes sociais, o Globo Repórter só agrava o caráter cafona que a gíria "balada" contrai a cada dia, embora a gíria resista à ameaça de cair em desuso.

É curioso ver que o desespero em manter a gíria "balada" em moda no vocabulário dos brasileiros, como uma palavra-chave para manter o maior número de pessoas na vida noturna, garantindo o enriquecimento dos empresários de bebidas alcoólicas e casas noturnas, agora apela para um público idoso.

Mas a realidade escapa das imaginações férteis da burguesia empresarial que tenta conduzir a cultura no Brasil, e a gíria "balada" perece de maneira irreversível, como uma gíria cafona, velha, desgastada, uma gíria cuja essência real pode ser observada trocando as letras "l" e "d" por, respectivamente, "b" e "c". O termo já tem seu prazo de validade, e ele se dará quando essa velha ordem social descendente das elites golpistas de 1964 mas hoje escondidas num contexto "democrático", perder seu poder de influência na população brasileira.

Enquanto isso, a verdadeira balada virá com os violinos e o canto tristes de Agostinho dos Santos assombrarem nosso país anunciando os tempos distópicos que estão chegando.

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