Recém-convertido ao bolsonarismo, o apresentador Sílvio Santos cometeu uma grosseria gravíssima.
No programa beneficente Teleton, no último fim de semana, o dono do SBT recebeu a cantora Cláudia Leitte, que iria divulgar uma nova música, "Balancinho".
Usando um vestido justo e curto, cor de rosa, Cláudia recebeu um comentário grosseiro de Sílvio, assim que ele se recusou a abraçar a cantora baiana nascida em São Gonçalo (RJ).
"Esse negócio de abraçar me deixa excitado", disse o apresentador, sem medir cerimônia.
A cantora tentou disfarçar: "Você disse excitado de euforia, de entusiasmo, né?".
Sílvio respondeu: "Não, excitado é de excitado mesmo".
Houve gargalhadas na plateia e a esposa do apresentador e empresário, Íris Abravanel, fez um sorriso meio envergonhado.
Cláudia Leitte não escondeu sua expressão de aborrecimento e de profundo constrangimento.
É certo que, como cantora e compositora, Cláudia é discutível em muitos aspectos, mas deixemos isso para lá.
Afinal, ela foi vítima de uma profunda injustiça como pessoa e como famosa que se ofereceu para divulgar um trabalho no programa e emprestar sua imagem ao evento beneficente, que lhe é direito fazer.
Só que ela foi atingida por essa atitude grotesca, e em vários minutos Sílvio ainda falava da roupa dela.
Cláudia chegou a mencionar o marido, no começo do comentário de Sílvio. Ele é Márcio Pedreira, empresário que, com ela, tem dois filhos homens, Davi e Rafael, respectivamente de seis e nove anos.
Fico imaginando o sentimento de vergonha que tanto Íris Abravanel e Márcio Pedreira sentiram com o incidente, reflexo dos "novos tempos" em que vivemos.
Aliás, Márcio mandou seu manifesto nas redes sociais, em um breve recado: "Claudia Cristina Leite Inacio Pedreira, mulher, filha, mãe, esposa, te amamos!! Você merece respeito!!! Continue fazendo com muito amor tudo da sua vida!!".
Cláudia escreveu um longo comentário no seu perfil nas redes sociais, um desabafo no qual ela afirmou ter sido constrangida e explicou os motivos de sua indignação:
"Aonde quer que eu vá, minha entrega é total. Tem que ser com todo amor do mundo, especialmente quando se trata de contribuir para o bem de alguém. Senti-me constrangida sim! Quando passamos por episódios desse tipo, vemos em exemplificação, o que acontece com muitas mulheres todos os dias, em muitos lugares. Isso é desenfreado, cruel, nos fere e nos dá medo. A provocação vem disfarçada de piada, e as pessoas riem, porque acostumaram-se, parece-nos normal! E lá se vai a nossa vida, cheia de reflexões quanto ao que usar como artista, como empresária, como esposa, como amiga, como empregada, como patroa... como mulher. Até que horas podemos estar nas ruas? Aprendemos a nos esquivar. Fizemos concessões porque fomos educadas assim. Mas, nós que somos vítimas! 'Ah, mas se estivéssemos usando outra roupa?'. Definitivamente a culpa não é do que estamos usando! A culpa é dessa atitude constrangedora e de dois pesos e duas medidas. Somos livres! Eu, como cantora, ciente do meu papel e da responsabilidade que carrego, sentia que precisava dizer isso a vocês, meus fãs, e a todas as pessoas, em especial às mulheres, que longe do olhar público sofrem todos os dias".
Fica nossa solidariedade a ela, neste episódio em que o tom de piada não é desculpa para disfarçar uma cantada tão grosseira e tão pervertida.
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