ANITTA, LUAN SANTANA, IVETE SANGALO E WESLEY SAFADÃO - O hit-parade chegou de vez no Brasil.
"Palmas pra você! Você merece o título de pior mulher do mundo!", diz o refrão de "Camarote", sucesso de Wesley Safadão, um sujeito que, comprovadamente, é muito mais rico do que qualquer suposto aristocrata da "elitista" MPB.
Ele, ao lado de outros ídolos, uns mais recentes, como Luan Santana, Valesca Popozuda, Jorge & Mateus, Thiaguinho, outros ainda mais, como Anitta, Naldo Benny, Ludmilla, Nego do Borel, MC Guimê e Bruno & Barretto, e outros veteranos, como Ivete Sangalo, Chitãozinho & Xororó e Alexandre Pires, revelam que o brega-popularesco hoje exerce um domínio voraz e totalitário.
A ascensão predatória dessa categoria musical, que não está satisfeito com os muitos e muitos espaços que tem na mídia e no circuito de shows, a ponto do cantor de sambrega Belo se apresentar no cultuado Museu de Arte Moderna, mostra o quanto o jabaculê tornou-se uma força dominante na música brasileira.
Isso mostra que a cultura popular ficou privatizada. Não existem mais grandes artistas. O que existem são ídolos musicais, fetiches sustentados por grandes empresas de entretenimento, que se aliam aos barões da grande mídia para promover os chamados "sucessos do povão" ou "música popular demais".
Da mesma forma, não existem mais grandes personalidades, havendo, em vez disso, uma série de subcelebridades, entre rapagões sarados e mulheres siliconadas, que nada têm o que dizer e mostram tão somente um ideal vazio e viciado de curtição e erotismo, sem acrescentar algo relevante para a vida do grande público.
Na música, o comercialismo predatório do brega-popularesco começa a fazer acostumar mal o gosto até do público universitário, que passa a sentir preconceito contra a própria MPB que, há 50 anos atrás, surgiu nos meios universitários.
No Orkut, já testemunhei preconceito severo de jovens catarinenses considerados "cultos" a um músico de valor como Turíbio Santos, discípulo de Villa-Lobos. Daí a farsa que uma parcela da intelectualidade pró-brega fez usando o discurso do "combate ao preconceito" para esconder seus preconceitos elitistas e empurrar para a própria classe o respeito forçado à imbecilização musical.
Esses intelectuais "bacanas" falavam sobre "diversidade cultural" para empurrar os sucessos comerciais da música brasileira, como se o jabaculê de hoje fosse o folclore do futuro, e com isso fez com que a verdadeira cultura popular, a que transmite conhecimentos e não necessariamente lota plateias com rapidez de trem-bala, fosse jogada para museus e mansões.
Tudo ficou privatizado. As personalidades em geral e os ídolos musicais em especial que, em tese, representam e expressam a "realidade" das classes populares, são na verdade mercadorias comportamentais e musicais que tentam fazer sucesso a qualquer preço e mantém sua fama através de factoides, declarações tolas ou sucessos musicais tenebrosos e canastrões.
Nem mesmo o falso aprimoramento musical que faz com que ídolos do "pagode", "sertanejo" e axé-music que começaram a fazer sucesso há 20, 25 anos atrás pode sinalizar um valor artístico autêntico, até porque, como vimos, esse trabalho não passa de um artifício cosmético cujo mérito é praticamente exclusivo de arranjadores de plantão a serviço dos produtores de gravadoras.
Afinal, em muitos casos, os "geniais" ídolos do brega-popularesco, por mais "bem informados" que pareçam ser - pelo menos o suficiente para Wesley Safadão tendenciosamente vestir a camiseta com a foto de David Bowie, quando este ainda estava vivo - , não têm a menor ideia de que arranjo vão utilizar, e lá nos bastidores eles apelam para outros arranjadores para dar uma "embelezada" no repertório.
Nem os grupos inteiros de "pagode" e duplas supostamente antenadas de "sertanejo universitário" arranjam suas próprias músicas. Nem os conjuntos de "pagode" que prometem misturas rítimicas. E o "funk", então, não há arranjo musical, é quase tudo um som trazido por DJs. Portanto, se há uma música "palatável" (mas nem por isso boa) e "bem feita", o mérito está no arranjador ou produtor.
