Pular para o conteúdo principal

IMPRENSA DIGITAL NITEROIENSE NÃO É SÓ PARA AMIGOS

NITEROIENSES TÊM QUE SABER QUE CABO FRIO NÃO É ALDEIA DE PESCADORES. DAÍ REIVINDICAR NOVA AVENIDA LIGANDO RIO DO OURO A VÁRZEA DAS MOÇAS PARA ALIVIAR RJ-106, QUESTÃO QUE DEVERIA SER PRIORIDADE NA MÍDIA DIGITAL DE NITERÓI.

Não se faz imprensa digital só para amigos e pessoas limitadas à mesma agenda limitada de assuntos.

Em muitos casos, ocorrem imprevistos que furam a bolha temática e a imprensa digital tem que acolher, fosse agradável ou não tal assunto.

Infelizmente, não é isso que se vê na imprensa digital niteroiense, que, supostamente, prima para o verdadeiro jornalismo e serviria de complemento para a imprensa comercial local.

A mídia digital de Niterói, lamentavelmente, apenas repete a agenda temática da mídia comercial.

Tenta-se furar a bolha lançando novas questões, mas a indiferença pública é geral.

Dois ou três editores até apreciam a questão, mas o assunto morre na praia. O valor-notícia não é medido pela relevância da informação, mas pelo que o público está acostumado a apreciar.

Temos uma questão grave que Niterói, em geral, trata com muitíssima indiferença: a criação de novas vias, a criação de passarelas para pedestres, soluções fundamentais e urgentes para resolver o problema do trânsito.

Não há como fazer esses temas terem destaque. Paciência, não sou Luciano Huck para repercutir as coisas. Huck tem a façanha de transformar opinião pessoal em consenso popular, mas eu dificilmente tenho capacidade de fazer repercutir um assunto urgente.

Lembremos de um assunto, que deveria ser reivindicação prioritária, mas é tabu do niteroiense médio que sonha com futebol tomando cerveja em sua casa na Rua Coronel Moreira César, em Icaraí.

É a necessidade de nova avenida ou rodovia ligando Várzea das Moças e Rio do Ouro, dois bairros sem via direta de ligação. É mais fácil atravessar a fronteira entre Brasil e Paraguai, pela Ponte da Amizade.

Os dois bairros dependem de uma rodovia estadual, RJ-106, o que atrapalha o trânsito de quem vai e vem da Região dos Lagos.

Nem todo mundo usa a BR-101, paciência. Seja pela Av. Contorno ou pela RJ-104.

E o niteroiense médio sabe quantas horas se vai de Tribobó para Cabo Frio, passando pela RJ-106? Mais de seis horas.

Mandar o trânsito migrar da RJ-106 para a Niterói-Manilha soa, dependendo do caso, como se pedisse para a pessoa que vai para o 15º andar de um prédio subir as escadas porque os elevadores estão cheios.

O niteroiense, infelizmente, só enxerga os problemas pela visão solipsista. Solipsismo é a mania de ver as coisas pelas próprias sensações e impressões das experiências pessoais.

Tem caminhão que fornece mercadorias para Sampaio Correia que, aviso aos niteroienses, não se limita a uma barraca de venda de bebidas.

Aí ele precisa encarar o trecho "avenida de bairro" da RJ-106 - que, acreditem, tem até nome, Av. Dr. Eugênio Borges - , diminuindo a velocidade porque precisa disputar pista com os veículos que vêm do Baldeador, Rio do Ouro e Várzea das Moças.

É tempo que se gasta. Tempo é dinheiro. E influi no atraso no fornecimento de mercadorias para a Região dos Lagos.

São problemas assim que o niteroiense médio não percebe. Ele não dá bola. Fica feliz com seu umbigo.

No caso da RJ-106, o caso é grave: o niteroiense médio prefere achar chique a RJ-106 fazer parte do trajeto de linhas municipais e intermunicipais de Niterói. Mobilidade urbana é só a do seu umbigo ou da mão "carregando" o copo de cerveja.

Perto de casa, certa vez, uma pequena fogueira se formou junto a um poste de energia elétrica. O pessoal que circulava na área estava feliz, alegre. 

Claro, não era o PT, né? Se Niterói ficasse no lugar de Pompeia, naquela erupução do Vesúvio no ano 79 d. C., os cidadãos só perceberiam a catástrofe se a pedra vulcânica cair sobre sua cabeça, porque até lá vão pensar que a fumaça do vulcão vem de algum churrasco na casa vizinha.

