Pode parecer um absurdo que o gosto musical dos jovens dos últimos 25 anos esteja nas mãos de um único homem.
Mas é verdade. E esse homem se chama Max Martin, o todo-poderoso homem que manda no pop internacional, e atua de maneira praticamente totalitária no pop feito nos EUA.
Quem, atualmente, tem entre 13 e 42 anos tem os ouvidos praticamente controlados pelo poder de Max Martin.
Max Martin é o verdadeiro "rei do pop", no sentido despótico, tirânico, do termo. É dono de um grande império de produção de sucessos comerciais para o público jovem.
Mas, afinal, quem é realmente Max Martin?
Ele nasceu em Estocolmo, na Suécia, e se chama Martin Karl Sandberg.
Max nasceu em 26 de fevereiro de 1971, o que significa mais um dos lamentáveis contemporâneos de mim, juntando-se à geração que gerou Eduardo Paes, Ivete Sangalo, Pedro Alexandre Sanches, Sérgio Moro, Luciano Huck e outros.
É um pessoal que tenta "reinventar" as coisas fazendo o pior.
Sejam os ônibus padronizados e o pseudo-desenvolvimentismo urbano de Eduardo Paes.
Ou o ecletismo musical canastrão de Ivete Sangalo.
Ou a filantropia empreendedorista de fachada de Luciano Huck.
Ou a bregalização provocativa de Pedro Alexandre Sanches.
Ou o bonapartismo jurídico de Sérgio Moro.
Junto a isso, temos a padronização de um pop supostamente arrojado e ativista, com supostos ecos de politização e feminismo, com letras "intimistas" sobre a "vida pessoal" dos ídolos envolvidos, gerido pelo perigosamente habilidoso Max Martin.
Ele é responsável, direto ou indireto, pelo sucesso de músicas como "...Baby One More Time", de Britney Spears, "I Kissed a Girl", de Katy Perry, "Shake It Off", de Taylor Swift, entre milhares de outros.
O histórico dele é curioso. Max Martin era um nome do rock pesado da Suécia, depois passou a compor para nomes pop locais - Rednex e Ace of Base - e aí se mudou para os EUA.
Seu estilo é falsamente eclético, mas bastante padronizado, que envolve um sem-número de ídolos que trabalham suas carreiras sob sua influência.
Os mais veteranos incluem Backstreet Boys, Westlife, Britney Spears, Jennifer Lopez, Bon Jovi, Usher, Celine Dion, P!nk, Christina Aguilera, Pussycat Dolls, N'Sync e seu ex-membro Justin Timberlake e Shakira.
Depois deles, temos Demi Lovato, Lady Gaga, Avril Lavigne, Adam Lambert, Rihanna, Kelly Clarkson, Justin Bieber, Ed Sheeran, Selena Gomez, Katy Perry, Jessie J, Ariana Grande, The Weekn'd, Adele, Ellie Goulding, Dua Lipa, Cardi B, entre tantos outros.
E isso são apenas os principais, dentro de um circuito de mainstream entre os EUA e Reino Unido.
Vamos aos aspectos básicos do estilo dele, um falso ecletismo musical que faz seus subordinados "atirarem" para todos os lados.
Primeiro, são sucessos pop temáticos com temáticas amorosas supostamente reais.
Musicalmente, há desde faixas de rock pasteurizado, com um andamento que lembra o poppy punk, até canções românticas convencionais.
Mas há também sonoridades calcadas no hip hop, sobretudo com introdução pseudo-acústica, ou inspiradas, como ocorre mais recentemente, no reggaeton, ritmo dançante porto-riquenho.
É assustador que o pop estadunidense seja tão padronizado, ainda mais com as irritantes apresentações cheias de dançarinos, como se dinheiro fosse capim para camuflar tantas músicas ruins com coreografia e encenações.
Afinal, essas apresentações só não são a retomada do teatro de revista porque este, pelo menos, se conduzia por esquetes humorísticas, como nos programas do gênero na televisão.
Eu até entendo que vários nomes são realmente talentosos, mas eles se submetem a essa gigantesca linha de montagem do império corporativo de Max Martin e seus discípulos. Um destes é Dr. Luke, que brigou com a cantora Kesha e foi por esta processado.
É um perigoso império que já estabeleceu franquias no Japão e, sobretudo, na Coreia do Sul, vide conjuntos como o famoso BTS.
Essas franquias já começam a ocorrer no Brasil, através do ultracomercialismo da última geração da música brega-popularesca, simbolizada por Anitta, Luan Santana, Pabblo Vittar e outros.
Não há diversidade, não há criatividade, não há uma preocupação digna e respeitosa com a música.
Há, sim, muita mentira, do tipo "os próprios cantores criam seus sucessos e cantam letras sobre suas vidas". Nos vídeos, há um jogo de cena no qual, mentirosamente, cantores aparecem nos estúdios fingindo decidirem as coisas por conta própria e forjando pretensa naturalidade criativa.
Creio que, por trás disso, há muita escravidão, há muita padronização, todo mundo fazendo uma mesma linha de montagem sonora.
Eu ouvi Demi Lovato, Rihanna e Taylor Swift no começo de carreira e elas tinham um potencial próprio e uma capacidade de terem realmente, cada uma, um estilo bastante pessoal.
Mas aí elas passaram a ter um estilo padronizado, a fazer um mesmo estilo musical.
Tudo é tão padronizado que, se você ouve um CD, tem dificuldades para identificar a cantora do disco, de tão iguais são os sons.
E isso é uma pena, e é catastrófico, porque o pop comercial já teve momentos preocupantes, mas hoje o que vemos é o fim da picada.
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