O Judiciário, tão apressado em punir políticos do Partido dos Trabalhadores, pelo menos deveria ter a mesma agilidade diante da ameaça que Jair Bolsonaro representa ao país.
O escândalo das notícias falsas no WhatsApp foi denunciado há cerca de uma semana e até agora nenhuma punição foi feita.
Em vez disso, declarações, declarações e declarações.
Rosa Weber, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, apenas falou do repúdio às fake news.
Somada aos comentários de Eduardo Bolsonaro, filho do presidenciável, de que "para fechar o Supremo Tribunal Federal, basta um cabo e um soldado", a repercussão foi apenas retórica.
Alexandre de Moraes, do STF, que pouco tempo atrás deu sinal verde para Jair Bolsonaro no julgamento do comentário racista, disse que a fala do hoje deputado federal eleito, sobre o órgão "deve ser apurada".
Dias Toffoli, atual presidente do órgão, disse que "atacar o Judiciário é atacar a democracia".
Celso de Mello, decano do STF, definiu o comentário de Eduardo "inconsequente e golpista".
Luís Roberto Barroso afirmou que "não vai tolerar regime autoritário e não-democrático".
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, afirmou que as instituições "devem ser respeitadas" e pediu "clima de temperança" nas votações de domingo.
Tudo isso são apenas jogos de retórica, mas nenhuma medida foi feita.
Jair Bolsonaro declarou que pretende fazer "a maior faxina na história do país" e disse para os petistas fugirem. "Ou vão para fora, ou vão para a cadeia". Bolsonaro afirmou isso em mensagem por celular transmitida no telão no último domingo, para a manifestação na Av. Paulista, em São Paulo.
Bolsonaro acrescentou, na ocasião, que Lula "apodrecerá na cadeia".
A principal declaração, "vamos varrer do mapa esses bandidos vermelhos", lembra uma promessa do ditador das Filipinas, Rodrigo Duterte, dez anos mais velho que Jair, mas aniversariando uma semana depois do "mito".
"Melhor que escapem os que estão ligados ao tráfico de drogas, porque vou matá-los. Com seus corpos, alimentarei os peixes em Manila", disse o tirânico advogado, que governa o país asiático promovendo banhos de sangue.
Existem ações judiciais movidas contra Bolsonaro no Judiciário. Mas até agora não há uma informação sequer.
O TSE disse apenas que "está agindo", assim como o STF, assim como a Procuradoria-Geral da República.
Mas a medida deveria ter sido imediata. Não só condenando Jair, mas seus dois filhos, cassando seus mandatos e a candidatura do pai.
Flávio participava do disparo de fake news no WhatsApp. Eduardo falava em "fechar o STF". Jair falava em criminalizar petistas (mais tarde, ele falou coisas semelhantes sobre o MST).
O grande problema do Judiciário é que ele não se respeita, porque, se respeitasse, teria agido sem medo e condenado a família Bolsonaro.
O golpe político de 2016 ameaça entrar no seu modo pesadelo e ninguém age para frear isso.
A situação é tão grave que eu, que não sou necessariamente religioso, estou orando muito para que o fascismo não se instale no Brasil.
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