O quadro está terrível e estarrecedor, que soa irônico o jornalista Mauro Dias, que previu todo esse massacre cultural, faleceu numa época como essa. E ver que hoje até a MPB se deixa morrer fazendo o papel revivalista dos últimos anos ou lançando, como novos artistas, nomes que não fazem mais senão uma sub-Jovem Guarda com um leve sotaque tropicalista.
Os sucessos musicais dominantes da "cultura popular demais" já se dividem entre caricaturas de ritmos nacionais e imitações literais do pop norte-americano. Até o som de saxofone de alguns sucessos do hip hop estadunidense já foram reproduzidos em alguns sucessos de "funk".
Isso é vergonhoso e preocupante, e mostra a aridez que está o cenário musical brasileiro, num contexto em que franquias teatrais da Disney invadem até teatros universitários - como na Universidade Federal Fluminense - e pessoas ficam lendo literatura anestesiante, como obras religiosas, ficção aventureira e humor abestalhado.
E isso mostra que a crise que assola o Brasil não é só econômica, mas uma crise de valores. Até porque os ídolos popularescos ganham muito dinheiro, até demais, a ponto de Wesley Safadão (Palmas para você! Você merece o título de pior cantor do mundo!) viajar para Dubai, cidade dos Emirados Árabes que possuem os hotéis mais caros de todo o planeta.
Que renovação musical se espera deles? Nada! Além disso, preocupa a complacência que se tem nos meios culturais juvenis de abraçar esses sucessos comerciais, a título de "provocatividade", "diversidade" e "fim do preconceito", três desculpas feitas para boi dormir.
Afinal, o que existe é a exaltação dessas formas musicais que promovem a caricatura das classes populares e a ridicularização do povo pobre, cuja imagem caricatural é mais agradável para a intelectualidade "mais legal do país", que decide o que oficialmente se deve pensar sobre a cultura brasileira. Tudo pelo comercialismo, nada para o nosso patrimônio cultural, rico, suado e ignorado.
"Palmas pra você! Você merece o título de pior mulher do mundo!", diz o refrão de "Camarote", sucesso de Wesley Safadão, um sujeito que, comprovadamente, é muito mais rico do que qualquer suposto aristocrata da "elitista" MPB.
Ele, ao lado de outros ídolos, uns mais recentes, como Luan Santana, Valesca Popozuda, Jorge & Mateus, Thiaguinho, outros ainda mais, como Anitta, Naldo Benny, Ludmilla, Nego do Borel, MC Guimê e Bruno & Barretto, e outros veteranos, como Ivete Sangalo, Chitãozinho & Xororó e Alexandre Pires, revelam que o brega-popularesco hoje exerce um domínio voraz e totalitário.
A ascensão predatória dessa categoria musical, que não está satisfeito com os muitos e muitos espaços que tem na mídia e no circuito de shows, a ponto do cantor de sambrega Belo se apresentar no cultuado Museu de Arte Moderna, mostra o quanto o jabaculê tornou-se uma força dominante na música brasileira.
Isso mostra que a cultura popular ficou privatizada. Não existem mais grandes artistas. O que existem são ídolos musicais, fetiches sustentados por grandes empresas de entretenimento, que se aliam aos barões da grande mídia para promover os chamados "sucessos do povão" ou "música popular demais".
Da mesma forma, não existem mais grandes personalidades, havendo, em vez disso, uma série de subcelebridades, entre rapagões sarados e mulheres siliconadas, que nada têm o que dizer e mostram tão somente um ideal vazio e viciado de curtição e erotismo, sem acrescentar algo relevante para a vida do grande público.
Na música, o comercialismo predatório do brega-popularesco começa a fazer acostumar mal o gosto até do público universitário, que passa a sentir preconceito contra a própria MPB que, há 50 anos atrás, surgiu nos meios universitários.
