BUZZCOCKS - Até banda de rock de Salvador tentou apresentar a banda inglesa ao público brasileiro, mas não conseguiu.
O Brasil é uma grande província, assimilando as coisas com atraso, de maneira superficial e acolhendo tendências e personalidades canastronas.
Isso ocorre em vários setores da vida humana no Brasil. E isso traz sérios problemas para seu desenvolvimento social, o que faz com que, de maneira tristemente surpreendente, os próprios brasileiros, salvo exceções, impedem o progresso do próprio país.
Na cultura rock, chegamos à aberração de rebaixar grupos conceituais, do nível de AC/DC e Deep Purple, a humilhantes one-hit wonders, não bastasse termos o comportamento caricato do "roqueiro padrão", botando linguinha para fora e fazendo o sinal de demônio com as mãos.
A situação é tão aberrante e vem desde o começo.
Nem tanto pelo fato do rock ser aqui introduzido por nomes alheios ao estilo, como Cauby Peixoto, Nora Ney e Agostinho dos Santos.
Afinal, esses cantores cumpriram seu papel de forma bastante honrada e procurando escapar do pedantismo que, por exemplo, faz os bregas dos anos 90 tentarem posar de emepebistas dez anos depois, sem sucesso.
O problema no rock se dá porque, no começo, sempre se misturou alhos com bugalhos, como misturar nomes genuínos como Elvis Presley, Chuck Berry e Beatles com canastrões do porte de Pat Boone, nas referências apreciadas pelos brasileiros.
O tempo passa e somente no Brasil é que Guns N'Roses é valorizado como se fossem gênios indiscutíveis.
E somente no Brasil é que se inventa um "Dia Mundial do Rock" baseado no popíssimo Live Aid. Aliás, a data só tem validade em território nacional.
Mas o pior é que bandas seminais de rock nem sempre são conhecidas ou apreciadas pelos brasileiros, que parecem se contentar somente com os nomes mais manjados.
Bandas bastante importantes são simplesmente ignoradas no Brasil ou passam por uma breve e parcial apreciação, mas longe de representar uma forte lembrança na posteridade. Vamos citar as onze principais.
BYRDS
A banda foi até apreciada na época da Jovem Guarda, mais ou menos entre 1966 e 1967, quando gravações como "Mr. Tambourine Man" (versão de uma canção de Bob Dylan), "Eight Miles High" e "I Feel a Whole Lot Better" fizeram sucesso.
Até "Tijolinho", sucesso de Bobby di Carlo, e "Era Um Garoto Que Como Eu Amava os Beatles e os Rolling Stones", versão dos Incríveis para uma música italiana, eram inspiradas em Byrds.
Apesar disso, do carisma de integrantes como Jim (e depois) Roger McGuinn e David Crosby e da presença do grupo na trilha de Sem Destino (Easy Rider), o grupo raramente é lembrado.
KINKS
Apesar de ser regularmente lembrada pelos críticos musicais brasileiros. a banda liderada por Ray Davies - que teve um breve casamento com a cantora e guitarrista dos Pretenders, Chrissie Hynde - influencia muitas bandas de rock, mas aqui só é lembrada vagamente por "You Really Got Me".
Além disso, mesmo esse hit só é conhecido pelo público roqueiro médio através da regravação, muito boa, do Van Halen. Nos círculos um pouco mais alternativos, é apreciada, também, a versão do britânico Fall (do finado Mark E. Smith) para "Victoria". E só.
CREATION
Vigorosa banda britânica, a terceira mais significativa do movimento mod britânico, depois de Who e Troggs (e quarta, se considerarmos os Kinks também como mod). Com instrumentais em alto volume, à maneira do Who, o Creation é conhecido por canções como "Painter Man", "Making Time", "How Does It Feel to Feel?" e "Tomtom".
O grupo, com sua formação original de 1966, chegou a excursionar, em 1994, com o Ride (que citaremos depois), que regravou "How Does it Feel to Feel?" no álbum daquele ano, Carnival of Light.
A excursão acabou servindo, sem querer, como despedida do cantor Kenny Pickett, que faleceu em 1997, pouco tempo depois desta formação do Creation lançar o álbum Power Surge, em 1996, curiosamente pela gravadora Creation Records (conhecida por lançar Jesus & Mary Chain e Oasis).
