As pessoas ouvem os chamados "sucessos do povão" porque gostam, certo? Errado. Observando bem as coisas, elas refletem, na verdade, o poder midiático exercido não apenas por emissoras de rádio e TV ou das redes sociais, mas também de estabelecimentos do comércio. O "livre gosto popular" não é livre, se observarmos quem é que difunde as canções "populares demais" que haviam sido blindadas, até pouco tempo atrás, pela intelectualidade "bacana". Nos primórdios da música cafona, as rádios AM regionais, controladas pelo poder oligárquico local, expressavam seu poder oculto pelo imaginário coletivo. Os serviços de auto-falantes eram também expressão desse poder, mas dava a impressão de que os sucessos musicais vinham pelo ar que respiramos. Já as rádios de São Paulo que projetaram, em caráter nacional, os "sucessos do povão", refletiam o poder dos donos dessas emissoras, uma meia-dúzia que "loteava" as altas posições ...