No Orkut, já testemunhei preconceito severo de jovens catarinenses considerados "cultos" a um músico de valor como Turíbio Santos, discípulo de Villa-Lobos. Daí a farsa que uma parcela da intelectualidade pró-brega fez usando o discurso do "combate ao preconceito" para esconder seus preconceitos elitistas e empurrar para a própria classe o respeito forçado à imbecilização musical.
Esses intelectuais "bacanas" falavam sobre "diversidade cultural" para empurrar os sucessos comerciais da música brasileira, como se o jabaculê de hoje fosse o folclore do futuro, e com isso fez com que a verdadeira cultura popular, a que transmite conhecimentos e não necessariamente lota plateias com rapidez de trem-bala, fosse jogada para museus e mansões.
Tudo ficou privatizado. As personalidades em geral e os ídolos musicais em especial que, em tese, representam e expressam a "realidade" das classes populares, são na verdade mercadorias comportamentais e musicais que tentam fazer sucesso a qualquer preço e mantém sua fama através de factoides, declarações tolas ou sucessos musicais tenebrosos e canastrões.
Nem mesmo o falso aprimoramento musical que faz com que ídolos do "pagode", "sertanejo" e axé-music que começaram a fazer sucesso há 20, 25 anos atrás pode sinalizar um valor artístico autêntico, até porque, como vimos, esse trabalho não passa de um artifício cosmético cujo mérito é praticamente exclusivo de arranjadores de plantão a serviço dos produtores de gravadoras.
Afinal, em muitos casos, os "geniais" ídolos do brega-popularesco, por mais "bem informados" que pareçam ser - pelo menos o suficiente para Wesley Safadão tendenciosamente vestir a camiseta com a foto de David Bowie, quando este ainda estava vivo - , não têm a menor ideia de que arranjo vão utilizar, e lá nos bastidores eles apelam para outros arranjadores para dar uma "embelezada" no repertório.
Nem os grupos inteiros de "pagode" e duplas supostamente antenadas de "sertanejo universitário" arranjam suas próprias músicas. Nem os conjuntos de "pagode" que prometem misturas rítimicas. E o "funk", então, não há arranjo musical, é quase tudo um som trazido por DJs. Portanto, se há uma música "palatável" (mas nem por isso boa) e "bem feita", o mérito está no arranjador ou produtor.
O quadro está terrível e estarrecedor, que soa irônico o jornalista Mauro Dias, que previu todo esse massacre cultural, faleceu numa época como essa. E ver que hoje até a MPB se deixa morrer fazendo o papel revivalista dos últimos anos ou lançando, como novos artistas, nomes que não fazem mais senão uma sub-Jovem Guarda com um leve sotaque tropicalista.
Os sucessos musicais dominantes da "cultura popular demais" já se dividem entre caricaturas de ritmos nacionais e imitações literais do pop norte-americano. Até o som de saxofone de alguns sucessos do hip hop estadunidense já foram reproduzidos em alguns sucessos de "funk".
Isso é vergonhoso e preocupante, e mostra a aridez que está o cenário musical brasileiro, num contexto em que franquias teatrais da Disney invadem até teatros universitários - como na Universidade Federal Fluminense - e pessoas ficam lendo literatura anestesiante, como obras religiosas, ficção aventureira e humor abestalhado.
E isso mostra que a crise que assola o Brasil não é só econômica, mas uma crise de valores. Até porque os ídolos popularescos ganham muito dinheiro, até demais, a ponto de Wesley Safadão (Palmas para você! Você merece o título de pior cantor do mundo!) viajar para Dubai, cidade dos Emirados Árabes que possuem os hotéis mais caros de todo o planeta.
Que renovação musical se espera deles? Nada! Além disso, preocupa a complacência que se tem nos meios culturais juvenis de abraçar esses sucessos comerciais, a título de "provocatividade", "diversidade" e "fim do preconceito", três desculpas feitas para boi dormir.
Afinal, o que existe é a exaltação dessas formas musicais que promovem a caricatura das classes populares e a ridicularização do povo pobre, cuja imagem caricatural é mais agradável para a intelectualidade "mais legal do país", que decide o que oficialmente se deve pensar sobre a cultura brasileira. Tudo pelo comercialismo, nada para o nosso patrimônio cultural, rico, suado e ignorado.
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