Em 1968, o Creation teve, em sua formação, ninguém menos que Ronnie Wood, dos Rolling Stones. Apesar de tal informação, o Creation nunca chegou sequer a ser conhecido entre os alternativos brasileiros.
SEEDS
Quase uma resposta estadunidense aos Rolling Stones, os Seeds, conhecido pela figura enigmática do vocalista e baixista Sky Saxon.
Originário de Los Angeles, os Seeds faziam um som de garagem de linhagem pré-psicodélica, e, a exemplo da Ray Manzarek dos Doors, teve o tecladista Daryl Hooper fazendo linhas de baixo no órgão, nas ocasiões em que Sky Saxon não tocava instrumento.
O grupo é conhecido por sucessos como "Can't Seem to Make You Mine", "Pushin' Too Hard", "It's a Hard Time" e "Mr. Farmer". Uma incômoda coincidência é que Sky Saxon faleceu no mesmo dia que Michael Jackson (por este ser erroneamente associado ao rock), 25 de junho de 2009.
"Pushin' Too Hard" chegou a ter uma versão, em 1967, com letra em português de Rossini Pinto, gravada por Wanderlea. Apesar disso, os Seeds são praticamente desconhecidos aqui.
GENTLE GIANT
Banda de rock progressivo de influência barroca, o grupo britânico Gentle Giant até teve discos lançados no Brasil e teve uma razoável projeção no público roqueiro dos anos 1970, numa época estranha em que os roqueiros assimilavam a psicodelia tardiamente junto ao progressivo e hard rock.
O Gentle Giant chegou a ter uma certa repercussão entre o público bicho-grilo brasileiro, que nos anos 1970, devido à natural vocação para o atraso no nosso país, assimilou influências psicodélicas e hippies tardias atropeladas com o progressivo e o hard rock em voga (só depois estas duas influências seguiriam nos anos 1980 atropeladas com o punk e pós-punk). A banda Tutti-Frutti, que acompanhou Rita Lee, adotou elementos sonoros do Gentle Giant. Lô Borges, do Clube da Esquina, também.
No entanto, o som do GG, que também inclui experiências jazzísticas e hard rock e tem até uma paródia de punk rock - "Betcha Thought We Couldn't Do It", do álbum The Missing Piece, de 1977 - , caiu no esquecimento, apesar da admirável criatividade e talento de seus músicos.
NEW YORK DOLLS
Banda do chamado protopunk, ela só é comentada pelo visual exótico dos integrantes, que usavam um visual glam bastante debochado. No entanto, seu som, que influenciou diretamente os Ramones, nunca é lembrado pelo público roqueiro médio, apesar da grande projeção do grupo.
O grupo, cujos integrantes mais destacados foram David Johanssen e o falecido Johnny Thunders, também era admirado por Morrissey, que chegou a escrever um livro sobre a banda. Mesmo assim, as "bonecas de Nova York" só eram apreciadas pelos alternativos bem mais aprofundados.
BUZZCOCKS
Banda punk de Manchester, os Buzzcocks são tão importantes para o movimento quanto Sex Pistols e The Clash. Mas não no Brasil, onde a carreira do grupo é passada em branco pelo público roqueiro médio, mesmo aquele que se passa por entendedor de punk e hardcore.
O grupo, que primeiro teve como vocalista Howard Devoto, que depois saiu da banda e deixou a função para o guitarrista Pete Shelley, até teve ajuda do grupo baiano Camisa de Vênus, de Marcelo Nova, que em 1983 gravou "O Adventista", versão de "I Believe", hit dos ingleses de 1980.
"O Adventista" fez um bom sucesso, sua letra citava o casal Xuxa e Pelé (equivalente, na época, ao casal Bruna Marquezine e Neymar), mas isso não rendeu favores aos Buzzcocks, desprezados injustamente pelo público roqueiro médio no Brasil.
SPARKS
Ícone do art rock, o grupo estadunidense já mostrava sua esquisitice se radicando no Reino Unido, seguindo caminho inverso de grupos como Fleetwood Mac e Supertramp.
