Pular para o conteúdo principal

EX-MINISTRA ANA DE HOLLANDA "ENTREGA" INTELECTUAIS "BACANAS"


Diante da crise que envolve hoje o Ministério da Cultura, que depois de uma formal "ressurreição", mas sem a "alma" dos tempos dos governos petistas, a ex-ministra Ana de Hollanda resolveu falar.

Ela havia sido duramente criticada por privilegiar os interesses do ECAD (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) ao defender restrições para os direitos autorais.

Isso criou uma controvérsia, que só depois foi superada pela polêmica do Procure Saber.

Que, numa direção diferente dos ecadistas que cercaram a irmã de Chico Buarque, defendiam outra restrição, a da produção de biografias não-oficiais, não autorizadas pelos biografados ou por familiares e herdeiros.

Passou-se o tempo e Ana de Hollanda resolveu dar esta entrevista.

Que, entre outras coisas, "entregou" a intelectualidade "bacana", que, com seus conceitos aprendidos pela Teoria da Dependência de Fernando Henrique Cardoso, defendiam a bregalização da cultura brasileira.

"É muito doido. Eu sou hostilizada pela direita e por esses grupos que eu não considero de esquerda, mas que estão infiltrados nesse movimento. E continua aquela coisa: quando atacam o Chico, "a irmã foi ministra por causa dele. Nunca usei ele. Ele sempre fez o trabalho dele, que eu adoro, acho ótimo, mas é dele. Mas nos memes, na internet, toda hora eu sou "a irmã do Chico", disse Ana.

Ela acabou denunciando o fato de que são intelectuais que, sem ser de esquerda, se infiltraram no esquerdismo.

O recado acaba saindo implicitamente para Pedro Alexandre Sanches, que a memória curta fez esquecer que havia sido o "aluno-modelo" de Otávio Frias Filho.

Sanches, treinado no Projeto Folha em 1995, nunca conseguiu esconder sua inspiração ideológica calcada em Fernando Henrique Cardoso e Francis Fukuyama.

Sanches defendia uma "cultura brasileira" subordinada às regras do pop internacional, usando o nome "cultura transbrasileira", um paralelo claro à "economia transnacional" do ex-presidente FHC.

É como se FHC fosse o anti-ISEB e PAS, o anti-CPC da UNE, destruindo esses dois projetos da Era Jango que discutiam a qualidade de vida em torno de temas sócio-econômicos, políticos e culturais.

Como Fukuyama, Sanches pregava o "fim da História" para a MPB, dando como encerrada a linhagem consolidada pelos festivais de música e o antigo patrimônio cultural que produzia, nas comunidades pobres, gênios como Cartola e Jackson do Pandeiro.

A ideia era transformar a "cultura brasileira" num McDonalds.

E, usando um comentário do colega Ricardo Alexandre, Sanches, o "filho da Folha", o príncipe dos intelectuais "bacanas", defendia "ideias de direita usando um discurso de esquerda".

Definia ídolos comerciais da música brasileira como se fossem "libertários".

E quando o pessoal acreditava no proselitismo que Sanches fazia, nos seus passeios nas redações esquerdistas, os ídolos musicais defendidos pelo "aluno-modelo" de Frias comemoravam suas conquistas nos palcos da Globo.

Sanches empurrou a revista Fórum a botar Gaby Amarantos na capa (a edição encalhou) e, seis meses depois, ela estava brilhando nas páginas da revista Veja.

Sanches tentou convencer a opinião pública do suposto esquerdismo de Zezé di Camargo & Luciano (esquecendo que eles são eleitores fiéis de Ronaldo Caiado), e recentemente os dois surtaram defendendo Aécio Neves com muito gosto.

O "filho da Folha" foi promover o funqueiro MC Guimê como se fosse um "bolivariano" e eis que ele virou capa da truculenta revista Veja e foco de uma matéria elogiosa de uma publicação que esculhamba os movimentos sociais.

Sanches era frustrado de não ter o mesmo prestígio de Chico Buarque nos círculos esquerdistas.

Saltou nos ambientes esquerdistas de pára-quedas, depois integrou entidades sustentadas por George Soros (disposto a patrocinar tanto o Fora do Eixo quanto o Movimento Brasil Livre, o que faz Pablo Capilé e Kim Kataguiri soarem parecidos) e tentou fazer o papel do "bom esquerdista".

