Pular para o conteúdo principal

JORGE VERCILLO E A DERRAPADA APOLOGÉTICA DE UM JORNALISTA MUSICAL


Muito infeliz o comentário escrito por Julinho Bittencourt na Revista Fórum, em mais uma derrapada apologética de um intelectual em prol da bregalização cultural do Brasil.

Ele havia criticado uma mensagem de Jorge Vercillo sobre a degradação do "popular demais".

Julinho, conhecedor de música brasileira mas solidário com a intelectualidade "bacana", despejou em seu artigo os clichês já surrados do discurso de defesa do brega-popularesco.

Vamos começar por Jorge Vercillo.

O cantor carioca havia publicado no seu perfil do Facebook um desabafo contra os sucessos musicais atuais, que eu defino como Ultracomercialismo.

Jorge Vercillo havia criticado o baixíssimo nível da música brasileira. Um trecho do que escreveu:

"Na verdade hoje muitas pessoas não estão dando a menor importância pra música, elas vão às festas pra beber e ou arrumar alguém pra ficar, namorar etc.... sinto que parte delas perdeu o ouvido harmônico musical e perdeu também o universo simbólico, a capacidade de interpretação de texto pra alcançar uma letra mais elaborada, ( mesmo que seja falando de sexo, tesão etc..... )".

Mais adiante, ele escreveu mais coisas:

"O problema não é o estilo, mas sim a péssima qualidade de música que parte do público está escolhendo, pois uma parte grande da população me parece que tem preguiça de pensar ou ouvir .... as pessoas tem dado ibope apenas pra músicas apelativas, cafonas, infantis e sem o mínimo de musicalidade.
essas musicas são as escolhidas por muitos de vocês, o público !
Vamos assumir isso e tudo bem ! Ninguém é obrigado a escutar Jazz, beleza, mas gosto não se discute, LAMENTA-SE !!!

O público poderia escolher ouvir músicas muito melhores dos seus artistas, assim como nós podemos escolher uma realidade muito mais DIGNA pra todos nós !

Está na hora de assumirmos quem somos e nossas escolhas (e nos aceitarmos com essas escolhas tambem)
Mas as mudanças que almejamos não dependem do governo, nem de Jesus, nem dos militares, nem do Tom Jobim, nem dos extraterrestres rs.....

Só depende de nós, só cabe a nós !'.

Julinho Bittencourt não gostou. E veio com seu "papo cabeça" em torno da defesa ao "popular demais", sempre aquele papo apologista que glamouriza a suposta "cultura do povo pobre":

"Nunca vivemos um período tão democrático no que tange a ouvir música. Não dependemos mais dos sucessos dos grandes selos. As plataformas por demanda, redes sociais e YouTube nos abrem um leque enorme de variedades e músicas distintas como nunca se viu. Coisas que vão desde as mais populares, como o funk das favelas e o hip hop, todas elas manifestações tão espontâneas, sinceras e necessárias quanto o blues de Chicago, o jazz de New Orleans, passando pelo próprio Vercillo indo até Bela Bartok, Miles Davis e Gilberto Mendes.

Não há limites. Sempre fomos das marchinhas mais cândidas às canções mais elaboradas. Somos capazes de múltiplos universos e construções e todas eles devem ser respeitados. O discurso simples e direto é próprio e digno de qualquer população de todas as partes, desde ao menos, de quando temos canções documentadas".

Julinho acusou o músico de "prepotente" só por causa do comentário deste, no final da postagem:

"Essas letras e melodias mais infantis do que o Clube da Xuxa rs.... são refelexo do nível da consciência coletiva do público, precisamos explicar mais alguma coisa ?".

Claro, no mundo encantado de Julinho Bittencourt, da "esquerda de botequim" que vê Rede Globo às escondidas, vale o que o jornalista escreveu:

"Não sei ele, mas eu e todas as pessoas que conheci na vida, sempre fomos em festas para nos relacionarmos com outros seres viventes, beber e até, quem sabe,  arrumar alguém pra namorar. Não sei vocês, mas eu nunca fui numa festa para ouvir Stravinsky".

Nesse mundinho, não cabem os mecanismos que estão por trás da chamada "industria cultural" e do caráter mercenário dos donos de rádio e TV e dos empresários do entretenimento em relação ao que se define como "popular demais".

Julinho parece tomar as dores de Pedro Alexandre Sanches, meio "queimado" nas suas pregações bregalizantes como um "embaixador da Folha de São Paulo" na imprensa cultural de esquerda.