Liderado pelos irmãos músicos Ron e Russell Mael, a banda começou fazendo psicodelia glam rock, mas depois investiu em excentricidades sonoras que impedem que se defina precisamente a sonoridade do grupo, talvez definível como "estilo Sparks".
A banda é cultuada pelo público alternativo no exterior e influenciou um considerável número de artistas de pós-punk. Mas, no Brasil, somente a acessível "Cool Places", com a participação da guitarrista das Go-Go's Jane Wiedlin, é relativamente conhecida pelo público roqueiro médio.
Recentemente, os Sparks gravaram um projeto com o conhecido grupo escocês Franz Ferdinand, mas nem isso animou o público médio a conhecer o talento inusitado dos irmãos Mael.
XTC
Banda pós-punk surgida na desconhecida cidade inglesa de Swindon, teve toda sua trajetória baseada nas performances e composições (feitas em separado) dos vocalistas Andy Partridge, guitarrista, e Colin Moulding, baixista.
A banda desenvolveu uma sonoridade que primeiro mesclava punk com art rock e depois evoluiu para influências que envolvem Beatles da segunda fase e Beach Boys de Pet Sounds, e tornou-se influência para grupos bastante conhecidos como Blur e Foo Fighters.
Sobre o Blur, aliás, a banda de Damon Albarn chegou a gravar, em 1992, sessões para um novo álbum, sob produção de Andy Partridge. Apesar disso, o grupo não as aproveitou para o segundo álbum, Modern Life is Rubbish, de 1993, embora as faixas tenham saído de maneira brilhante.
A influência do XTC no Brasil foi praticamente nula, apesar da banda ter sido bem tocada na Fluminense FM e encontrarmos paralelo nas influências de Beatles e Beach Boys assimiladas pelos Paralamas do Sucesso. Neste caso, a Argentina passou a rasteira nos brasileiros, pois a banda de rock mais popular daquele país, o Soda Stereo, assumiu claramente as influências do XTC.
No Brasil, apenas um hit é vagamente conhecido pelo público brasileiro médio de rock, "The Ballad of Peter Pumpkinhead", de 1992.
SQUEEZE
Grupo de rock melodioso de pós-punk, o Squeeze surgiu nos anos 1970 em Londres e seus integrantes centrais são os vocalistas e guitarristas Chris Difford e Glenn Tilbrook.
O grupo, no começo da carreira, chegou a tocar nos mesmos redutos que Dire Straits, quando a banda fundada por Mark Knopfler deixava a Escócia para fazer carreira na Inglaterra. No entanto, o Squeeze nunca teve a projeção comparável com a outra banda.
O grupo, que passou por dois hiatos e chegou a ter o pianista e apresentador de TV Jools Holland como integrante, teve boa divulgação nas rádios Fluminense e Estácio FM, no Rio de Janeiro. Apesar disso, o Squeeze não tem uma canção lembrada pelo público brasileiro médio de rock.
RIDE
Banda de Oxford, cidade inglesa conhecida por sua célebre universidade, o Ride teve uma breve trajetória, entre 1988 e 1996, tendo como vocalistas e guitarristas Mark Gardener e Andy Bell (favor não confundir com o homônimo do Erasure).
Com um som que atualizava a psicodelia dos anos 1960 com o legado do rock alternativo dos anos 1980, o Ride foi o maior nome da tendência shoegazer, cena do rock britânico que não teve a mesma sorte do indie dance, que ultrapassou as fronteiras do eixo EUA-Reino Unido.
Portanto, o Ride só é razoavelmente conhecido pelo público alternativo mais aprofundado. Nem a aparência atrativa dos integrantes foi um chamativo para o público roqueiro médio. A única música lembrável - e ainda assim, raramente - é "Twisterella", de 1992.
"Twisterella" é cantada por Andy Bell, que até se tornou integrante do Oasis, trocando a guitarra pelo baixo. Ele integrou a banda dos irmãos Gallagher nos últimos anos e chegou também a fazer parte do extinto grupo de Liam Gallagher, o Beady Eye.
Até o cantor Renato Russo, da Legião Urbana, manifestou admiração pelo Ride, conforme havia declarado em suas últimas entrevistas. Mas nem disso fez o Ride ultrapassar a apreciação pelos mais iniciados.
