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A AMEAÇA FASCISTA É REAL E DEVE SER COMBATIDA

O SALTO PARA A MORTE DAS MORSAS DO ALASCA - METÁFORA PARA O QUE AMEAÇA VIR PARA OS BRASILEIROS.

De repente, a metáfora das morsas do Alasca contagia os brasileiros.

Num documentário de TV, se mostrou o estranho caso das morsas que saltam rolando pelo abismo.

Achando que irão cair na água para nadarem e sentir o seu frescor, as morsas caem do precipício e, abatendo-se sobre o chão, morrem.

A ameaça fascista de Jair Bolsonaro, um golpe militar travestido de voto popular, é algo que pode levar o país a perder.

Não podemos superestimar os traumas do golpe de 2016, no qual a presença, não só de Jair, mas também de seus filhos, foi bastante decisiva.

As orgulhosas marchas dos manifestoches, dois anos depois, são motivo de vergonha para o que antes se fazia de cabeça erguida, ainda que quente.

Mas, como diz o ditado, "cabeça quente, pé frio", e a lição catastrófica do governo Michel Temer, de maneira comprovada, não se resolverá com um Bolsonaro no poder.

Pelo contrário. Bolsonaro se declara herdeiro do projeto político do governo Temer, ao apoiar a reforma trabalhista e a privatização da Petrobras.

Ele é apenas uma versão mais radical e agressiva do governo Temer, e os masoquistas de plantão que querem transformar urnas eleitorais em vasos de vômito não querem saber disso.

Bolsonaro foi aplaudido por uma plateia de duas mil pessoas numa reunião da Confederação Nacional da Indústria.

Os aplausos causam preocupação, porque não há motivo em Bolsonaro que possa render tantos aplausos.

Antes de seguir o texto, reproduzo algumas palavras de Alex Solnik de sua coluna sobre o tema no Brasil 247:

"Ele (Bolsonaro) é um zero à esquerda em questões econômicas, é uma nulidade no que diz respeito à ética, é um defensor da tortura, inimigo das minorias, em vez de pacificar o Brasil, como é necessário, vai acirrar os ânimos ainda mais, a violência vai explodir e a economia afundar, mas o espantoso é que suas teses absurdas, truculentas e medievais conquistam auditórios e o colocam no topo das pesquisas quando Lula é escanteado, como tudo indica que será.

O que Bolsonaro está deixando cada vez mais claro, principalmente ao dizer que formará um ministério de generais é que ele é a intervenção militar, ele é a volta dos militares ao poder, dessa vez através do voto".

A situação é extremamente grave. Faria mais sentido a plateia da CNI aplaudir, por exemplo, o Ciro Gomes.

Ciro fez críticas à reforma trabalhista, e foi vaiado por isso.

Que as elites ligadas à indústria, ou seja, a classe empresarial e a burguesia vinculadas ao setor, são reacionárias e não pensam em inclusão social, isso é verdade.

Mas defender isso a ponto de apoiar e aplaudir um fascista é um grande risco, não só para nós, mas com os que aplaudem hoje, futuros traumatizados de amanhã.

A indústria defender o fascismo é uma atitude suicida, porque mesmo para promover exclusão social o mercado tem limites.

O mercado vai querer que desapareçam os consumidores? Apoiando o fascismo, praticamente o consumo sucumbirá.

É preciso repudiar essa ameaça fascista, até porque seus defensores são muito, muito covardes.

Agridem num dado momento, mas em outro fogem, acuados.

No Aeroporto de Congonhas, Jair Bolsonaro foi xingado por alguns cidadãos, depois que uma senhora o chamou de "lixo". O "mito" se escondeu no banheiro para esperar os outros passarem.

Ainda assim, a violência do governo Bolsonaro pode partir de sua equipe ministerial.

Num governo fascista, cabe prestar atenção em pastas como da Justiça, da Defesa ou da Ordem Pública, entre outras funções similares.

É delas que partirá, mais do que o próprio presidente, as ordens de tortura, repressão e assassinatos. O presidente consentirá com isso, evidentemente, mas serão seus ministros os estrategistas maiores.

Não queremos que esse pesadelo volte à tona, até porque ele se voltará prioritariamente contra os que mais o apoiam hoje.

Os bolsonaristas acham que vão receber recompensas, vão ficar ricos e ganharão medalhas.

Grande engano. Seu "mito" só lhes dará enxadas, vassouras e um balde de água, até sob a desculpa de "recuperar a ordem neste país".

Os bolsonaristas são os que primeiro vão sentir na pele os retrocessos que defendem para os outros.

Isso não é invenção. É sério. Bolsonaro não é de dar prêmios para seus fãs, porque ele não é Papai Noel e odeia vestir aquela roupa vermelha, que para ele soa comunista.

É até admissível defender candidatos neoliberais, mesmo os comprometidos com retrocessos econômicos, mas não vamos sucumbir ao fascismo, sob a desculpa de que isso "soa novo".

Não, não soa novo. E o próprio Bolsonaro é um remix amalucado de Jânio Quadros com Emílio Garrastazu Médici.

Ambos os governos deram em prejuízos. O de Bolsonaro, com toda a certeza, trará um sério prejuízo.

Não se vai trocar o Pato da FIESP com as morsas suicidas do Alasca.

Temos que ter respeito a nós mesmos, um respeito à consciência e não ao umbigo.

Nem sempre o auto-respeito permite que um valentão digital fale o que quer e seja prisioneiro nas suas estúpidas convicções sociais.

Não adianta o arrogante escrever, nas redes sociais, feito um pretenso dono da verdade, que "o Brasil do futuro é Bolsonaro presidente" porque esse é o primeiro que vai pagar muito caro pela catarse digital.

Bolsonaro só governará para ele, seus ministros e seus parentes. Até a CNI vai se arrepender dos aplausos feitos ao fascista.

O Brasil ainda tem tempo de evitar esse salto para a morte.

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