Com seu pensamento desejoso, Julinho acha que o "popular demais" é "espontâneo", "democrático" e "livre", como se não houvesse processos de promoção de um ídolo musical ou comportamental pela publicidade e por outros processos movidos por interesses de lucro e poder.

Julinho, como seus amigos da intelectualidade "bacana", acreditam que o "popular demais" surgiu das mentes das pessoas nas comunidades populares.

Boa-fé ou má-fé?

Julinho pensa que o "popular demais" surge em "canais alternativos" no YouTube e nas plataformas digitais.

Quanta ingenuidade. Essas mídias digitais, na verdade, difundem o "popular demais" por canais pessoais referentes a empresas de entretenimento ou veículos direta ou indiretamente ligados à mídia hegemônica.

Pensar o "popular demais" fora da mídia hegemônica é uma tolice, mas uma elite de intelectuais insiste em pregar essa ladainha no esforço desesperado de produzir consenso ou, ao menos, tentar calar os mais críticos.

E olha que Jorge Vercilo não reprovou a bregalização cultural.

Ele diz que "todas as manifestações musicais e culturais são legítimas" e "precisam ser valorizadas e respeitadas".

Isso em si não é problema, mas no Brasil a bregalização usa esse discurso para tirar a MPB dos seus próprios espaços.

Hoje vemos a dupla emergente da MPB Anavitória (Ana Clara Costa e Vitória Falcão) regravando axé-music, fazendo dueto com Saulo Fernandes. E Tiê cantando com Luan Santana.

Vercilo acredita ingenuamente que intérpretes "populares demais" gostariam de "fazer música de qualidade".

Pois nomes da geração 90 como Chitãozinho & Xororó, Leonardo, Daniel, Belo e Alexandre Pires foram brincar de "fazer MPB" e o resultado foi um desastre: pura canastrice musical.

Empurra-se o "popular demais" para simulacros de MPB e nada vai além do pedantismo e do superficialismo mais canastrão.

Certo. Vercilo também acredita que o povo "decide" pelos sucessos que tocam no rádio e quais as subcelebridades que podem "lacrar" ou "empoderar" na televisão ou na Internet.

É uma visão muito ingênua, da parte dele. Mas, creio, mais inocente e condicionada do que a de Julinho Bittencourt.

Paciência, artistas de MPB querem o ganha-pão num meio de mercenarismo selvagem na chamada "cultura brasileira".

Se o emepebista não duetar com Ivete Sangalo, Alexandre Pires, Chitãozinho & Xororó, É O Tchan ou Mr. Catra, estará proibido de tocar em certos lugares.

É igual aquela atriz de TV que finge gostar de "funk" porque, se não fingir, perde o contrato até para fazer comerciais de marcas de cosméticos e a chance de protagonizar a nova novela da Globo.

Ela passa a vida toda dançando "funk" em festa de aniversário, elogiando o ritmo como "legítima cultura das periferias", fazendo sorriso amarelo ao lado de funqueiro, porque ela sente a sombra do ostracismo que se aproxima no caminho.

O emepebista tem que duetar com um breganejo, porque precisa tocar em Goiás, no Tocantins., no interior de São Paulo ou Paraná

Vai duetar com um axézeiro visando uma turnê completa no Nordeste. Ou duetar com funqueiro para poder se apresentar para um público da Baixada Fluminense.

É questão de sobrevivência. É triste ver um artista de MPB ou de Rock Brasil ser boicotado por certas cidades porque não aceitou dueto com Joelma, Valesca, Bell Marques, Zezé di Camargo, Márcio Victor do Psirico, Lucas Lucco, Pablo Vittar etc.

Isso é um caminho do ostracismo. Infelizmente, o brega-popularesco tem um esquema mafioso, mesmo.

A pessoa imagina que o ídolo musical "popular demais" é o coitadinho num dueto entre este e um emepebista.

É o contrário. O coitado é o emepebista que precisa tocar em Santarém, Pirenópolis, Maringá, Nova Iguaçu ou Juazeiro, da Bahia ou do Norte.

O "popular demais" não está no lado do povo. Seus membros são de origem humilde, sim, mas eles estão a serviço dos interesses dos empresários do entretenimento, dos barões da grande mídia, dos políticos de direita que financiam os eventos "populares demais".

É o show business, estúpido!!

E esse mundinho não se sabe se é realmente incompreendido por Julinho Bittencourt e seus amigos da intelectualidade "bacana" ou se eles agem com má-fé, mesmo.

