
ACIMA, A REVOLTA DE OITO DE JANEIRO EM 2023, E, ABAIXO, O MOVIMENTO DIRETAS JÁ EM 1984.
Nos últimos tempos, o Brasil vive um período surreal. Uma democracia nas mãos de um único homem, o futuro de nosso país nas mãos de um idoso de 80 anos. Uma reconstrução em que se festeja antes de trabalhar. Muita gente dormindo tranquila com isso tudo e os negacionistas factuais pedindo boicote ao pensamento crítico.
Duas simbologias irônicas vêm à tona para ilustraresse país surrealista onde a pobreza deixou de ser vista como um problema para ser vista como identidade sociocultural.
Uma dessas simbologias está no governo Lula, que representa o ideal do “milagre brasileiro” de 1969-1974, mas em um contexto formalmente democrático, no sentido de ninguém ser punido por discordar do governo, em que pese a pressão dos negacionistas factuais nas redes sociais.
Outra é a simbologia do vandalismo do Oito de Janeiro, em 2023, em que a presença de uma multidão nos edifícios da Praça dos Três Poderes, em Brasília, cria uma coincidência visual com a multidão durante as manifestações do movimento Diretas Já.
O governo Lula está associado ao sistema de valores vigente na ditadura militar, como os ligados à religião, ao fanatismo pelo futebol e a precarização do trabalho e da cultura popular. A glamourização das favelas é um símbolo de como o ufanismo da Era Médici pôde ser adaptado para o contexto “democrático de centro-esquerda”.
No entanto, há a simbologia dos “revoltados” do bolsonarismo, defensores do voto impresso, na medida em que acham as urnas eletrônicas passíveis de fraudes. A revolta do Oito de Janeiro foi um meio de os bolsonaristas protestarem contra o resultado eleitoral de 2022, que deu vitória a Lula, mesmo com uma diferença pequena de votos.
Outra coisa também a observar é que Lula usou o recurso da República Velha para pedir votos à população, impondo sua candidatura como os antigos candidatos dos "coronéis", uma ressignificação do voto de cabresto dentro da dicotomia "civilização versus barbárie". Outros candidatos eram desqualificados ou cooptados por Lula, que se impôs como "candidato único", sabotando a democracia da qual ele se diz o "maior defensor".
Diante dessas simbologias, o nosso país se encontra num cenário bastante confuso. Uma revolta de reacionários que, visualmente, tenta parecer o movimento Diretas Já. Um presidente "democrático" que usou recursos da República Velha para ser eleito e cujo governo simboliza o "milagre brasileiro" em matizes politicamente corretos.
Vá entender o Brasil de hoje...
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