Infelizmente, para que um problema seja visto pelos niteroienses médios como REALMENTE um problema, é preciso um ritual de "carteirada".

Primeiro, o fato tem que ser mencionado, à tarde, lá em São Paulo, por José Luiz Datena. 

Depois, tem que passar pelos noticiários locais da Band, Record e Rede Globo.

Em seguida, tem que virar matéria de cinco minutos no Jornal Nacional do lacrador William Bonner.

No dia seguinte, precisa ter matéria de destaque nos jornais O Globo e o "isentão" O Dia. Se aparecer na capa do Meia Hora e Expresso, tabloides popularescos, ajuda ainda mais a repercutir.

Fora isso, nem se Jesus Cristo anunciasse um problema grave o pessoal aceitaria. Infelizmente, para o niteroiense médio se conscientizar por alguma coisa, o emissor de algum aviso precisa ter algum status, um prestígio profissional, uma visibilidade plena etc.

Jesus goza, virtualmente - ele nos deixou, evidentemente, há mais de dois mil anos - , de prestígio e visibilidade, mas insuficiente para fazer valer uma questão, tarefa melhor sucedida por "especialistas" como Luciano Huck.

E aí vemos que nossa imprensa digital niteroiense parece feita só para os amigos que estão inscritos nesses canais.

E aí vemos o quanto a ideia de opinião pública é uma falácia. Temos mais opinião privada, mesmo quando se deveria esperar algum diferencial em nossa imprensa.

Mas se o niteroiense médio não se atenta sequer com o parklet, supérfluo, aberrante e inutilizado, que ocupa espaço à toa na "cara" da Rua Moreira César, então do que se preocupa mesmo o pessoal que vive em Niterói?

Será preciso colar os retratos do ex-presidente Lula para gerar alguma indignação? Ou será que eu tenho que participar de algum game show de Luciano Huck ou Sílvio Santos para eu ter visibilidade e ser ouvido por essas páginas?

Espero que essa situação mude. Niterói está sucumbindo a um provincianismo que envergonha até qualquer cidade do interior do Brasil.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

SIMBOLOGIA IRÔNICA

  ACIMA, A REVOLTA DE OITO DE JANEIRO EM 2023, E, ABAIXO, O MOVIMENTO DIRETAS JÁ EM 1984. Nos últimos tempos, o Brasil vive um período surreal. Uma democracia nas mãos de um único homem, o futuro de nosso país nas mãos de um idoso de 80 anos. Uma reconstrução em que se festeja antes de trabalhar. Muita gente dormindo tranquila com isso tudo e os negacionistas factuais pedindo boicote ao pensamento crítico. Duas simbologias irônicas vêm à tona para ilustraresse país surrealista onde a pobreza deixou de ser vista como um problema para ser vista como identidade sociocultural. Uma dessas simbologias está no governo Lula, que representa o ideal do “milagre brasileiro” de 1969-1974, mas em um contexto formalmente democrático, no sentido de ninguém ser punido por discordar do governo, em que pese a pressão dos negacionistas factuais nas redes sociais. Outra é a simbologia do vandalismo do Oito de Janeiro, em 2023, em que a presença de uma multidão nos edifícios da Praça dos Três Poderes, ...

"ANIMAIS CONSUMISTAS"AJUDAM A ENCARECER PRODUTOS

O consumismo voraz dos "bem de vida" mostra o quanto o impulso de comprar, sem ver o preço, ajuda a tornar os produtos ainda mais caros. Mesmo no Brasil de Lula, que promete melhorias no poder aquisitivo da população, a carestia é um perigo constante e ameaçador. A "boa" sociedade dos que se acham "melhores do que todo mundo", que sonha com um protagonismo mundial quase totalitário, entrou no auge no período do declínio da pandemia e do bolsonarismo, agora como uma elite pretensamente esclarecida pronta a realizar seu desejo de "substituir" o povo brasileiro traçado desde o golpe de 1964. Vemos também que a “boa” sociedade brasileira tem um apetite voraz pelo consumo. São animais consumistas porque sua primeira razão é ter dinheiro e consumir, atendendo ao que seus instintos e impulsos, que estão no lugar de emoções e razões, ordenam.  Para eles, ter vale mais do que ser. Eles só “são” quando têm. Preferem acumular dinheiro sem motivo e fazer de ...