Em todo caso, eles são intelectuais de elite, classe média alta, com todos seus preconceitos. São o pessoal "sem preconceitos", mas muito e terrivelmente preconceituosos.

Para eles, o povo pobre tem que se manter nessa imagem estereotipada, adocicada, glamourizada, que produz centenas de Tchans, Harmonias, Chitões, Belos, Safadões, Popozudas, Catras, Pablos, Toddynhos e companhia.

Esses intelectuais não podem se confundir com o povo e nem pensam em favor dele, do contrário que muitos pensadores de esquerda que hoje tentam entender o povo pobre.

É porque a intelectualidade "bacana", que aposta num Brasil mais brega, possuem convicções paternalistas e elitistas a respeito do povo pobre.

Fazem isso acreditando que, idiotizando o povo pobre, não haverá mais assaltos nem rebeliões diversas.

Isso porque a "rebelião" se produz no entretenimento vazio e resignado do "popular demais" que nem de longe apavora a mais elitista das elites.

Lendo Jessé Souza, dá para entender a postura dos intelectuais "bacanas" que acreditam no Brasil brega: eles acham possível a conciliação entre o "deus" mercado e o folclore popular, quando a realidade mostra que isso nunca acontece.

O folclore sempre sai perdendo. Cultura não é questão de botar mais dinheiro público nem fazer programa trainée para transformar atristas bregas em "emepebistas". As pessoas têm que acreditar que o fortalecimento da cultura não depende de encher dinheiro no bolso.

Tanto que Julinho Bittencourt e outros similares (inclui a "santíssima trindade" de Pedro A. Sanches, Paulo César Araújo e Hermano Vianna) ignoram que as elites ricas são as que mais consomem o "popular demais".

A prova do caráter inócuo do "popular demais", do brega-popularesco, da Música de Cabresto Brasileira, é que ele é facilmente acolhido pelas elites de jovens riquinhos.

No último domingo, em Gragoatá, Niterói, eu vi uns "coxinhas" ouvindo "funk" às alturas.

Mas, no mundinho encantado de Julinho Bittencourt, talvez os "coxinhas" de sua imaginação é que saem por aí para ouvir Stravinsky ou fazer cyberbullying para defender Tom Jobim.

Nem sempre intelectuais de uma visão "mais legal" entendem a realidade de nosso país...

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

SIMBOLOGIA IRÔNICA

  ACIMA, A REVOLTA DE OITO DE JANEIRO EM 2023, E, ABAIXO, O MOVIMENTO DIRETAS JÁ EM 1984. Nos últimos tempos, o Brasil vive um período surreal. Uma democracia nas mãos de um único homem, o futuro de nosso país nas mãos de um idoso de 80 anos. Uma reconstrução em que se festeja antes de trabalhar. Muita gente dormindo tranquila com isso tudo e os negacionistas factuais pedindo boicote ao pensamento crítico. Duas simbologias irônicas vêm à tona para ilustraresse país surrealista onde a pobreza deixou de ser vista como um problema para ser vista como identidade sociocultural. Uma dessas simbologias está no governo Lula, que representa o ideal do “milagre brasileiro” de 1969-1974, mas em um contexto formalmente democrático, no sentido de ninguém ser punido por discordar do governo, em que pese a pressão dos negacionistas factuais nas redes sociais. Outra é a simbologia do vandalismo do Oito de Janeiro, em 2023, em que a presença de uma multidão nos edifícios da Praça dos Três Poderes, ...

"ANIMAIS CONSUMISTAS"AJUDAM A ENCARECER PRODUTOS

O consumismo voraz dos "bem de vida" mostra o quanto o impulso de comprar, sem ver o preço, ajuda a tornar os produtos ainda mais caros. Mesmo no Brasil de Lula, que promete melhorias no poder aquisitivo da população, a carestia é um perigo constante e ameaçador. A "boa" sociedade dos que se acham "melhores do que todo mundo", que sonha com um protagonismo mundial quase totalitário, entrou no auge no período do declínio da pandemia e do bolsonarismo, agora como uma elite pretensamente esclarecida pronta a realizar seu desejo de "substituir" o povo brasileiro traçado desde o golpe de 1964. Vemos também que a “boa” sociedade brasileira tem um apetite voraz pelo consumo. São animais consumistas porque sua primeira razão é ter dinheiro e consumir, atendendo ao que seus instintos e impulsos, que estão no lugar de emoções e razões, ordenam.  Para eles, ter vale mais do que ser. Eles só “são” quando têm. Preferem acumular dinheiro sem motivo e fazer de ...

