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Mostrando postagens de maio, 2023

LULA E O PROTAGONISMO DE PROVETA

Quem tiver com um mínimo de objetividade sabe que o atual governo Lula tende a ser o pior de todos os três mandatos. O primeiro foi razoável e o segundo, bom e até promissor, embora longe de grandes expectativas. Mas o atual já pode ser definido como o pior, pelas atitudes que Lula anda cometendo desde sua campanha presidencial. Enquanto Lula se pavoneia para as autoridades internacionais, com a desnecessária iniciativa de querer fazer seu nome no exterior, obtendo visibilidade na imprensa estrangeira, o Brasil obtém várias derrotas. O Congresso Nacional aprovou, ontem, o Projeto de Lei do Marco Temporal, medida que prejudica as tribos indígenas, uma vez que só reconhece o direito dos índios de terem suas reservas em terrenos beneficiados após a promulgação da Constituição de 1988. Medida humilhante para os descendentes dos que foram os moradores mais antigos do Brasil. Também houve a aprovação, pelo Supremo Tribunal Federal, da permissão para que as empresas demitam empregados sem jus

TUDO QUE LULA FAZ AGORA É "HISTÓRICO"?

ÊNFASE PRECIPITADA NA POLÍTICA EXTERNA FEZ O PRESIDENTE LULA SE ENVOLVER EM POLÊMICAS DESNECESSÁRIAS, COMO O ENCONTRO COM O CONTROVERSO PRESIDENTE DA VENEZUELA, NICOLÁS MADURO. Infelizmente, virou um ato "antissocial" criticar o governo Lula. Ter senso crítico sempre traz risco de cancelamento social, a pessoa que critica muito as coisas e quer corrigir os erros é sempre malvista pelos outros, que preferem a complacência e a resignação com os retrocessos do que com o questionamento mais incisivo. Por isso estamos num cenário tão ruim ou, em certos aspectos, pior do que o bolsonarismo. Não que o bolsonarismo valesse a pena, é óbvio, mas na época se estimulava o senso crítico enquanto que, hoje, temos que estar de acordo com tudo para lacrarmos na Internet e nos círculos sociais presenciais. O governo Lula não só começou errado como foi conquistado de maneira errada. Imagine, em 1989, 1994 ou 1998, Lula faltando a um debate! Lula sem programa de governo, puxando o tapete dos co

PRECISAMOS FALAR SOBRE A PRIVATIZAÇÃO DA CULTURA POPULAR

A choradeira intelectual do "combate ao preconceito", clamando pela aceitação da sociedade brasileira dos fenômenos popularescos que, supostamente, representam a arte e a cultura do povo pobre, não passou de uma cascata. O discurso da tal "cultura das periferias" não passa de uma propaganda enganosa e os que mais consomem a tal "música popular demais", ou música brega-popularesca, são jovens riquinhos que já contribuem para a fortuna exorbitante dos investidores dessa suposta "cultura popular". A cultura popular foi privatizada. E temos um mercado gigante e multifacetado de cultura popularesca que movimenta muita grana e fez a fortuna de empresários que estão por trás de músicos e cantores popularescos, inclusive funqueiros, de festas que tocam a música popularesca, de subcelebridades e agora as gerações recentes de influenciadores digitais, dotados de pleno vazio existencial. É um mercado voraz que não tem a ver com o povo pobre que o discurso i

A FALSA VANGUARDA DO BREGA

EM SÃO PAULO, REDUTOS BOÊMIOS COMO NO CENTRO SÃO LOCAIS ONDE SE TOCAMUITA MÚSICA BREGA. O brega-vintage, uma farsa difundida pelas redes sociais como um "saudosismo de resultados" para retomar velhos sucessos comerciais, fez com que a nostalgia musical brasileira fosse servida levando gato por lebre. Pois com o brega-vintage e a gourmetização da música brega-popularesca do passado, agora a velha e chorosa música brega - que nunca foi vanguarda, do contrário que alardeou a solipsista intelectualidade burguesa paulistana - torna-se o novo modismo dentro da agenda musical popularesca dos "novos tempos" do lulismo. Indo pelas ruas de São Paulo, cada vez mais bares e restaurantes de áreas populares, incluindo o velho Centro da cidade - em princípio belo, mas decadente - estão tocando velhos sucessos dos anos 1970, dos níveis de Waldick Soriano, Paulo Sérgio, Bartô Galeno, Fernando Mendes, Reginaldo Rossi e outros. Coisas que soam, portanto, muitíssimo mofadas, lembrando

