É claro que todos nós queremos um país melhor, justo, próspero e igualitário. E que vamos vibrar com alegria diante das realizações de um governo. Mas devemos observar que, num governo como o de Lula, que deixa para depois as realizações fundamentais para os brasileiros, a glorificação do presidente soa como uma alegria maior que a festa, mas uma alegria tão tóxica e obsessiva que traz a impressão de que o presidente brasileiro já está previamente reeleito.
O caráter decepcionante do governo Lula não se desfaz com a aprovação parcial da isenção do Imposto de Renda (parcial, porque a proposta está em tramitação no Senado), pois o presidente preferiu a política externa, dando a impressão de que ele iria reconstruir a Ucrânia antes do Brasil.
Mais uma vez, repetimos. Quem se empolga com o governo Lula é a burguesia ilustrada, a elite que capricha na sua encenação politicamente correta e finge ser “mais povo que o povo”. Seus antepassados eram a Casa Grande que se achava “o povo brasileiro”, enquanto negros e indígenas não tinham direito à cidadania.
Hoje a festa de Lula é a festa de “todo mundo” a “inclusão” que, de forma oculta, exclui camponeses, proletários, indígenas, solteirões convictos, intelectuais com senso crítico afiado, roqueiros, cientistas e bossanovistas. A festa lulista não é para todos.
No último dia 04, Lula e sua esposa Rosângela da Silva, a Janja, estiveram na plateia do Tokio Marine Hall, para assistir a uma apresentação de Maria Bethânia, em comemoração aos 60 anos de carreira da cantora baiana. Lula foi ovacionado por uma plateia que é capaz de pagar ingressos caros para ver medalhões da MPB autêntica, de talento genuíno e indiscutível, mas alinhados e aliados à burguesia ilustrada de nosso país. Portanto, não havia pobrezinho na mencionada plateia.
Há uma idolatria em torno de Lula que o faz um semideus, um popstar, mais do que um governante sério. E isso aumenta seu poder político de tal forma que seus ministros do Centrão, André Fufuca, dos Esportes, e Celso Sabino, do Turismo, se tornam fiéis ao presidente.
E a conversa de meia-hora de Lula com o presidente dos EUA, Donald Trump, sobretudo a respeito do tarifaço, acaba mais fortalecendo essa agenda setting, o hit-parade da notícia, que provoca lacração nas redes sociais. Como se esse diálogo fosse mais um episódio de reality show ou de novela do que um acordo político.
Para a bolha lulista, pouco importam se as medidas governamentais são feitas ou não, se chegam em boa hora ou se vem tarde demais. Para esse público, o que interessa é haver qualquer motivo para Lula ser reeleito, seja ele qual for, e de preferência que renda uma boa repercussão na mídia.
A alegria torna-se maior que a festa, que já é grande demais. Mas não a verdadeira alegria, mas de uma elite privilegiada e politicamente correta que só "gosta" de pobre nos limites para fazer os miseráveis domesticados, resignados e incapazes de assaltar os "bacanas" durante a madrugada.
Uma alegria tóxica, que não vê condições nem impedimentos e acha que o Brasil vai virar país desenvolvido na marra, mesmo com um cenário sociocultural em padrões considerados críticos até para um país emergente. Fica um clima arrogante e cegamente triunfalista, do tipo "Agora é a nossa vez e tem que ser assim", como em um caminhão sem freio pedindo para a barreira sair de sua frente.
O que esse pessoal não percebe é que uma coisa é ter esperança. Outra é a obsessão em ver o sonho estar acima da realidade, sem observar qualquer tipo de contexto.
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