QUANDO O BRASIL MAIS PRECISAVA DA PRESENÇA DE LULA NA RECONSTRUÇÃO DO PAÍS, ELE PREFERIU PRIORIZAR AS VIAGENS AO EXTERIOR.
Contrariando os versos do compositor Geraldo Vandré na música "Para Não Dizer Que Não Falei de Flores (Caminhando), as esquerdas médias, hoje girando em órbita em torno do presidente Lula, sempre apelam para a procrastinação de seus propósitos, deixando as classes populares enfrentarem limitações e problemas.
Cantava Vandré na sua composição: "Vem, vamos embora / Que esperar não é saber / Quem sabe faz a hora / Não espera acontecer". Diferente disso, as esquerdas médias, hoje associadas ao identitarismo woke, preferem "dar tempo ao tempo" e esperar as circunstâncias, enquanto as injustiças sociais dão continuidade até que chegue o momento do seu fim.
Isso derruba a tese de que as esquerdas médias são compostas de gente pobrezinha, pois hoje é a chamada burguesia ilustrada que toma conta desta tendência, liderando uma frente ampla cujo máximo de "humildade" são os "pobres de novela" já adaptados ao apetite burguês de consumismo.
Afinal, a procrastinação segue a triste tradição dos escravocratas do século 19 que, quando a escravidão era considerada obsoleta pelo mundo desenvolvido em 1823 e isso foi alertado no Brasil pelo estadista e abolicionista José Bonifácio de Andrada e Silva, os grandes proprietários de terras resistiram por 65 anos, e mesmo as leis do Ventre Livre e do Sexagenário demoraram para ocorrer, tendo sido decretadas, respectivamente, em 1871 e 1885.
As esquerdas médias não se preocuparam em derrubar o governo Michel Temer, fazendo protestos inócuos que mais pareciam micaretas. Temer, que preparou o "cardápio" de retrocessos que hoje é associado a Jair Bolsonaro - que foi apenas o operador da maligna "Ponte para o Futuro" - , terminou o mandato rindo das esquerdas médias.
Mesmo Bolsonaro também foi poupado, pois as esquerdas médias preferiram a zona de conforto da memecracia, ou seja, os protestos mais do que inofensivos limitados a memes nas redes sociais, algo que fica apenas nas bolhas sociais.
Chegou-se ao nível constrangedor dos protestos ocorrerem num intervalo de 45 em 45 dias. E, por pouco, a data da Passeata dos Cem Mil, 26 de junho, importante protesto contra a ditadura militar ocorrido em 1968, não caiu no esquecimento, com protestos ocorridos pelos remanescentes das manifestações estudantis de 1966-1968, hoje idosos.
Agora, vemos o governo Lula mascarando sua mediocridade com um aparato de grandiloquência que, com seu poder sedutor nas redes sociais, tenta garantir a qualquer preço a reeleição do presidente, através de atos bastante tendenciosos e dos simulacros de realizações que incluem relatorismos, opiniões, promessas, cerimônias e propagandas.
Lula cometeu o erro grosseiro de priorizar a política externa, depois que apelou para ser eleito usando como causas a reconstrução do Brasil e o combate à fome, a ponto de chorar no palanque. O povo pobre sacou que Lula se comportou como "pai ausente" e somente a bolha lulista comemorou as viagens do presidente ao exterior.
Agora Lula tenta recuperar o tempo e a popularidade perdidos e, de forma tardia em seu terceiro mandato, tenta agir para realizar pautas trabalhistas, como um time de futebol que só começa a jogar para valer nos últimos quinze minutos do segundo tempo.
Adiando a proposta de extinção da escala 6x1 do trabalho para os próximos meses e decidindo pela isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, Lula agora corre contra o tempo depois de um desempenho vexaminoso, para ver se consegue, ao menos, alguma vantagem eleitoral, nem que seja para conquistar o quarto mandato por um placar apertado de votos.
Isso mostra o hábito ruim dos brasileiros que virou até anedota popular, o "deixa pra depois". Com isso, temos que aguentar a "boa" sociedade teimando na procrastinação, enquanto o povo pobre da vida real tem sempre que permanecer andando pelo túnel até que a luz venha tarde demais. Triste.
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