
O MESTRE BRIAN WILSON, NO COMEÇO DA CARREIRA E NO FINAL DA VIDA.
Poucos dias antes de Brian Wilson, dos Beach Boys, falecer, eu e meu irmão havíamos falado de músicos dos anos 1960 e do começo dos anos 1970 que, muito jovens na casa dos 20 anos, fizeram obras primas. Eu havia comentado que Brian chegou a deixar temporariamente a banda para se isolar e compor as canções que fizeram parte da obra-prima Pet Sounds, de 1966.
Levei dias para escrever esse texto, que aqui está no dia em que o nosso já saudoso músico faria 83 anos. Eu tive que pensar muito e, como eu estou trabalhando no telemarketing, não tive tempo para fazer um texto bem feito e preferi escrever depois de refletir tanto sobre a perda do grande mestre da música.
Pode parecer que eu desprezei o assunto, mas não foi. Pelo contrário, pude pensar intimamente sobre a importância de Brian Wilson e o seu grande exemplo de superação, pois no começo os Beach Boys não eram levados a sério por soarem, à primeira vista, meros ídolos adolescentes.
A música dos Beach Boys era excelente já na primeira fase, embora fosse um rock básico juvenil voltado para o público adolescente na época. As melodias e os arranjos eram bem elaborados e as instrumentais impecáveis, dentro do cenário de rock instrumental muito em moda no começo da década de 1960.
Mas de repente algo ocorreu com o baixista Brian, irmão do guitarrista Carl e do baterista Dennis, que formava a banda com o primo Mike Love e o amigo Al Jardine, estes respectivamente cantor e guitarrista do icônico grupo de Los Angeles, EUA.
Depois de ouvir, em 1963, “Be My Baby” do grupo vocal Ronettes, Brian ficou profundamente impressionado. O padrão luxuoso da produção dessa música e a qualidade da canção fizeram Brian pensar numa guinada sonora de seu grupo e ele deixou a banda para compor o álbum. Brian reafirmou essa intenção depois que ouviu Rubber Soul, dos Beatles, em 1965. Bruce Johnston tornou-se seu substituto, mas virou parceiro da banda mesmo com o retorno do baixista.
BEACH BOYS DURANTE A SESSÃO DE FOTOS PARA PET SOUNDS.
Pet Sounds, o álbum que resultou dessa guinada, acabou sendo um dos inúmeros discos seminais na fase única do biênio 1966-1967, quando o rock teve uma série de obras primas. Os Beach Boys ajudaram a abrir o leque musical e a lição de Brian contagiou principalmente seu irmão Carl, que acabou liderando a banda quando o baixista passou a sofrer problemas mentais em função das drogas, além de engordar de maneira doentia.
Os Beach Boys fizeram parte, portanto, de um sem-número de músicos que fizeram o rock se tornar musicalmente mais arejado, e Brian se juntou a outros nomes como Paul McCartney, Lou Reed, David Crosby, Frank Zappa, Laura Nyro, Syd Barrett, Jimi Hendrix e tantos outros que transformaram o cenário musical naquele meado dos anos 1960.
A importância de Pet Sounds foi tamanha que o próprio Paul McCartney, depois que ouviu o disco da banda californiana, resolveu bolar um álbum dos Beatles, Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, influenciado pelo som dos estadunidenses. O diálogo musical dos Beach Boys e dos Beatles rendeu uma amizade com os dois baixistas e, em 1997, Brian Wilson foi conversar com o produtor George Martin sobre suas ideias para Pet Sounds.
Da parte dos Beach Boys, Pet Sounds foi uma prova de superação e a banda não só conseguiu credibilidade, apesar do inicial fracasso comercial do disco de 1966, como adquiriu maior fluência musical, podendo ampliar seus horizontes sonoros.
Mesmo quando Brian Wilson deixou a banda devido a problemas relativos a saúde mental e física, os Beach Boys seguiram com seus flertes com a psicodelia, a soul music, o folk, a country music, o rhythm and blues e até o rock progressivo, comprovando o talento que já era excelente desde o começo, mas que ganhou reconhecimento pleno a partir de Pet Sounds. Muito obrigado por tudo, Brian Wilson!!
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