A idolatria aos chamados “médiuns espíritas” - espécie de “sacerdotes” desse Catolicismo medieval redivivo que no Brasil tem o nome de Espiritismo - é um processo muito estranho. Uma beatitude rápida, de uns poucos minutos ou, se depender do caso, apenas um ou dois dias, manifesta nas redes sociais ou pelo impulso a algum evento da mídia empresarial, principalmente Globo e Folha, mas também refletindo em outros veículos amigos como Estadão, SBT, Band e Abril.
Parece novela ruim esse culto à personalidade que blinda esses charlatães da fé dita “raciocinada” - uma ideia sem pé nem cabeça que pressupõe que dogmas religiosos teriam sido “avaliados, testados e aprovados” pela Ciência, por mais patéticos e sem lógica que esses dogmas sejam - , tamanho é o nível de fantasias e ilusões que cercam esses farsantes que exploram o sofrimento humano.
Os “médiuns” foram e são mil vezes mais traiçoeiros que os “bispos” neopentecostais, mas são absolvidos porque conseguem enganar todo mundo com uma retórica mais suave, evitando quase sempre a estética e a linguagem do raivismo.
A beatitude segue níveis tóxicos, que só quando tudo está bem dá a impressão de energias supostamente elevadas, com alegria quase infantil, o que é uma grande ilusão nessa beatitude que mais parece a de um bando de galinhas endeusando uma raposa. A ilusão cai quando a pessoa desse ilusionista da fé é contestada, pois o beato de ocasião se torna uma fera e, embora acuse os outros de obsessão espiritual e negativismo quanto a valores e representantes do “Alto”.
Só que isso é uma Transferência Psicológica, fenômeno estudado por Sigmund Freud, no qual a pessoa acusa o outro de ter os defeitos que, na verdade, são da própria acusadora. Neste caso, o obsediado é o beato do “médium da peruca”, dotado de uma fascinação puramente tóxica, curiosamente um tipo de obsessão que o próprio Allan Kardec havia estudado.
A beatitude envolve sentimentos tóxicos de fanatismo e seu deslumbramento é mórbido, como se as pessoas que adorassem “médiuns” fossem ressentidas e frustradas, mesmo diante de algum sucesso na vida. São pessoas que se perdem nessa confusa combinação de melancolia extrema e glorificação exagerada, que faz com que, no Brasil, o pior “canto de sereia” venha não de lindas mulheres com rabos de peixe, mas de um horrendo e asqueroso velho feioso e ranzinza que usava peruca e óculos escuros (um artifício para esconder os olhos traiçoeiros, mentirosos e de semblante pesado?).
Isso é surreal. A adoração obsessiva ao “médium” é uma atitude tão vergonhosa e tão constrangedora que nem todos seguem essa idolatria. Mas mesmo a admiração “saudável” e “equilibrada” aos “médiuns espíritas” em geral, supostamente “reconhecendo erros e imperfeições”, tem seu alto grau de atitude vergonhosa e deplorável. Até porque esses isentões, à maneira do negacionista factual, são falsos intelectuais de fóruns de Internet, a estufar o peito com pretensa superioridade intelectual, mas defendendo somente ideias massificadas e narrativas lineares.
Como todo isentão, esses isentões que, “sem se envolver muito” (leia-se assumir a religião “espírita”), admiram “de forma equilibrada” os ditos “médiuns”, são verdadeiros chatos e arrogantes, com mania de argumentar para que eles sempre fiquem com a palavra final. Em todo caso, eles acabam concordando sempre com o fanatismo religioso do qual tentam evitar a qualquer preço.
Assumidamente ou não, essa beatitude parece como pequenos surtos de gente que parece nunca falar de Espiritismo durante muito tempo, mas quando fala é de um deslumbramento muito perigoso. Qualquer semelhança com um toxicômano pode ser uma simples coincidência, mas as similaridades são grandes.
Quando contestados nesta fé obscurantista, uns se explodem de raiva e outros reagem com silêncio sepulcral. Nem se argumentos fundamentados ou provas robustas fossem apresentados e pacientemente analisados convencem esse pessoal, dotado dessa idolatria cega, mesmo aquela disfarçada de “admiração distante e imparcial”. Uns arriscam a carteirada “Quem é você para questionar a pessoa do ‘médium’?”. Outros apelam para a rápida inquisição: “De onde você tirou tudo isso?”.
Somente no Brasil isso ocorre, com dimensões surreais movidas por um lobby poderoso que blinda os “médiuns” para além dos limites imagináveis. Esse lobby, de fazer inveja a qualquer grupo mafioso, envolve poderosos empresários e fazendeiros, que veem no Espiritismo brasileiro uma forma de controle social, através de um repertório moralista punitivista, baseado na Teologia do Sofrimento. Traindo os postulados da Doutrina Espírita original francesa, o “Espiritismo à brasileira” segue essa teologia que é a corrente radical do Catolicismo da Idade Média.
O poderoso coronelismo do Triângulo Mineiro, criador de gado bovino da espécie zebu, está por trás dessa blindagem com cheiro forte da mais escancarada impunidade que cerca os “médiuns”. Somente um, o goiano João de Deus, passou a ser punido E investigado só para dar a impressão de que se faZ alguma coisa.
Mas até o padrinho de João, o “médium da peruca” que transformou a Doutrina Espírita em um chiqueiro, goza da mais absoluta blindagem, 23 anos após o falecimento, recebendo passagens de pano até das esquerdas médias, apesar do apoio que o “médium” deu à ditadura militar ter sido radical do qual nunca houve uma declaração de remorso nem um único pedido de desculpas.
Tudo isso mostra o quanto essa idolatria aos “médiuns” é tóxica e o lobby que sustenta este e outros obscurantistas da fé “raciocinada” inclui gente nada humilde, mas extremamente rica e poderosa, como os grandes proprietários de terras do Triângulo Mineiro e os grandes empresários da mídia venal, os chamados “barões da mídia”.
E depois as pessoas imaginam que esses ilusionistas da fé são símbolos de humildade, mesmo apoiados por poderosos proprietários de terras e corporações. Quanta ingenuidade...
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