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LIVRO SOBRE PROGRAMAS DE TV COMETE ERRO DE CRITÉRIO SOBRE SERIADO BRASILEIRO


É uma brilhante ideia, partida do editor estadunidense Paul Condon, em enumerar 1001 itens de alguma temática que são recomendáveis para as pessoas. Há sobre músicas, discos, filmes, jogos eletrônicos, entre outros, e, recentemente, foi lançado o volume sobre Programas de TV.

A série "1001 itens que você deve apreciar antes de morrer", no volume intitulado 1001 Programas de TV Que Você Deve Assistir Antes de Morrer é muito brilhante. Enumera de seriados a programas de entrevistas, fazendo um grande levantamento histórico dos mesmos.

Algumas atrações brasileiras são mencionadas. Há a citação da novela Sua Vida Me Pertence, de 1952, primeira novela da televisão brasileira, produzida e exibida pela TV Tupi de São Paulo. Era uma época sem videoteipe e, por isso, tinha que se ter um mínimo de cautela possível para fazer uma performance exemplar, o que nem sempre acontecia, devido a diversos problemas, sobretudo técnicos.

Como em todo volume, há um apanhado de várias décadas e alguns seriados com temporadas recentes, como o britânico Doctor Who, são incluídos nas respectivas décadas originais (no caso, a de 1960). Foi aí que ocorreu uma falha de critério.

A publicação menciona o seriado A Grande Família, da Rede Globo, mas o inclui na década de 2000. É certo que foi a versão mais duradoura e mais conhecida, sobretudo pelas gerações mais recentes, mas, pelo critério do volume, a série deveria estar enquadrada na década de 1970.

Os editores do livro não se lembraram que o seriado foi originalmente criado em 1972, pelos falecidos Oduvaldo Vianna Filho (morto em 1974 com o seriado ainda em exibição), Paulo Pontes (morto dois anos após Vianinha) e Armando Costa (morto em 1984) e que havia sido sucesso na época.

Portanto, em que pese a nova versão não ser necessariamente uma "nova temporada" da anterior, há uma ligação óbvia entre eles, o que indica que o item A Grande Família do livro dos 1001 programas de TV deveria ter sido enquadrado na década de 1970, com um breve histórico da produção original (citando que Vianinha foi, além de dramaturgo, ativista cultural).

Fora esse lapso, o livro é muito bem feito e as informações muito interessantes que garantem uma leitura prazerosa e esclarecedora.

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