COMUNIDADE IDENTITARISTA OU WOKE: NA ZONA DE CONFORTO EM ACREDITAR QUE LULA É A ÚNICA OPÇÃO PARA CUIDAR DO BRASIL.
Não é segredo neste blogue que os que mais se incomodam com as críticas ao atual mandato de Lula são pessoas que estão bem de vida, traumatizadas com o que elas mesmo fizeram através do lavajatismo. Quem é mais pobre é que está criticando mais o governo Lula e, se as classes populares não conhecem as “realizações fantásticas” do governo, é porque elas simplesmente não sentem essas façanhas, que mais parecem conversa para boi dormir.
A burguesia ilustrada está paranoica, em pânico, por isso os descendentes das famílias que pediram a queda de João Goulart em 1964 hoje recorrem a Lula, ao verem que o cachorro golpista da revolta reaça de 2015-2016 se transformou num lobo voraz a se voltar contra a própria classe que o criou. Quando as elites viram que foram longe demais com o golpismo, elas viraram a casaca e hoje tentam se passar por “esquerdistas desde o berço”.
Quebrar o mundo de faz-de-conta das redes sociais tem o efeito drástico do cancelamento. A burguesia ilustrada finge que é “povo pobre” e Lula finge que não é pelego. E temos que acreditar nessas narrativas, mesmo sendo estórias muito mal contadas.
Vamos ver o ponto de vista dessa elite. Seus avós estavam incomodados com as ousadias de Jango em 1963-1964 e pediram a ditadura militar. Mas, com o tempo, com os movimentos sindicais e camponeses enfraquecidos e os extratos sociais, como pobres e jovens, foram domesticados e, se havia movimentos estudantis nas faculdades em 1966-1968, hoje nossos universitários mais parecem alunos do ensino médio de tão domesticados.
Com essa domesticação e a proteção política às riquezas da burguesia, as elites até podem se dar ao luxo de se proclamar “esquerda democrática”, como demonstração do bom mocismo já cogitado anos atrás, nos tempos do Renova BR. Até neoliberais de carteirinha podem apoiar Lula, que está benevolente com esses setores das classes dominantes.
E aí vemos o quanto a burguesia ilustrada, em que pese a possibilidade da direita moderada ter vários candidatos, fazer agora questão de apoiar a “candidatura única” de Lula, preferindo ver o voto como uma mera encenação democrática de fachada, um “voto de cabresto” politicamente correto. Juntamente com a infantilizada sociedade woke e a frente ampla social que vai dos pobres remediados aos famosos descolados, a burguesia ilustrada propriamente dita busca apostar na “democracia de um homem só” de Lula.
Imagine então o quadro político em que somente um candidato se autoproclama a única opção da democracia. E, além disso, não é um candidato novo, mas um político de 80 anos de idade e mais de 50 de atuação política, primeiro como sindicalista, depois como um dos grandes líderes do PT. E muitos ficam na zona de conforto de só querer votar em Lula, não admitindo outra escolha, nem mesmo um herdeiro.
O mais impressionante é que essa obsessão em Lula não vem dos mais pobres, mas dos abastados, as pessoas que possuem alguma prosperidade mais significativa mas longe do poder decisório dos grandes magnatas.
Ou seja, o futuro do Brasil está entregue a um político antigo, sem chance para a renovação e sem chance para outras alternativas. Ficou uma acomodação na qual as pessoas se comportam como as crianças que vão brincar no bosque porque acham que “vovô vai cuidar da casa sozinho”.
E a zona de conforto dos lulistas é essa. Não existe necessidade de manifestar ou reivindicar, a não ser por "ordens superiores", como nas manifestações recentes, em que os lulistas "pedem" o fim da escala 6x1 do trabalho e a cobrança de impostos para super-ricos sem muita convicção ou espontaneidade, mais parecendo crianças que, num teatrinho escolar, "pedem" para respeitar a natureza. Fora isso, o pessoal fica tranquilo e acomodado, esperando que um idoso de 80 anos cuide sozinho do Brasil.
O Brasil não tem uma questão resolvida com o novo, que sempre depende do que é velho ou obsoleto para ser introduzido no país. E num momento em que se precisa de renovação política verdadeira, sem a sombra da polarização, as pessoas apenas usam um lado da polarização para combater o outro.
E assim a polarização política não termina, pois nenhum dos lados irá combater a polarização visando tomar o poder, pois será sempre a disputa de um lado contra outro, portanto a polarização não vai acabar com Lula no poder. Já se fala da necessidade de uma esquerda sem Lula, nova e vigorosa, sem bancar a mascote do neoliberalismo identitário.
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