LULA E O MINISTRO DA SECRETARIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL, SIDÔNIO PALMEIRA.
A queda de popularidade do presidente Lula cria uma situação inusitada. Uma verdadeira "torre de Babel" se monta dentro do governo, com Lula cobrando ações dos ministros e o governo cobrando dos assessores de comunicação "maior empenho" para divulgar as chamadas "realizações do presidente Lula".
Um rol de desentendimentos ocorrem, e acusações como "falta de transparência" e "incapacidade de se chegar à população" vêm à tona, e isso foi o tom da reunião que o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Sidônio Palmeira, publicitário responsável pela campanha de Lula em 2022, fez com 500 profissionais de assessorias de diversos órgãos do Governo Federal, na última sexta-feira.
Sidônio criticou a falta de dedicação dos ministros para darem entrevistas para falar das "realizações do governo", assim como a dificuldade do governo em apresentar esses dados ao público em geral. Uma fonte que comentou a respeito da reunião falou que Sidônio queria evitar o efeito "comida a quilo": "Quando a gente vai comer no quilo, coloca um monte de coisa no prato e, no fim, nem lembra o que comeu".
Lula, que está falando eventualmente em redes de rádio e TV para anunciar as "medidas do governo", irá lançar, através de seu ministro Sidônio, o projeto "O Brasil dando a volta por cima", uma campanha voltada para difundir a ideia de que "os próximos anos do governo serão de colheita".
O grande problema do governo Lula é que o presidente pensa que o povo desconhece as "façanhas" do governo e, principalmente, os tais "recordes históricos". O problema é que as supostas realizações do governo Lula não refletem no cotidiano da população. O crescimento do PIB não chega na mesa do consumidor, o "crescimento recorde" de empregos envolve em grande parte trabalhos precarizados, incluindo os "100% comissionados" e a escala 6x1 (seis dias de serviço e um de folga).
Lula, diferente dos dois mandatos anteriores, sucumbiu ao neoliberalismo. Começou o governo pensando demais na política externa, abandonando os brasileiros. Não desenvolveu um espírito de equipe no seu ministério. Seu ministro da Fazenda, Fernando Haddad, adota medidas neoliberais e o atual presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, não cumpriu a promessa de ruptura com a ortodoxia econômica do antecessor Roberto Campos Neto.
O próprio presidente Lula não decidiu se a tal "reconstrução do Brasil" vai começar ou já está concluída. O chefe da nação também erra ao encarar a "reconstrução" com um estranho clima de festa, como se fosse aceitável festejar antes de trabalhar.
Daí que o governo Lula só empolga as elites bem de vida, a "frente ampla" do "Clube de Assinantes VIP" do lulismo versão 3.0, que vai dos ex-pobres reMEDIAdos aos famosos e sub-celebridades cheíssimos da grana mas ainda vazios do poder decisório dos grandes financistas, passando pela pequena burguesia e pela burguesia propriamente dita, principalmente os empresários do entretenimento e do futebol, que se enriquecem às custas do hedonismo consumista que promovem sobre um público desavisado.
As classes populares viram que Lula não atende integralmente as reivindicações e demandas da população, o que mostra que, se existe um problema no atual mandato do presidente, hoje subordinado aos interesses da direita moderada, é o conflito entre as "realizações do governo e seus recordes" com a realidade.
Daí que as discussões sobre o método de comunicação do governo Lula têm um propósito ao mesmo tempo verdadeiro e oculto: o de submeter a realidade dos fatos aos interesses pessoais e às fantasias de Lula, que é visto pelos lulistas como se fosse o "centro do universo".
Na "democracia de um homem só" de Lula, nem a realidade pode contrariá-lo. Como um autoproclamado "menino mimado da História", o destino tem que fazer todos os favores pessoais de Lula, que, para compensar a velhice da sua aparência (mais idosa do que os padrões de 80 anos atuais), tem o desejo infantil de ver seus desejos sempre atendidos. Nem que, para isso, Lula tenha que brigar com os fatos.
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