A SOCIEDADE HIPERMERCANTIL E HIPERMIDIÁTICA

CONSUMISMO, DIVERSÃO E HEDONISMO OBSESSIVOS SÃO AS NORMAS NO BRASIL ATUAL. As pessoas mais jovens, em especial a geração Z mas incluindo também a gente mais velha nascida a partir de 1978, não percebe que vive numa sociedade hipermercantilizada e hipermidiatizada. Pensa que o atual cenário sociocultural é tão fluente como as leis da natureza e sua rotina supostamente livre esconde uma realidade nada livre que muitos ignoram ou renegam. Difícil explicar para gente desinformada, sobretudo na flor da juventude, que vivemos numa sociedade marcada pelas imposições do mercado e da mídia. Tudo para essa geração parece novo e espontâneo, como se uma gíria fabricada como “balada” e a supervalorização de um ídolo mediano como Michael Jackson fossem fenômenos surgidos como um sopro da Mãe Natureza. Não são. Os comportamentos “espontâneos” e as gírias “naturais” são condicionados por um processo de estímulos psicológicos planejados pela mídia sob encomenda do mercado, visando criar uma legião de c...

COVID-19 TERIA MATADO 3 MIL FEMINICIDAS NO BRASIL

Nos dez anos da Lei do Feminicídio, o machismo sanguinário dos feminicidas continua ocorrendo com base na crença surreal de que o feminicida é o único tipo de pessoa que, no Brasil, está "proibida de morrer". Temos dois feminicidas famosos em idade de óbito, Pimenta Neves e Lindomar Castilho (87 e 84 anos, respectivamente), e muitos vão para a cama tranquilos achando que os dois são "garotões sarados com um futuro todo pela frente". O que as pessoas não entendem é que o feminicida já possui uma personalidade tóxica que o faz perder, pelo menos, 20 anos de vida. Mesmo um feminicida que chega aos 90 anos de idade é porque, na verdade, chegaria aos 110 anos. Estima-se que um feminicida considerado "saudável" e de boa posição social tem uma expectativa de vida correspondente a 80% de um homem inofensivo sob as mesmas condições. O feminicida tende a viver menos porque o ato do feminicídio não é um simples desabafo. No processo que se dá antes, durante e depois ...

ESTÁ BARATO PARA QUEM, CARA PÁLIDA?

A BURGUESIA DE CHINELOS ACHA BARATO ALUGUEL DE CASA POR R$ 2 MIL. Vivemos a supremacia de uma elite enrustida que, no Brasil, monopoliza as formas de ver e interpretar a realidade. A ilusão de que, tendo muito dinheiro e milhares de seguidores nas redes sociais dos quais umas centenas concordam com quase tudo, além de uma habilidade de criar uma narrativa organizada que faz qualquer besteira surreal soar uma pretensa verdade, faz da burguesia brasileira uma classe que impõe suas visões de mundo por se achar a "mais legal do planeta". Com isso, grandes distorções na interpretação da realidade acabam prevalecendo, mais pelo efeito manada do que por qualquer sentido lógico. "Lógica " é apenas uma aparência, ou melhor, um simulacro permitido pela organização das narrativas que, por sorte, fabricam sentido e ganham um aspecto de falsa coerência realista. Por isso, até quando se fala em salários e preços, a burguesia ilustrada brasileira, que se fantasia de "gente si...

ED MOTTA ERROU AO CRITICAR MARIA BETHÂNIA

  Ser um iconoclasta requer escolher os alvos certos das críticas severas. Requer escolher quem deveria ser desmascarado como mito, quem merece ser retirado do seu pedestal em primeiro lugar. Na empolgação, porém, um iconoclasta acaba atacando os alvos errados, mesmo quando estes estão associados a certos equivocos. Acaba criando polêmicas à toa e cometendo injustiças por conta da crítica impulsiva. Na religião, por exemplo, é notório que a chamada opinião (que se torna) pública pegue pesado demais nos pastores e bispos neopentecostais, sem se atentar de figuras mais traiçoeiras que são os chamados “médiuns”, que mexem em coisa mais grave, que é a produção de mensagens fake atribuídas a personalidades mortas, em deplorável demonstração de falsidade ideológica a serviço do obscurantismo religioso de dimensões medievais. Infelizmente tais figuras, mesmo com evidente charlatanismo, são blindadas e poupadas de críticas e repúdios até contra os piores erros. É certo que a MPB autêntica ...

COMO A BURGUESIA DE CHINELOS DISSIMULA SUA CONDIÇÃO SOCIAL?

