O famoso "médium" que é conhecido como "símbolo maior de amor e fraternidade", que "viveu apenas pela dedicação ao próximo" e era tido como "lápis de Deus" foi um colaborador perigoso da ditadura militar.
Não vou dizer o nome desse sujeito, para não trazer más energias.
Mas ele era de Minas Gerais e foi conhecido por usar perucas e ternos cafonas, óculos escuros e por defender ideias ultraconservadoras calcadas no princípio de que "devemos aceitar os infortúnios e agradecer a Deus pela desgraça obtida".
O pretexto era que, aceitando o sofrimento "sem queixumes", se obterá as prometidas "bênçãos divinas".
Sádico, o "bondoso homem" - que muitos chegaram a enfiar a palavra "Amor" como um suposto sobrenome - dizia que as "bênçãos futuras" eram mais dificuldades, principalmente servidão, disciplina e adversidades cruéis.
Fui espírita - isto é, nos padrões em que essa opção religiosa é conhecida no Brasil - por 28 anos, entre 1984 e 2012, e sofri adversidades que só não digo por serem de natureza pessoal.
Larguei a religião "espírita" ao perceber suas mentiras e falsidades, sendo essa crença ao mesmo tempo é reacionária, desonesta e que vive faturando com literatura fake, supostamente mediúnica.
Já li o Humberto de Campos original e a suposta "obra mediúnica" e as diferenças são vergonhosamente aberrantes.
Vamos à denúncia.
Ela veio de um biógrafo conhecidíssimo que lançou um livro sobre "as vidas" desse sujeito.
Segundo o biógrafo, o "médium", que havia apoiado a ditadura militar e esculhambado os camponeses, operários e sem-teto e falou mal do esquerdismo num programa da TV Tupi em 1971, foi homenageado pela Escola Superior de Guerra, em 1972.
O "médium" compareceu à homenagem, em cerimônia organizada pelos cadetes da ESG, encomendada pela direção da instituição, conhecida por ter sido o laboratório do golpismo contra João Goulart e sustentáculo da ditadura militar.
Isso é um episódio gravíssimo, que as esquerdas cirandeiras não conseguem enxergar.
Infelizmente, setores das esquerdas manifestaram apoio ao "médium", apesar dele ter sido um reacionário tão convicto que isso refletia nas suas obras doutrinárias, tendenciosamente atribuídas a espíritos mortos para o "médium" não pagar a conta pelo seu reacionarismo.
As esquerdas chegaram a defini-lo como "símbolo da paz" e houve quem, em exagerado e perigoso equívoco, definiu o "médium" como "marxista".
(Neste caso, já avisei, com a melhor das intenções, sobre esse erro de definir um "médium" reaça como "marxista"; espero que ele tenha percebido)
Só que o "médium" era tão conservador que foi homenageado pela Escola Superior de Guerra, que não iria perder tempo homenageando outrem a contragosto ou para livrá-lo de alguma encrenca.
Se as homenagens ao "médium" foram feitas pela Escola Superior de Guerra, é porque o "médium" colaborou decisivamente para ela.
Não existe o caso de uma instituição homenagear alguém a contragosto ou de uma pessoa ser forçada a receber uma homenagem. Isso é ridículo. Nenhum pensamento desejoso consegue desvincular o "bondoso médium" da natureza do seu extremo ultraconservadorismo.
O "médium" mineiro, que especialistas do Espiritismo apontam como potencial apoiador do governo Jair Bolsonaro, se o religioso estivesse vivo, teve seu auge justamente durante a ditadura militar.
Ele virou o pretenso "símbolo de paz, amor e caridade" que conhecemos através de um método de construção de imagem que um inglês chamado Malcolm Muggeridge fez para promover uma megera também promovida a "encarnação da caridade" no mundo.
Até as "cartas mediúnicas", os supostos relatos de "entes queridos" para familiares, sobretudo mães, além de terem sido fake, teriam um papel estratégico de apoio ao regime militar.
Primeiro, porque essas "cartas" espetacularizam a morte e servem para alimentar o sensacionalismo da imprensa marrom, também inclinada a um misticismo religioso retrógrado.
Segundo, porque essas "cartas" tinham a missão subliminar para causar conformismo com a tragédia alheia, o que indica que essa conformação se estenda também às vítimas da tortura e repressão militar.
Em outras palavras: se os "entes queridos" dos brasileiros comuns "estão bem" no mundo espiritual, as vítimas da repressão ditatorial estariam "em situação melhor ainda". Daí para as pessoas passarem a desejar as mortes das outras, é um pulo. Daí os feminicídios, fratricídios, crimes no campo etc.
Terceiro, o "médium" - que durante a ditadura foi blindado pela Rede Globo - foi usado como "cortina de fumaça" ao simbolizar um pretenso "ativismo social" de padrões profundamente conservadores.
Aliás, o "médium" foi promovido a um suposto ativista com o objetivo de banir a ascensão de um verdadeiro ativista, o então líder sindical Luís Inácio Lula da Silva.
Tolamente, setores das esquerdas tentaram colocar o "médium" e o sindicalista (e hoje ex-presidente da República) como "almas gêmeas", apenas por uma alegada simbologia de "amor aos pobres".
O "médium espírita" nunca fez pelo próximo, e o que se considera sua "adorável caridade", em verdade muito fajuta e de resultados superficiais, é o mesmo Assistencialismo barato que Luciano Huck está fazendo nos últimos anos.
Assistencialismo é aquela "caridade" muito mixuruca, que serve mais para fabricar idolatria ao oportunista que se passa por "filantropo".
O apoio da Escola Superior de Guerra ao "médium" que encerrou sua vida no Triângulo Mineiro e faleceu em 2002 é um assunto que precisa ser aprofundado.
É um episódio muito grave e as esquerdas não podem ficar em silêncio.
Não é uma questão de opinião, mas de fatos, e não há como as esquerdas ficarem caladas em muxoxo e ficarem no clima do "vocês pensem o que quiserem".
Não é para ficar em silêncio, porque a denúncia é grave e poderá colocar o Brasil em uma situação ridícula.
A de endeusar um religioso farsante e reacionário como um pretenso pacifista e filantropo. E ver que essa adoração toda foi fabricada durante a ditadura militar causará vergonha e desilusão a muita gente.
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