A persistência de uma gíria como “balada” demonstra que o poder da Faria Lima no Brasil vai muito além de uma simples lavagem de dinheiro do PCC. A gíria, expressão de jovens riquinhos da Zona Sul de São Paulo nos anos 1990, deveria estar em desuso há 21 anos e, caduca e decadente, ainda tenta resistir no vocabulário dos brasileiros num país em que ser cafona é ser pretensamente cult.
Mais uma vez o portal G1, das Organizações Globo, tenta relançar a gíria com uma matéria sobre as “baladas 50+”, num esforço desesperado em descontextualizar o jargão da Faria Lima e vender a gíria que se transformou em mercadoria para consumo.
Sim, a gíria “balada” virou um produto. Nada a ver com bobagens da intelectualidade “bacana” de que a gíria expressaria “as emoções e os viveres da população” como se a gíria propagasse pelo ar que respiramos. Nada disso. Não dá para confundir ar puro com o ar refrigerado dos escritórios do empresariado mais rico de São Paulo.
Mas a gíria é uma droga, em todos os sentidos. É um eufemismo para um rodízio de drogas alucinógenas nas casas noturnas, o que torna assustador o empenho da mídia patronal em transformar um jargão desse nível numa expressão pretensamente universal e atemporal.
Como “expressão cultural”, a gíria “balada” expressa a supremacia de uma burguesia que toma as rédeas do culturalismo da Faria Lima, que domina o imaginário do Brasil nas redes sociais, com reflexo no nosso cotidiano. É uma expressão de um país culturalmente deteriorado, que trata uma canção brega como “Evidências”, com Chitãozinho & Xororó, como um “clássico”, e lança o finado cantor Michael Jackson como se fosse a “última palavra em matéria de música”.
Portanto, a gíria “balada” não é expressão do povo brasileiro. Não é patrimônio cultural e nem expressa os viveres e sentimentos de diversas comunidades. A gíria continua sendo expressão de uma burguesia fechada no tempo e no espaço, a juventude empresarial da Zona Sul de São Paulo dos anos 1990.
A diferença é que essa juventude empresarial hoje está no poder e tenta perpetuar seu jargão como se fosse a “expressão de todos os tempos”. E osso com uma “pequena ajuda” da mídia patronal, como os Marinho e os Frias.
Comentários
Postar um comentário