BRASIL ESTÁ LONGE DE SER A "SUÍÇA LATINO-AMERICANA"

Foi exagerada a declaração do economista-chefe do Instituto Internacional de Finanças (IIF), o estadunidense Robin Brooks, de que o Brasil será a "Suíça da América Latina". "O Brasil está a caminho de se tornar a Suíça da América Latina. Está surgindo um enorme superávit comercial, diferente de qualquer outro país da região. Isso vai dar ao Brasil estabilidade externa e uma moeda forte, diferente do resto da América Latina. O Brasil será a âncora da região...", declarou Brooks. A reconstrução do Brasil, na narrativa das esquerdas médias, parece ter ido rápido demais. Uma reconstrução que nem começou e já acabou. É uma narrativa precipitada, vaga e especulativa, mas ela faz muita gente dormir tranquila a ponto de poucos quererem parar para pensar e ler textos realistas como este aqui. É um cenário confuso no qual o governo Lula enfrenta brigas internas - como no caso da exploração de petróleo na Amazônia - e as relações problemáticas do Congresso Nacional, só excetua

OS PARQUILETES SÓ VÃO SUMIR SE VIRAREM DORMITÓRIOS DE MENDIGOS?

PARKLET  ABANDONADO DE UMA LANCHONETE DESATIVADA NA RUA CÉSAR, NO SANTANA, EM SÃO PAULO. Uma das piores aberrações da paisagem urbana nas grandes cidades são os parklets , ou melhor dizendo, os parquiletes, espécie de "praças de rua" que se autoproclamam "parques públicos" mas que não são mais do que espaços privados que atendem a interesses de comerciantes. Em Niterói, esses monstrengos poluem a paisagem urbana e existem situações constrangedoras. Na estreita Travessa Alberto Victor, no Rink, um parquilete foi instalado tirando onda e atrapalhando o tráfego que tem dificuldades de fluir. Nos anos 1980 passavam ônibus das linhas 43-2 e 49-2 no local e, se isso ocorresse hoje, haveria problemas piores. Por outro lado, na hoje Rua Ator Paulo Gustavo, um parquilete atrapalha o tráfego e o estacionamento, na proximidade da Rua Otávio Carneiro. E o parquilete está lá à toa, porque há um calçadão que oferece espaço de sobra para bancos para os transeuntes sentarem. Mais u

A LIÇÃO DE DIGNIDADE DE TINA TURNER

Hoje o mundo perdeu a grande cantora Tina Turner, uma das maiores estrelas da música internacional. Ela tinha 84 anos incompletos (seu aniversário seria em 26 de novembro) e sofria de câncer no intestino. Estava aposentada da música e vivia com o último marido, o executivo da música alemão Erwin Bach, que curiosamente a fez falar o idioma germânico. O casal viveu os últimos anos em Küsnacht, na Suíça, onde ela faleceu. A carreira de Tina, mesmo dentro do contexto do show business  e do hedonismo pop dos anos 1980, foi um grande exemplo de dignidade e superação, embora tenhamos muito cuidado quando mencionamos dramas pessoais que resultam em superações, porque não é legal ficar sofrendo o tempo todo na vida, mesmo quando depois chega o sucesso e a prosperidade. Fica algo como, conforme vemos no caso do Espiritismo brasileiro, o Catolicismo medieval de botox, sentir prazer pelo sofrimento alheio. Não. Nada disso. Tina Turner, nascida Anne Mae Bullock em Brownsville, Tennessee, no distant

A NOVELA QUE DERRUBOU A TV TUPI

É DE PARTIR O CORAÇÃO VER QUE A SIMPÁTICA PRAÇA DO CENTENÁRIO, NA CASA VERDE, EM SÃO PAULO, FOI USADA COMO CENÁRIO DE NOVELA OBSCURANTISTA DOS ANOS 1970. No último domingo, meu irmão me informou que a simpática Praça do Centenário, situada no bairro da Casa Verde, na Zona Norte de São Paulo, foi utilizada como cenário para a constrangedora novela A Viagem , na sua primeira versão de 1975, feita pela TV Tupi de São Paulo. É de doer na alma. Uma praça simpática, que pude conhecer e frequentar nos últimos anos, rebaixada a um "campo", fingindo ser uma "colônia espiritual" que nenhum estudo sério sequer considera plausível, até porque os estudos sobre paranormalidade, vida após a morte, magnetismo e outros mistérios foram simplesmente paralisados. Os charlatães ditos "médiuns", mesmo os ditos "renomados", barraram as pesquisas com seus dogmas especulativos movidos por fantasias religiosas e materialistas. As pessoas ainda se recusam a aceitar a reali