A BURGUESIA ENRUSTIDA BRASILEIRA SE ACHA "POBRE" PORQUE, ENTRE OUTRAS COISAS, PAGA IPVA E COMPRA MUITO COMBUSTÍVEL PARA SEUS CARRÕES SUV. A velha Casa Grande ainda está aqui. Os golpistas de 1964 ainda estão aqui. Mas agora essa burguesia bronzeada se fantasia de “gente simples” e se espalha entre o povo, enquanto faz seus interesses e valores prevalecerem nas redes sociais. Essa burguesia impõe seus valores ou projetos como se fossem causas universais ou de interesse público. A gíria farialimer “balada”, o culto aos reality shows , o yuppismo pop-rock da 89 FM, Rádio Cidade e congêneres, a exaltação da música brega-popularesca (como a axé-music, o trap e o piseiro), a pseudo-sofisticação dos popularescos mais antigos (tipo Michael Sullivan e Chitãozinho & Xororó) e a sensação que a vida humana é um grande parque de diversões. Tudo isso são valores que a burguesia concede aos brasileiros sob a ilusão de que, através deles, o Brasil celebrará a liberdade humana, a paz soc...

A EXPLOSÃO DO SENSO CRÍTICO QUE ENVERGONHA A "BOA" SOCIEDADE

Depois de termos, em 2023, o "eterno" verão da conformidade com tudo, em que o pensamento crítico era discriminado e a regra era todos ficarem de acordo com um cenário de liberdade consumista e hedonista, cuja única coisa proibida era a contestação, o jogo virou de vez. As críticas duras ao governo Lula e as crises sociais do cenário sociocultural em que temos - como a queda da máscara do "funk" como suposta expressão do povo pobre, quando funqueiros demonstraram que acumularam fortunas através dessa lorota - mostram que o pensamento crítico não é "mera frescura" de intelectuais distópico-existencialistas europeus. Não convencem os boicotes organizados por pretensos formadores de opinião informais, que comandam as narrativas nas redes sociais. Aquele papo furado de pedir para o público não ler "certos blogues que falam mal de tudo" não fez sentido, e hoje vemos que a "interminável" festa de 2023, da "democracia do sim e nunca do nã...

LULA QUER QUE A REALIDADE SEJA SUBJUGADA A ELE

LULA E O MINISTRO DA SECRETARIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL, SIDÔNIO PALMEIRA. A queda de popularidade do presidente Lula cria uma situação inusitada. Uma verdadeira "torre de Babel" se monta dentro do governo, com Lula cobrando ações dos ministros e o governo cobrando dos assessores de comunicação "maior empenho" para divulgar as chamadas "realizações do presidente Lula". Um rol de desentendimentos ocorrem, e acusações como "falta de transparência" e "incapacidade de se chegar à população" vêm à tona, e isso foi o tom da reunião que o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Sidônio Palmeira, publicitário responsável pela campanha de Lula em 2022, fez com 500 profissionais de assessorias de diversos órgãos do Governo Federal, na última sexta-feira. Sidônio criticou a falta de dedicação dos ministros para darem entrevistas para falar das "realizações do governo", assim como a dificuldade do governo em apresentar esses dados ao ...

THE ECONOMIST E A MEGALOMANIA DA BURGUESIA DE CHINELOS ATRAVÉS DO "FUNK"

A CANTORA ANITTA APENAS LEVA O "FUNK" PARA UM NICHO ULTRACOMERCIAL DE UM RESTRITO PÚBLICO DE ORIGEM LATINA NOS EUA. Matéria do jornal britânico The Economist alegou que o "funk" vai virar uma "febre global". O periódico descreve que "(os brasileiros modernos) preferem o sertanejo, um gênero country vibrante, e o funk, um estilo que surgiu nas favelas do Rio. O funk em particular pode se tornar global e mudar a marca do Brasil no processo". Analisando o mercado musical brasileiro, o texto faz essa menção em comparação com a excelente trilha sonora do filme Eu Ainda Estou Aqui , marcada por canções emepebistas, a julgar pela primeiro sucesso póstumo de Erasmo Carlos, "É Preciso Dar Um Jeito, Meu Amigo", uma antiga canção resgatada de um LP de 1971. "A trilha sonora suave do filme alimenta a imaginação dos estrangeiros sobre o Brasil como um país onde bandas de samba e bossa nova cantam canções jazzísticas em calçadões de areia. Mas ...