O retorno do Jornal do Brasil às bancas foi uma das melhores notícias ocorridas na grande imprensa brasileira.
Num momento em que os grandes jornais estão substituindo a prática jornalística pelo panfletarismo reacionário, o JB veio com a promessa de recuperar o jornalismo de verdade.
Um jornalismo com mais profissionalismo e menos vaidade, procurando honrar os fatos, ainda que jornalistas, redatores e articulistas possam ter opinião.
Isso porque a honestidade jornalística, o respeito aos fatos, estava caindo.
O Jornal do Brasil havia deixado de ser impresso em 31 de agosto de 2010. Sobreviveu, até anteontem, somente na Internet.
O jornal O Dia, que sobrou como principal rival de O Globo, não cobriu a lacuna do JB.
Se esforçava na editoria política, mas culturalmente O Dia era muito popularesco.
Nos últimos anos O Dia até tornou-se sutilmente reacionário.
Fora das bancas, o Jornal do Brasil pelo menos não participou da maré reaça que envolveu O Globo, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, Veja, Isto É e Época.
E pode respirar um pouco, jornalisticamente falando.
Adquirido pelo empresário Omar Peres, veio a ideia de voltar a versão impressa.
Eu mesmo temia que a edição fosse mais modesta e apenas uma sombra do que havia sido antes.
Não. Omar assumiu o compromisso de dar fôlego novo a uma tradição que veio em 1891.
Decidiu-se que o Jornal do Brasil iria desfazer a mudança de leiaute de seus últimos anos de impresso até 2010, quando chegou a ser tabloide.
Retomou o logotipo tradicional e o visual que havia, ao menos, entre os anos 70 e 90.
E seu conteúdo tende a ser sem ideologias, mas puxando para o lado progressista.
A jornalista e fundadora da hoje empastelada EBC (Empresa Brasileira de Comunicação), Tereza Cruvinel, é uma das articulistas do jornal.
Com esse novo fôlego, espera-se que a grande imprensa se torne menos panfletária.
O resultado foi ótimo. Em várias bancas, o renovado Jornal do Brasil esgotou seus exemplares.
Num tempo em que Veja e Isto É acumulam pilhas de exemplares encalhados, isso é uma façanha.
Até meu pai comprou um exemplar e eu mesmo comecei a ler as páginas.
Por enquanto é apenas uma retrospectiva do passado e uma perspectiva do presente e do futuro.
Hoje é que o Jornal do Brasil volta mesmo à rotina. Até o fechamento deste texto, não li ainda a nova edição.
Espera-se que o velho jornalismo, marcado pela honestidade e pelo trabalho digno, seja retomado.
Ficam aqui as boas-vindas ao velho e novo Jornal do Brasil. Que permaneça sempre cumprindo um papel digno na sua volta ao papel.
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