A SOCIEDADE HIPERMERCANTIL E HIPERMIDIÁTICA

CONSUMISMO, DIVERSÃO E HEDONISMO OBSESSIVOS SÃO AS NORMAS NO BRASIL ATUAL. As pessoas mais jovens, em especial a geração Z mas incluindo também a gente mais velha nascida a partir de 1978, não percebe que vive numa sociedade hipermercantilizada e hipermidiatizada. Pensa que o atual cenário sociocultural é tão fluente como as leis da natureza e sua rotina supostamente livre esconde uma realidade nada livre que muitos ignoram ou renegam. Difícil explicar para gente desinformada, sobretudo na flor da juventude, que vivemos numa sociedade marcada pelas imposições do mercado e da mídia. Tudo para essa geração parece novo e espontâneo, como se uma gíria fabricada como “balada” e a supervalorização de um ídolo mediano como Michael Jackson fossem fenômenos surgidos como um sopro da Mãe Natureza. Não são. Os comportamentos “espontâneos” e as gírias “naturais” são condicionados por um processo de estímulos psicológicos planejados pela mídia sob encomenda do mercado, visando criar uma legião de c...

COVID-19 TERIA MATADO 3 MIL FEMINICIDAS NO BRASIL

Nos dez anos da Lei do Feminicídio, o machismo sanguinário dos feminicidas continua ocorrendo com base na crença surreal de que o feminicida é o único tipo de pessoa que, no Brasil, está "proibida de morrer". Temos dois feminicidas famosos em idade de óbito, Pimenta Neves e Lindomar Castilho (87 e 84 anos, respectivamente), e muitos vão para a cama tranquilos achando que os dois são "garotões sarados com um futuro todo pela frente". O que as pessoas não entendem é que o feminicida já possui uma personalidade tóxica que o faz perder, pelo menos, 20 anos de vida. Mesmo um feminicida que chega aos 90 anos de idade é porque, na verdade, chegaria aos 110 anos. Estima-se que um feminicida considerado "saudável" e de boa posição social tem uma expectativa de vida correspondente a 80% de um homem inofensivo sob as mesmas condições. O feminicida tende a viver menos porque o ato do feminicídio não é um simples desabafo. No processo que se dá antes, durante e depois ...

ESTÁ BARATO PARA QUEM, CARA PÁLIDA?

A BURGUESIA DE CHINELOS ACHA BARATO ALUGUEL DE CASA POR R$ 2 MIL. Vivemos a supremacia de uma elite enrustida que, no Brasil, monopoliza as formas de ver e interpretar a realidade. A ilusão de que, tendo muito dinheiro e milhares de seguidores nas redes sociais dos quais umas centenas concordam com quase tudo, além de uma habilidade de criar uma narrativa organizada que faz qualquer besteira surreal soar uma pretensa verdade, faz da burguesia brasileira uma classe que impõe suas visões de mundo por se achar a "mais legal do planeta". Com isso, grandes distorções na interpretação da realidade acabam prevalecendo, mais pelo efeito manada do que por qualquer sentido lógico. "Lógica " é apenas uma aparência, ou melhor, um simulacro permitido pela organização das narrativas que, por sorte, fabricam sentido e ganham um aspecto de falsa coerência realista. Por isso, até quando se fala em salários e preços, a burguesia ilustrada brasileira, que se fantasia de "gente si...

ED MOTTA ERROU AO CRITICAR MARIA BETHÂNIA

  Ser um iconoclasta requer escolher os alvos certos das críticas severas. Requer escolher quem deveria ser desmascarado como mito, quem merece ser retirado do seu pedestal em primeiro lugar. Na empolgação, porém, um iconoclasta acaba atacando os alvos errados, mesmo quando estes estão associados a certos equivocos. Acaba criando polêmicas à toa e cometendo injustiças por conta da crítica impulsiva. Na religião, por exemplo, é notório que a chamada opinião (que se torna) pública pegue pesado demais nos pastores e bispos neopentecostais, sem se atentar de figuras mais traiçoeiras que são os chamados “médiuns”, que mexem em coisa mais grave, que é a produção de mensagens fake atribuídas a personalidades mortas, em deplorável demonstração de falsidade ideológica a serviço do obscurantismo religioso de dimensões medievais. Infelizmente tais figuras, mesmo com evidente charlatanismo, são blindadas e poupadas de críticas e repúdios até contra os piores erros. É certo que a MPB autêntica ...