O Brasil é uma grande província, assimilando as coisas com atraso, de maneira superficial e acolhendo tendências e personalidades canastronas.
Isso ocorre em vários setores da vida humana no Brasil. E isso traz sérios problemas para seu desenvolvimento social, o que faz com que, de maneira tristemente surpreendente, os próprios brasileiros, salvo exceções, impedem o progresso do próprio país.
Na cultura rock, chegamos à aberração de rebaixar grupos conceituais, do nível de AC/DC e Deep Purple, a humilhantes one-hit wonders, não bastasse termos o comportamento caricato do "roqueiro padrão", botando linguinha para fora e fazendo o sinal de demônio com as mãos.
A situação é tão aberrante e vem desde o começo.
Nem tanto pelo fato do rock ser aqui introduzido por nomes alheios ao estilo, como Cauby Peixoto, Nora Ney e Agostinho dos Santos.
Afinal, esses cantores cumpriram seu papel de forma bastante honrada e procurando escapar do pedantismo que, por exemplo, faz os bregas dos anos 90 tentarem posar de emepebistas dez anos depois, sem sucesso.
O problema no rock se dá porque, no começo, sempre se misturou alhos com bugalhos, como misturar nomes genuínos como Elvis Presley, Chuck Berry e Beatles com canastrões do porte de Pat Boone, nas referências apreciadas pelos brasileiros.
O tempo passa e somente no Brasil é que Guns N'Roses é valorizado como se fossem gênios indiscutíveis.
E somente no Brasil é que se inventa um "Dia Mundial do Rock" baseado no popíssimo Live Aid. Aliás, a data só tem validade em território nacional.
Mas o pior é que bandas seminais de rock nem sempre são conhecidas ou apreciadas pelos brasileiros, que parecem se contentar somente com os nomes mais manjados.
Bandas bastante importantes são simplesmente ignoradas no Brasil ou passam por uma breve e parcial apreciação, mas longe de representar uma forte lembrança na posteridade. Vamos citar as onze principais.
BYRDS
A banda foi até apreciada na época da Jovem Guarda, mais ou menos entre 1966 e 1967, quando gravações como "Mr. Tambourine Man" (versão de uma canção de Bob Dylan), "Eight Miles High" e "I Feel a Whole Lot Better" fizeram sucesso.
Até "Tijolinho", sucesso de Bobby di Carlo, e "Era Um Garoto Que Como Eu Amava os Beatles e os Rolling Stones", versão dos Incríveis para uma música italiana, eram inspiradas em Byrds.
Apesar disso, do carisma de integrantes como Jim (e depois) Roger McGuinn e David Crosby e da presença do grupo na trilha de Sem Destino (Easy Rider), o grupo raramente é lembrado.
KINKS
Apesar de ser regularmente lembrada pelos críticos musicais brasileiros. a banda liderada por Ray Davies - que teve um breve casamento com a cantora e guitarrista dos Pretenders, Chrissie Hynde - influencia muitas bandas de rock, mas aqui só é lembrada vagamente por "You Really Got Me".
Além disso, mesmo esse hit só é conhecido pelo público roqueiro médio através da regravação, muito boa, do Van Halen. Nos círculos um pouco mais alternativos, é apreciada, também, a versão do britânico Fall (do finado Mark E. Smith) para "Victoria". E só.
CREATION
Vigorosa banda britânica, a terceira mais significativa do movimento mod britânico, depois de Who e Troggs (e quarta, se considerarmos os Kinks também como mod). Com instrumentais em alto volume, à maneira do Who, o Creation é conhecido por canções como "Painter Man", "Making Time", "How Does It Feel to Feel?" e "Tomtom".
O grupo, com sua formação original de 1966, chegou a excursionar, em 1994, com o Ride (que citaremos depois), que regravou "How Does it Feel to Feel?" no álbum daquele ano, Carnival of Light.
A excursão acabou servindo, sem querer, como despedida do cantor Kenny Pickett, que faleceu em 1997, pouco tempo depois desta formação do Creation lançar o álbum Power Surge, em 1996, curiosamente pela gravadora Creation Records (conhecida por lançar Jesus & Mary Chain e Oasis).
