A CANTORA ANITTA APENAS LEVA O "FUNK" PARA UM NICHO ULTRACOMERCIAL DE UM RESTRITO PÚBLICO DE ORIGEM LATINA NOS EUA.
Matéria do jornal britânico The Economist alegou que o "funk" vai virar uma "febre global". O periódico descreve que "(os brasileiros modernos) preferem o sertanejo, um gênero country vibrante, e o funk, um estilo que surgiu nas favelas do Rio. O funk em particular pode se tornar global e mudar a marca do Brasil no processo".
Analisando o mercado musical brasileiro, o texto faz essa menção em comparação com a excelente trilha sonora do filme Eu Ainda Estou Aqui , marcada por canções emepebistas, a julgar pela primeiro sucesso póstumo de Erasmo Carlos, "É Preciso Dar Um Jeito, Meu Amigo", uma antiga canção resgatada de um LP de 1971.
"A trilha sonora suave do filme alimenta a imaginação dos estrangeiros sobre o Brasil como um país onde bandas de samba e bossa nova cantam canções jazzísticas em calçadões de areia. Mas essa imagem está desatualizada", diz o texto.
O texto, com uma abordagem evidentemente econômica e uma visão neoliberal e abertamente financista, fala das aparentes transformações da imagem do Brasil no exterior, que deixariam de se associar ao samba e à Bossa Nova para se associar ao "funk" e ao "sertanejo", este ligado à influência do agronegócio que movimenta a economia brasileira.
É correto noticiar as mudanças de perfil do Brasil, sobretudo pela influência da jovem burguesia urbana que aposta na supremacia da música popularesca como sendo o "pop brasileiro", uma resposta ao pop estadunidense, um mercado que se tornou quase monopolista no Brasil a ponto de jogar a MPB na falência, como se vê no caso de Ivan Lins, por ironia um artista reconhecido no exterior.
Mas o "funk" não surgiu na favela, mas de uma adaptação de um ritmo estadunidense, o miami bass. A narrativa de que o "funk" surgiu dos batuques afro-brasileiros foi plantada por DJs e empresários funqueiros ávidos em ampliar reservas de mercado e criaram essa mentira apoiados por um grande lobby formado por executivos do mercado e da mídia, principalmente Rede Globo e Folha de São Paulo, que montaram juntas a narrativa "socializante" em favor dos funqueiros.
O "funk", portanto, tem origem mesmo nas elites anticastristas da Flórida, e está longe de representar qualquer chance de explosão mundial. Quando realizam turnês no exterior, os funqueiros se apresentam em locais de baixa expressão, geralmente boates de quinta categoria, para im público de imigrantes de origem brasileira.
Com exclusividade, nosso blogue já mostrou o caso do finado funqueiro Mr. Catra que, quando foi se apresentar em Dublin, na Irlanda, a máscara caiu quando se viu quem eram os "irlandeses" que foram ver o astro do "funk": jovens que, de cara, mais pareciam ter vindo do interior de São Paulo, sobretudo Barretos e São José do Rio Preto.
A própria Anitta, apadrinhada pelo poderoso empresário Max Martin, atual chefão do pop comercial dos EUA nos últimos anos, não conquistou o mundo como se pensava. Definida como "cantora flopada" pelo músico e jornalista Régis Tadeu, a funqueira do bairro de Honório Gurgel, no Rio de Janeiro, apenas faz sucesso para um nicho de jovens latino-americanos que vivem nos EUA, sobretudo os de origem mexicana, portorriquenha e brasileira.
A ideia hipotética de que o "funk" vai virar uma "febre mundial" só empolga mesmo uma ordem social que está vivendo sua supremacia no Brasil dos últimos anos. A burguesia de chinelos, invisível a olho nu, a elite do atraso convertida numa classe "legal" e disfarçada de "gente simples", está no poder e monopoliza as narrativas na sociedade brasileira.
É a burguesia bronzeada que, insatisfeita em bancar a "dona do Brasil", na sua megalomania pensa que vai dominar o mundo. E o "funk" é só um dos recursos para essa obsessão insana. Por sorte, o Primeiro Mundo não é trouxa de deixar a elite viralata dominar o planeta.
A matéria comete o equívoco de pegar carona na narrativa de que o "funk" e um ritmo "genuinamente brasileiro", planatada por um poderoso lobby movido pela burguesia brasileira.
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