O CASO VINI JR. E A HIPOCRISIA DA "BOA" SOCIEDADE

VINI JR. FOI ALVO DE ATAQUE RACISTA QUE REVOLTOU O BRASIL E O MUNDO. A realidade do futebol é tão tóxica que o fanatismo dos torcedores apela para a violência, o ódio, o preconceito. O que poderia ser uma simples diversão, o futebol se torna um lazer tóxico em que o fanatismo ocorre de diversas maneiras, e, para piorar, com fortes ataques de ódio e preconceito vindos de torcedores reacionários. No último domingo, em Valência, Espanha, havia a partida do campeonato nacional La Liga, entre os times de Valência e Real Madrid, e no segundo tempo torcedores xingaram o jogador Vinícius Júnior, o Vini, de "mono" ("macaco", em espanhol) e um torcedor teria jogado uma bola para atrapalhar a jogada do futebolista. Vini Jr. reclamou com a arbitragem, mas depois a torcida que estava na parte da arquibancada próxima do gol do Valência aumentou o tom das xingações. Mais tarde, os torcedores agressores foram identificados como membros do grupo neonazista Ultra Yomus. Negro, Vini J

LULA VAI DIFICULTAR O ACESSO AO SERVIÇO PÚBLICO

O mercado de trabalho, no Brasil, está ingressando numa situação louca, sob a qual, mesmo com ou sem rigor, não se contratam os profissionais certos. Coisa de fazer careca mudo sair desesperado correndo pela rua, arrancando os cabelos que não tem e gritando com a voz que não possui. Num quadro em que jornalistas de grande talento são demitidos em massa e substituídos por novatos de vivência tão superficial quanto a de um influenciador digital de hoje em dia, e quando comediantes passam a levar a melhor em empregos sérios num contexto em que o politicamente correto está banindo o humor mais crítico. Hoje em dia, um livro como o Febeapá , coleção que estou lendo atualmente, de Stanislaw Ponte Preta (pseudônimo de Sérgio Porto, que teria 100 anos este ano), simplesmente seria boicotado pelas editoras A vitória eleitoral de Lula só melhorou a barra dos 30% de brasileiros que votaram nele e integram uma classe média que se julga e autoproclama "predestinada" e "iluminada"

A ELITE DO BOM ATRASO

"FUNK" É UM DOS ESTILOS PREFERIDOS DA "BOA" SOCIEDADE BRASILEIRA, COMO ATESTA O "BAILE FUNK" NUM POSTO DE GASOLINA EM SÃO PAULO. Elite do atraso é só Jair Bolsonaro, Sérgio Moro, Deltan Dallagnol e companhia? Viralatismo cultural é só bolsonarismo, lavajatismo, jornalismo hidrófobo, neopentecostalismo rancoroso e humorismo sociopata? É tudo isso, mas não é somente isso. Há muita coisa "legal", muitas "melhores coisas da vida" que, no Brasil, são também viralatismo cultural, cultuados por uma elite do atraso que não quer ser conhecida por este nome porque senão ela chora. Vivemos sob o signo do não-raivismo e da louca estupidez de uns 30% da sociedade brasileira que detém privilégios significativos, embora seu poder não se manifeste necessariamente pelo dinheiro, que é muito, mas abaixo das exorbitantes fortunas do grande empresariado rentista e dos banqueiros em geral. O poder da "boa" sociedade se deve pelo tráfico de influên

PEQUENA BURGUESIA VÊ A POBREZA COMO "IDENTIDADE"

Infelizmente, as esquerdas médias, ou esquerdas mainstream , estão voltando a assumir abertamente o culturalismo vira-lata da defesa da bregalização cultural, num contexto em que o rapper  Filipe Ret, multado pela Operaçao Lei Seca, tem apreendido um carro avaliado em R$ 3 milhões e quando o artista pernambucano Otto troca o mangue beat  pelo tributo ao ídolo brega Reginaldo Rossi. A bregalização possui um poderoso lobby que envolve poderosos empresários, grandes fazendeiros, chefões da grande mídia, representantes de empresas multinacionais, comprometidos em promover um culturalismo pelo qual o povo pobre é feito refém de sua própria mediocridade, através de músicas comerciais de concepção artístico-cultural bastante precarizadas, sob diversos aspectos.  Que fosse um plano a ser executado pela mídia conservadora e respaldado pela direita moderada, faz um enorme sentido. O grande problema é que as esquerdas acabam também apoiando esse viralatismo cultural enrustido, por parecer desprov