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AS ESQUERDAS TÓXICAS COM MANIA DE TRIUNFALISMO

AS ESQUERDAS NÃO CONSEGUEM EXPLICAR POR QUE LULA FOI SE ALIAR A EUNÍCIO OLIVEIRA, O "HOMEM DE MICHEL TEMER".

Infelizmente, as esquerdas lulistas estão se comportando de maneira tóxica no debate público.

São excessos tóxicos que mostram uma mania de triunfalismo cega e intolerante.

As esquerdas, em vez de recuperar os espaços perdidos em 2016 - só lhe restou o parquinho digital das redes sociais para brincar de oposição política - , acham que estão com o poder nas mãos e, arrogantes, acham que Lula já venceu por antecipação uma campanha presidencial que nem começou.

Tudo isso é tóxico. É deprimente. De repente as esquerdas, antes relativamente admiráveis, tornaram-se insuportáveis.

Eu continuo sendo de esquerda, mas não essa esquerda tóxica que nem parece tão esquerdista assim.

Afinal, são esquerdas que priorizam as causas identitárias e fingem gostar das pautas trabalhistas, que elas nunca vivenciaram por serem elas um pessoal de classe média.

São esquerdas que se perdem ao exaltar as favelas - um terrível problema habitacional - e vão dormir tranquilas ao saber do trabalho solitário de um Júlio Lancelotti e uns poucos que dão alimentos a moradores de rua, em vez de lutar para ampliar os benefícios a eles, como moradia e emprego.

São esquerdas viciadas num culturalismo nem tão esquerdista assim, porque está voltado aos que denomino "brinquedos culturais" da direita conservadora.

Graças a isso, nossas esquerdas iludidas e enclausuradas nas redes sociais veem o Brasil como se fosse o núcleo pobre da novela das 21 horas da Rede Globo.

E aí as esquerdas cultuam funqueiros que parecem ter surgido de alguma festinha animada na favela de mentira da dramaturgia redeglobal.

Cultuam "médiuns espíritas" como se, invertendo a lógica dramatúrgica, eles personificassem os velhinhos bonachões que Nelson Xavier fazia nessas novelas.

Cultuam jogadores de futebol que, simbolicamente, são ricos emergentes e galânticos como se um Neymar da vida fosse tão atrativo quanto o Cauã Reymond do enredo novelesco.

E cultuam as mulheres-objetos popularescas, como se elas fossem as mocinhas suburbanas da novela, que rompem com seus namorados para iniciar sua vida "triunfante" como modelos sensuais ou dançarinas de "funk" ou axé-music.

Que moral essas esquerdas que aderem a esse culturalismo conservador têm para dizer que ganharam todas as batalhas e que estão "com as mãos na taça"?

Gente capaz de tolices como atribuir a um sucesso de axé-music, "Xi Bom Bombom", de As Meninas, como influenciado no livro O Capital de Karl Marx, não deve ser levada a sério.

E a emotividade tóxica das esquerdas me fez afastar delas e a me fazer decidir em NÃO votar no candidato delas, no caso o presidenciável Luís Inácio Lula da Silva, que me decepcionou fortemente.

Eu vejo o comportamento dele e ele não está seguro no seu engajamento nem na forma com que expressa suas propostas e articula sua frente ampla.

Sério. Eu não virei direitista e não corroboro com factoides como que o narcotráfico internacional estaria patrocinando o Partido dos Trabalhadores.

Continuo vendo a Operação Lava Jato como um traste pseudo-jurídico e a prisão de Lula como injusta.

Mas não sou de aplaudir erros, de passar panos.

Lula nunca admitiu que o Brasil está à beira de um colapso social, com convulsões e tragédias mil, com aumento da população de rua e feminicídios e outros crimes violentos movimentando a necropolítica herdada da ditadura militar.

Lula fala como se o golpe político de 2016 fosse um pequeno pesadelo e nunca chamou o povo para ir às ruas de verdade, todos os dias, para derrubar para valer o presidente Bolsonaro.

E as esquerdas nunca lutaram para recuperar os espaços perdidos, mas, de repente, se acharam donas de espaços que não são seus e agem de forma arrogante como se não quisessem largar os ossos.

As esquerdas ficam ridicularizando a terceira via, da forma mais abjeta e tóxica possível, sem considerar sua capacidade de virar o jogo.

As esquerdas cruzam os braços, ficam fechadas nas bolhas digitais interagindo entre si, e pensam que isso é ganhar o jogo, quando isso equivale apenas a jogadores de futebol fazendo passes acomodados no campo de defesa.

Elas não lutaram para reconquistar seus espaços, mas se acham donas dos espaços que não lhes pertencem, porque os golpistas de 2016, só porque se viraram contra Bolsonaro, não devolveu aos petistas o lugar que estes perderam.

As esquerdas não têm autocrítica nem humildade. E não conseguem nem querem explicar seus erros, como no caso de Lula fazer alianças com golpistas como Eunício Oliveira, o senador que atuou como um dos sustentáculos do governo Michel Temer.

E é isso que me fez não querer votar em Lula e sair um pouco desse ambiente tóxico que contamina, hoje, as forças progressistas. Fico horrorizado com esse triunfalismo cego, imprudente, intolerante e preguiçoso.

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