Mas por debaixo dos panos seu blogue Farofafá, Sanches acolheu uma banda do filho de Armínio Fraga (ex-ministro de FHC e membro do Instituto Millenium), divulgou um seminário do Coletivo Fora do Eixo patrocinado por Geraldo Alckmin, além de uma feira de agronegócio também patrocinada pelo tucano.

E isso mediante falsos ataques que Sanches fazia, via Twitter, ao Instituto Millenium, Globo e similares, e falsas críticas a Geraldo Alckmin e Aécio Neves.

Como maringaense, Sanches está muito mais próximo do direitismo jurídico do juiz Sérgio Moro do que do experiente esquerdismo de Sônia Braga.

Só faltava mesmo Pedro Alexandre Sanches e Sérgio Moro aparecerem num mesmo evento se cumprimentando efusivamente.

Chico Buarque, com todo o aparato aristocrático, sempre foi fiel e solidário às forças progressistas.

Já Sanches e seus consortes, como os ativistas do "funk", sempre fizeram o jogo oculto mas nunca assumido dos barões da grande mídia.

É como se eles fizessem trabalho free lancer para o baronato midiático.

Tentaram até ser jornalistas ou intelectuais "livres", como se fosse fácil bancar o esquerdista trocando Otávio Frias Filho e João Roberto Marinho por George Soros.

Com suas pregações em prol da "cultura de mercado", Pedro Alexandre Sanches e companhia deveriam receber todo tipo de gratidão dos adeptos do governo Michel Temer.

Graças a seus conceitos bregas e mercantilistas, o povo pobre foi desviado da participação dos debates culturais sérios.

A intelectualidade "bacana" corrompeu a Lei de Incentivo à Cultura, a bregalização parasitou, como cupins devorando tudo, as verbas públicas do Ministério da Cultura.

Tão "esquerdistas", os intelectuais "bacanas" acabaram desgastando a cultura popular, agora subordinada a funqueiros e "sertanejos" etc a cada ano piores, deixando o povo alienado para isolar as forças progressistas.

Daí a direita reagiu e, resultado: a mais retrógrada plutocracia reconquistou o poder.

Agora os intelectuais "bacanas" deveriam deixar de posar de esquerdas e dar um beijo na mão do ministro Marcelo Calero.

Quem quis um Brasil brega pediu para ele ser ministro. Agora, aceitem, "bacanas"!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

FUNQUEIROS, POBRES?

As notícias recentes mostram o quanto vale o ditado "Quem nunca comeu doce, quando come se lambuza". Dois funqueiros, MC Daniel e MC Ryan, viraram notícias por conta de seus patrimônios de riqueza, contrariando a imagem de pobreza associada ao gênero brega-popularesco, tão alardeada pela intelectualidade "bacana". Mc Daniel recuperou um carrão Land Rover avaliado em nada menos que R$ 700 mil. É o terceiro assalto que o intérprete, conhecido como o Falcão do Funk, sofreu. O último assalto foi na Zona Sul do Rio de Janeiro. Antes de recuperar o carro, a recompensa prometida pelo funqueiro foi oferecida. Já em Mogi das Cruzes, interior de São Paulo, outro funqueiro, MC Ryan, teve seu condomínio de luxo observado por uma quadrilha de ladrões que queriam assaltar o famoso. Com isso, Ryan decidiu contratar seguranças armados para escoltá-lo. Não bastasse o fato de, na prática, o DJ Marlboro e o Rômulo Costa - que armou a festa "quinta coluna" que anestesiou e en

FIQUEMOS ESPERTOS!!!!

PESSOAS RICAS FANTASIADAS DE "GENTE SIMPLES". O momento atual é de muita cautela. Passamos pelo confuso cenário das "jornadas de junho", pela farsa punitivista da Operação Lava Jato, pelo golpe contra Dilma Rousseff, pelos retrocessos de Temer, pelo fascismo circense de Bolsonaro. Não vai ser agora que iremos atingir o paraíso com Lula nem iremos atingir o Primeiro Mundo em breve. Vamos combinar que o tempo atual nem é tão humanitário assim. Quem obteve o protagonismo é uma elite fantasiada de gente simples, mas é descendente das velhas elites da Casa Grande, dos velhos bandeirantes, dos velhos senhores de engenhos e das velhas oligarquias latifundiárias e empresariais. Só porque os tataranetos dos velhos exterminadores de índios e exploradores do trabalho escravo aceitam tomar pinga em birosca da Zona Norte não significa que nossas elites se despiram do seu elitismo e passaram a ser "povo" se misturando à multidão. Tudo isso é uma camuflagem para esconder

DEMOCRACIA OU LULOCRACIA?