Em 1968, o Creation teve, em sua formação, ninguém menos que Ronnie Wood, dos Rolling Stones. Apesar de tal informação, o Creation nunca chegou sequer a ser conhecido entre os alternativos brasileiros.
SEEDS
Quase uma resposta estadunidense aos Rolling Stones, os Seeds, conhecido pela figura enigmática do vocalista e baixista Sky Saxon.
Originário de Los Angeles, os Seeds faziam um som de garagem de linhagem pré-psicodélica, e, a exemplo da Ray Manzarek dos Doors, teve o tecladista Daryl Hooper fazendo linhas de baixo no órgão, nas ocasiões em que Sky Saxon não tocava instrumento.
O grupo é conhecido por sucessos como "Can't Seem to Make You Mine", "Pushin' Too Hard", "It's a Hard Time" e "Mr. Farmer". Uma incômoda coincidência é que Sky Saxon faleceu no mesmo dia que Michael Jackson (por este ser erroneamente associado ao rock), 25 de junho de 2009.
"Pushin' Too Hard" chegou a ter uma versão, em 1967, com letra em português de Rossini Pinto, gravada por Wanderlea. Apesar disso, os Seeds são praticamente desconhecidos aqui.
GENTLE GIANT
Banda de rock progressivo de influência barroca, o grupo britânico Gentle Giant até teve discos lançados no Brasil e teve uma razoável projeção no público roqueiro dos anos 1970, numa época estranha em que os roqueiros assimilavam a psicodelia tardiamente junto ao progressivo e hard rock.
O Gentle Giant chegou a ter uma certa repercussão entre o público bicho-grilo brasileiro, que nos anos 1970, devido à natural vocação para o atraso no nosso país, assimilou influências psicodélicas e hippies tardias atropeladas com o progressivo e o hard rock em voga (só depois estas duas influências seguiriam nos anos 1980 atropeladas com o punk e pós-punk). A banda Tutti-Frutti, que acompanhou Rita Lee, adotou elementos sonoros do Gentle Giant. Lô Borges, do Clube da Esquina, também.
No entanto, o som do GG, que também inclui experiências jazzísticas e hard rock e tem até uma paródia de punk rock - "Betcha Thought We Couldn't Do It", do álbum The Missing Piece, de 1977 - , caiu no esquecimento, apesar da admirável criatividade e talento de seus músicos.
NEW YORK DOLLS
Banda do chamado protopunk, ela só é comentada pelo visual exótico dos integrantes, que usavam um visual glam bastante debochado. No entanto, seu som, que influenciou diretamente os Ramones, nunca é lembrado pelo público roqueiro médio, apesar da grande projeção do grupo.
O grupo, cujos integrantes mais destacados foram David Johanssen e o falecido Johnny Thunders, também era admirado por Morrissey, que chegou a escrever um livro sobre a banda. Mesmo assim, as "bonecas de Nova York" só eram apreciadas pelos alternativos bem mais aprofundados.
BUZZCOCKS
Banda punk de Manchester, os Buzzcocks são tão importantes para o movimento quanto Sex Pistols e The Clash. Mas não no Brasil, onde a carreira do grupo é passada em branco pelo público roqueiro médio, mesmo aquele que se passa por entendedor de punk e hardcore.
O grupo, que primeiro teve como vocalista Howard Devoto, que depois saiu da banda e deixou a função para o guitarrista Pete Shelley, até teve ajuda do grupo baiano Camisa de Vênus, de Marcelo Nova, que em 1983 gravou "O Adventista", versão de "I Believe", hit dos ingleses de 1980.
"O Adventista" fez um bom sucesso, sua letra citava o casal Xuxa e Pelé (equivalente, na época, ao casal Bruna Marquezine e Neymar), mas isso não rendeu favores aos Buzzcocks, desprezados injustamente pelo público roqueiro médio no Brasil.
SPARKS
Ícone do art rock, o grupo estadunidense já mostrava sua esquisitice se radicando no Reino Unido, seguindo caminho inverso de grupos como Fleetwood Mac e Supertramp.
