Quanta falsidade. Se levarmos em conta sobre o que se diz e o que se faz crer, o Brasil é um dos maiores países socialistas do mundo, mas que faz parte do Primeiro Mundo e tem uma das populações mais pobres do planeta, mas que tem dinheiro de sobra para viajar para Bariloche e Cancún como quem vai para a casa da titia e compra um carro para cada membro da família, além de criar, no mínimo, três cachorros.
É uma equação maluca essa, daí não ser difícil notar essa falsidade que existe aos montes nas redes sociais. É tanto pobre cheio da grana que a gente desconfia, e tanto “neoliberal de esquerda” que tudo o que acaba acontecendo são as tretas que acontecem envolvendo o “esquerdismo de resultados” e a extrema-direita.
A elite do bom atraso, aliás, se compôs com a volta dos pseudo-esquerdistas, discípulos da Era FHC que fingiram serem “de esquerda” nos tempos do Orkut, a se somar aos esquerdistas domesticados e economicamente remediados. Juntamente com a burguesia ilustrada e a pequena burguesia, mais os “pobres de novela” surgidos pela premiação de loterias e produtos, essa elite se configura numa nova classe dominante, cujo poder chegou mesmo a ofuscar o antes poderoso bolsonarismo.
A hipocrisia da elite do bom atraso na fase atual do governo Lula é gritante. Sem ter o que perder, já que possuem muito dinheiro, a burguesia de chinelos é a que mais pede para Lula ser eleito, a qualquer preço e na marra. Daí o clima de valentões de escola contra quem quiser concorrer com o petista. Mas, desde 1964, essa classe nunca perdeu seus privilégios e vantagens, mesmo sob o AI-5, sob Temer ou Bolsonaro, descontada a tragédia da Covid-19.
É uma situação surreal. Lula virou um pelego, servindo-se à classe dominante de maneira quase secreta. A burguesia é que mais quer Lula no poder, como se fosse possível um “socialismo de socialites”. E é ela que pede ao povo pobre para apoiar Lula, e os pobres estão desconfiados com o petista.
A burguesia nunca foi de atender às demandas do povo pobre, vide sua tradição oligárquica e aristocrata. Lula foi se aliar à burguesia mas agora, desesperado em se reeleger, pede ao povo pobre apoio ao presidente. Mas o povo se sente abandonado e traído pelo presidente, com uma intensidade que escapa às supostas pesquisas de opinião.
E Lula agora tenta fazer o que devia ter feito no começo do terceiro mandato. Depois da farra da política externa e dos discursos cheios de gafes, Lula tenta correr contra o tempo para garantir um placar menos apertado de sua reeleição. Se bem que ele deveria desistir porque tudo o que ele conquistou ultimamente foi somente o apoio de uma burguesia que se acha tão bacana que se dá ao luxo de fingir que é pobre. E nós temos que assinar embaixo diante dessa lorota? Claro que não.
Comentários
Postar um comentário