  TUDO É FESTA - ANIMAÇÃO DE LULA ESTÁ EM DESACORDO COM A SOBRIEDADE COM QUE SE DEVE TER NA VERDADEIRA RECONSTRUÇÃO DO BRASIL. AQUI, O PRESIDENTE DURANTE EVENTO DA VOLKSWAGEN DO BRASIL. O que poucos conseguem entender é que, para reconstruir o Brasil, não há clima de festa. Mesmo quando, na Blumenau devastada pela trágica enchente de 1983, se realizou a primeira Oktoberfest, a festa era um meio de atrair recursos para a reconstrução da cidade catarinense. Imagine uma cirurgia cujo paciente é um doente em estado terminal. A equipe de cirurgiões não iria fazer clima de festa, ainda mais antes de realizar a operação. Mas o que se vê no Brasil é uma situação muito bizarra, que não dá para ser entendida na forma fácil e simplória das narrativas dominantes nas redes sociais. Tudo é festa neste lulismo espetaculoso que vemos. Durante evento ocorrido ontem, na sede da Volkswagen do Brasil, em São Bernardo do Campo, Lula, já longe do antigo líder sindical de outros tempos, mais parecia um showm

FOMOS TAPEADOS!!!!

Durante cerca de duas décadas, fomos bombardeados pelo discurso do tal "combate ao preconceito", cujo repertório intelectual já foi separado no volume Essa Elite Sem Preconceitos (Mas Muito Preconceituosa)... , para o pessoal conhecer pagando menos pelo livro. Essa retórica chorosa, que alternava entre o vitimismo e a arrogância de uma elite de intelectuais "bacanas", criou uma narrativa em que os fenômenos popularescos, em boa parte montados pela ditadura militar, eram a "verdadeira cultura popular". Vieram declarações de profunda falsidade, mas com um apelo de convencimento perigosamente eficaz: termos como "MPB com P maiúsculo", "cultura das periferias", "expressão cultural do povo pobre", "expressão da dor e dos desejos da população pobre", "a cultura popular sem corantes ou aromatizantes" vieram para convencer a opinião pública de que o caminho da cultura popular era através da bregalização, partindo d

VIRALATISMO MUSICAL BRASILEIRO

  "DIZ QUE É VERDADE, QUE TEM SAUDADE .." O viralatismo cultural brasileiro não se limita ao bolsonarismo e ao lavajatismo. As guerras culturais não se limitam às propagandas ditatoriais ou de movimentos fascistas. Pensar o viralatismo cultural, ou culturalismo vira-lata, dessa maneira é ver a realidade de maneira limitada, simplista e com antolhos. O que não foi a campanha do suposto "combate ao preconceito", da "santíssima trindade" pró-brega Paulo César de Araújo, Pedro Alexandre Sanches e Hermano Vianna senão a guerra cultural contra a emancipação real do povo pobre? Sanches, o homem da Folha de São Paulo, invadindo a imprensa de esquerda para dizer que a pobreza é "linda" e que a precarização cultural é o máximo". Viralatismo cultural não é só Bolsonaro, Moro, Trump. É"médium de peruca", é Michael Sullivan, é o É O Tchan, é achar que "Evidências" com Chitãozinho e Xororó é um clássico, é subcelebridade se pavoneando

ALEGRIA TÓXICA DO É O TCHAN É CONSTRANGEDORA

O saudoso Arnaldo Jabor, cineasta, jornalista e um dos fundadores do Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (CPC - UNE), era um dos críticos da deterioração da cultura popular nos últimos tempos. Ele acompanhava a lucidez de tanta gente, como Ruy Castro e o também saudoso Mauro Dias que falava do "massacre cultural" da música popularesca. Grandes tempos e últimos em que se destacava um pensamento crítico que, infelizmente, foi deixado para trás por uma geração de intelectuais tucanos que, usando a desculpa do "combate ao preconceito" para defender a deterioração da cultura popular.  O pretenso motivo era promover um "reconhecimento de grande valor" dos sucessos popularescos, com todo aquele papo furado de representar o "espírito de uma época" e "expressar desejos, hábitos e crenças de um povo". Para defender a música popularesca, no fundo visando interesses empresariais e políticos em jogo, vale até apelar para a fal

PUBLICADO 'ESSA ELITE SEM PRECONCEITOS (MAS MUITO PRECONCEITUOSA)'