Liderado pelos irmãos músicos Ron e Russell Mael, a banda começou fazendo psicodelia glam rock, mas depois investiu em excentricidades sonoras que impedem que se defina precisamente a sonoridade do grupo, talvez definível como "estilo Sparks".
A banda é cultuada pelo público alternativo no exterior e influenciou um considerável número de artistas de pós-punk. Mas, no Brasil, somente a acessível "Cool Places", com a participação da guitarrista das Go-Go's Jane Wiedlin, é relativamente conhecida pelo público roqueiro médio.
Recentemente, os Sparks gravaram um projeto com o conhecido grupo escocês Franz Ferdinand, mas nem isso animou o público médio a conhecer o talento inusitado dos irmãos Mael.
XTC
Banda pós-punk surgida na desconhecida cidade inglesa de Swindon, teve toda sua trajetória baseada nas performances e composições (feitas em separado) dos vocalistas Andy Partridge, guitarrista, e Colin Moulding, baixista.
A banda desenvolveu uma sonoridade que primeiro mesclava punk com art rock e depois evoluiu para influências que envolvem Beatles da segunda fase e Beach Boys de Pet Sounds, e tornou-se influência para grupos bastante conhecidos como Blur e Foo Fighters.
Sobre o Blur, aliás, a banda de Damon Albarn chegou a gravar, em 1992, sessões para um novo álbum, sob produção de Andy Partridge. Apesar disso, o grupo não as aproveitou para o segundo álbum, Modern Life is Rubbish, de 1993, embora as faixas tenham saído de maneira brilhante.
A influência do XTC no Brasil foi praticamente nula, apesar da banda ter sido bem tocada na Fluminense FM e encontrarmos paralelo nas influências de Beatles e Beach Boys assimiladas pelos Paralamas do Sucesso. Neste caso, a Argentina passou a rasteira nos brasileiros, pois a banda de rock mais popular daquele país, o Soda Stereo, assumiu claramente as influências do XTC.
No Brasil, apenas um hit é vagamente conhecido pelo público brasileiro médio de rock, "The Ballad of Peter Pumpkinhead", de 1992.
SQUEEZE
Grupo de rock melodioso de pós-punk, o Squeeze surgiu nos anos 1970 em Londres e seus integrantes centrais são os vocalistas e guitarristas Chris Difford e Glenn Tilbrook.
O grupo, no começo da carreira, chegou a tocar nos mesmos redutos que Dire Straits, quando a banda fundada por Mark Knopfler deixava a Escócia para fazer carreira na Inglaterra. No entanto, o Squeeze nunca teve a projeção comparável com a outra banda.
O grupo, que passou por dois hiatos e chegou a ter o pianista e apresentador de TV Jools Holland como integrante, teve boa divulgação nas rádios Fluminense e Estácio FM, no Rio de Janeiro. Apesar disso, o Squeeze não tem uma canção lembrada pelo público brasileiro médio de rock.
RIDE
Banda de Oxford, cidade inglesa conhecida por sua célebre universidade, o Ride teve uma breve trajetória, entre 1988 e 1996, tendo como vocalistas e guitarristas Mark Gardener e Andy Bell (favor não confundir com o homônimo do Erasure).
Com um som que atualizava a psicodelia dos anos 1960 com o legado do rock alternativo dos anos 1980, o Ride foi o maior nome da tendência shoegazer, cena do rock britânico que não teve a mesma sorte do indie dance, que ultrapassou as fronteiras do eixo EUA-Reino Unido.
Portanto, o Ride só é razoavelmente conhecido pelo público alternativo mais aprofundado. Nem a aparência atrativa dos integrantes foi um chamativo para o público roqueiro médio. A única música lembrável - e ainda assim, raramente - é "Twisterella", de 1992.
"Twisterella" é cantada por Andy Bell, que até se tornou integrante do Oasis, trocando a guitarra pelo baixo. Ele integrou a banda dos irmãos Gallagher nos últimos anos e chegou também a fazer parte do extinto grupo de Liam Gallagher, o Beady Eye.
Até o cantor Renato Russo, da Legião Urbana, manifestou admiração pelo Ride, conforme havia declarado em suas últimas entrevistas. Mas nem disso fez o Ride ultrapassar a apreciação pelos mais iniciados.
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