A EXPLOSÃO DO SENSO CRÍTICO QUE ENVERGONHA A "BOA" SOCIEDADE

Depois de termos, em 2023, o "eterno" verão da conformidade com tudo, em que o pensamento crítico era discriminado e a regra era todos ficarem de acordo com um cenário de liberdade consumista e hedonista, cuja única coisa proibida era a contestação, o jogo virou de vez. As críticas duras ao governo Lula e as crises sociais do cenário sociocultural em que temos - como a queda da máscara do "funk" como suposta expressão do povo pobre, quando funqueiros demonstraram que acumularam fortunas através dessa lorota - mostram que o pensamento crítico não é "mera frescura" de intelectuais distópico-existencialistas europeus. Não convencem os boicotes organizados por pretensos formadores de opinião informais, que comandam as narrativas nas redes sociais. Aquele papo furado de pedir para o público não ler "certos blogues que falam mal de tudo" não fez sentido, e hoje vemos que a "interminável" festa de 2023, da "democracia do sim e nunca do nã...

COMO A BURGUESIA DE CHINELOS DISSIMULA SUA CONDIÇÃO SOCIAL?

A BURGUESIA ENRUSTIDA BRASILEIRA SE ACHA "POBRE" PORQUE, ENTRE OUTRAS COISAS, PAGA IPVA E COMPRA MUITO COMBUSTÍVEL PARA SEUS CARRÕES SUV. A velha Casa Grande ainda está aqui. Os golpistas de 1964 ainda estão aqui. Mas agora essa burguesia bronzeada se fantasia de “gente simples” e se espalha entre o povo, enquanto faz seus interesses e valores prevalecerem nas redes sociais. Essa burguesia impõe seus valores ou projetos como se fossem causas universais ou de interesse público. A gíria farialimer “balada”, o culto aos reality shows , o yuppismo pop-rock da 89 FM, Rádio Cidade e congêneres, a exaltação da música brega-popularesca (como a axé-music, o trap e o piseiro), a pseudo-sofisticação dos popularescos mais antigos (tipo Michael Sullivan e Chitãozinho & Xororó) e a sensação que a vida humana é um grande parque de diversões. Tudo isso são valores que a burguesia concede aos brasileiros sob a ilusão de que, através deles, o Brasil celebrará a liberdade humana, a paz soc...

LULA QUER QUE A REALIDADE SEJA SUBJUGADA A ELE

LULA E O MINISTRO DA SECRETARIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL, SIDÔNIO PALMEIRA. A queda de popularidade do presidente Lula cria uma situação inusitada. Uma verdadeira "torre de Babel" se monta dentro do governo, com Lula cobrando ações dos ministros e o governo cobrando dos assessores de comunicação "maior empenho" para divulgar as chamadas "realizações do presidente Lula". Um rol de desentendimentos ocorrem, e acusações como "falta de transparência" e "incapacidade de se chegar à população" vêm à tona, e isso foi o tom da reunião que o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Sidônio Palmeira, publicitário responsável pela campanha de Lula em 2022, fez com 500 profissionais de assessorias de diversos órgãos do Governo Federal, na última sexta-feira. Sidônio criticou a falta de dedicação dos ministros para darem entrevistas para falar das "realizações do governo", assim como a dificuldade do governo em apresentar esses dados ao ...

THE ECONOMIST E A MEGALOMANIA DA BURGUESIA DE CHINELOS ATRAVÉS DO "FUNK"

A CANTORA ANITTA APENAS LEVA O "FUNK" PARA UM NICHO ULTRACOMERCIAL DE UM RESTRITO PÚBLICO DE ORIGEM LATINA NOS EUA. Matéria do jornal britânico The Economist alegou que o "funk" vai virar uma "febre global". O periódico descreve que "(os brasileiros modernos) preferem o sertanejo, um gênero country vibrante, e o funk, um estilo que surgiu nas favelas do Rio. O funk em particular pode se tornar global e mudar a marca do Brasil no processo". Analisando o mercado musical brasileiro, o texto faz essa menção em comparação com a excelente trilha sonora do filme Eu Ainda Estou Aqui , marcada por canções emepebistas, a julgar pela primeiro sucesso póstumo de Erasmo Carlos, "É Preciso Dar Um Jeito, Meu Amigo", uma antiga canção resgatada de um LP de 1971. "A trilha sonora suave do filme alimenta a imaginação dos estrangeiros sobre o Brasil como um país onde bandas de samba e bossa nova cantam canções jazzísticas em calçadões de areia. Mas ...