Está disponível na Amazon o livro Essa Elite Sem Preconceitos (Mas Muito Preconceituosa)... , uma espécie de "versão de bolso" do livro Esses Intelectuais Pertinentes... , na verdade quase isso. Sem substituir o livro de cerca  de 300 páginas e análises aprofundadas sobre a cultura popularesca e outros problemas envolvendo a cultura do povo pobre, este livro reúne os capítulos dedicados à intelectualidade pró-brega e textos escritos após o fechamento deste livro. Portanto, os dois livros têm suas importâncias específicas, um não substitui o outro, podendo um deles ser uma opção de menor custo, por ter 134 páginas, que é o caso da obra aqui divulgada. É uma forma do público conhecer os intelectuais que se engajaram na degradação cultural brasileira, com um etnocentrismo mal disfarçado de intelectuais burgueses que se proclamavam "desprovidos de qualquer tipo de preconceito". Por trás dessa visão "sem preconceitos", sempre houve na verdade preconceitos de cl

FLUMINENSE FM E O RADIALISMO ROCK QUE QUASE NÃO EXISTE MAIS

É vergonhoso ver como a cultura rock e seu mercado radiofônico se reduziram hoje em dia, num verdadeiro lixo que só serve para alimentar fortunas do empresariado do entretenimento, de promotoras de eventos, de anunciantes, da mídia associada, às custas de produtos caros que vendem para jovens desavisados em eventos musicais.  São os novos super-ricos a arrancar cada vez mais o dinheiro, o couro e até os rins de quem consome música em geral, e o rock, hoje reduzido a um teatro de marionetes e um picadeiro da Faria Lima, se tornou uma grande piada, mergulhada na mesmice do hit-parade . Ninguém mais garimpa grandes canções, conformada com os mesmos sucessos de sempre, esperando que Stranger Things e Velozes e Furiosos façam alguma canção obscura se popularizar. Nos anos 1980, houve uma rádio muito brilhante, que até hoje não deixou sucessora à altura, seja pelos critérios de programação, pelo leque amplo de músicas tocadas e pela linguagem própria de seus locutores, seja pelo alcance do s

BRASIL NO APOGEU DO EGOÍSMO HUMANO

A "SOCIEDADE DO AMOR" E SEU APETITE VORAZ DE CONSUMIR O DINHEIRO EM EXCESSO QUE TEM. Nunca o egoísmo esteve tão em moda no Brasil. Pessoas com mão-de-vaca consumindo que nem loucos mas se recusando a ajudar o próximo. Poucos ajudam os miseráveis, poucos dão dinheiro para quem precisa. Muitos, porém, dizem não ter dinheiro para ajudar o próximo, e declaram isso com falsa gentileza, mal escondendo sua irritação. Mas são essas mesmas pessoas que têm muito dinheiro para comprar cigarros e cervejas, esses dois venenos cancerígenos que a "boa" sociedade consome em dimensões bíblicas, achando que vão viver até os 100 anos com essa verdadeira dieta do mal à base de muita nicotina e muito álcool. A dita "sociedade do amor", sem medo e sem amor, que é a elite do bom atraso, a burguesia de chinelos invisível a olho nu, está consumindo feito animais vorazes o que seus instintos veem como algo prazeroso. Pessoas transformadas em bichos, dominadas apenas por seus instin

LULA, O MAIOR PELEGO BRASILEIRO

  POR INCRÍVEL QUE PAREÇA, LULA DE 2022 ESTÁ MAIS PRÓXIMO DE FERNANDO COLLOR O QUE DO LULA DE 1989. A recente notícia de que o governo Lula decidiu cortar verbas para bolsas de estudo, educação básica e Farmácia Popular faz lembrar o governo Collor em 1991, que estava cortando salários e ameaçando privatizar universidades públicas. Lula, que permitiu privatização de estradas no Paraná, virou um grande pelego político. O Lula de 2022 está mais próximo do Fernando Collor de 1989 do que o próprio Lula naquela época. O Lula de hoje é espetaculoso, demagógico, midiático, marqueteiro e agrada com mais facilidade as elites do poder econômico. Sem falar que o atual presidente brasileiro está mais próximo de um político neoliberal do que um líder realmente popular. Eu estava conversando com um corretor colega de equipe, no meu recém-encerrado estágio de corretagem. Ele é bolsonarista, posição que não compartilho, vale lembrar. Ele havia sido petista na juventude, mas quando decidiu votar em Lul