INDEPENDENTE DA QUALIDADE DOS CANDIDATOS, OS LULISTAS ESTÃO FAZENDO CHACOTAS COM OS CANDIDATOS CONSIDERADOS DE "TERCEIRA VIA": CIRO GOMES, SÉRGIO MORO E JOÃO DÓRIA JR..
O fato de Lula ser, em tese, o favorito para conquistar, via voto, a Presidência da República mais uma vez, não garante a seus seguidores a arrogância com que agem em defesa do seu candidato.
Nota-se uma irritante arrogância dos lulistas, um clima de "já ganhou" e uma obsessão em ver Lula vencendo "na marra" as Eleições 2022.
Isso é terrível. E Lula é o candidato que mais comete contradições e erros, em que pese Jair Bolsonaro e Sérgio Moro serem candidatos incompetentes e fadados ao fracasso.
Mas eles deveriam sofrer fracasso por eles mesmos, e não pelo valentonismo (bullying) dos adeptos de Lula, que parecem se considerar os reis do pedaço.
É terrível esse fenômeno Lula, da forma como está ocorrendo. Eu ia votar em Lula, como pensei até 2020, mas desisti. Vou explicar isso num vídeo do TV Linhaça.
Fico muito triste com isso. E Lula comete erros aqui e ali. Erros que podem custar caríssimo a ele.
A pouca consciência da realidade dura do nosso país - que fez com que ele, certa vez, fosse à praia com sua Janja, em clima de "doce vida" - , a aliança com a direita neoliberal (associada a escândalos como a Privataria e o caso Pinheirinho), a postura de "salto alto" no clima do "já ganhou".
E isso com a supervalorização de supostas pesquisas de intenção de voto, na prática meras especulações de valor bastante duvidoso.
As esquerdas, sedentas de protagonismo, contraíram a obsessão de ver Lula eleito. Não pode ser outro, tem que ser ele. E essa obsessão acaba atropelando a democracia.
Isso vai contra a trajetória histórica do Partido dos Trabalhadores, que sempre se moveu pelo debate e sempre defendeu a democracia.
Lula agora quer reduzir os debates nas campanhas presidenciais, e contradiz a democracia ao ser considerado o "único" que pode ser eleito presidente da República. Esse papo de "via única" me causa horror e muito constrangimento.
Lula abandonou suas raízes. Deixou de lado sua natureza trabalhista. Agora o Lula virou um pelego com tesão para negociar com a direita neoliberal, supostamente em clima de equidade entre patrões e empregados.
Tudo isso repetirá outros casos em que forças progressistas, de uma forma ou de outra, compactuaram com forças conservadoras, gerando tensões inesperadas que, numa das vezes, gerou suicídio (Getúlio Vargas) e, em outras, em golpes falsamente democráticos (João Goulart e Dilma Rousseff).
Lula parece mais negociador que Jango, mas até que ponto ele conseguirá priorizar os trabalhadores, os camponeses, os sem-tetos e outros segmentos carentes das classes populares?
Já surgem indícios, fortíssimos, de que Lula está mentindo quando diz que vai preservar seu projeto político de esquerda.
Aqui e ali, o que se vê são pendências de que tal programa de governo "dependerá" de "diálogos" com o empresariado, com a direita neoliberal, incluídos nas forças espúrias com as quais Lula quer se aliar.
As esquerdas, iludidas e totalmente ensandecidas, jogaram para as favas a brilhante e admirável lucidez com que se expressavam nos textos progressistas que eu lia com dedicação, atenção e vontade de me informar melhor das coisas.
Hoje as esquerdas surtaram, perderam a noção da realidade, tudo em busca de um protagonismo inédito, porém inadequado nestes tempos distópicos de hoje.
Há todo um triunfalismo precipitado em favor de Lula que cria um sentimento de arrogância. É como se as esquerdas dissessem "Só nós somos as melhores, o resto não presta".
Sou esquerdista, e até mais do que muito lulista alucinado, mas não é assim que se deve agir, fazendo chacotas com a "terceira via", seja ela que cara for, se é Sérgio Moro, Simone Tebet, Ciro Gomes, João Dória Jr. e o que vier.
Paciência. O jogo democrático não garante, mesmo a uma figura como Lula, o monopólio da vantagem e do favoritismo!
Lula tem que enfrentar outros concorrentes e ter a humildade de poder falhar em sua campanha e fazer um rival vencer.
Lembremos que as esquerdas não podem se achar vitoriosas. Mesmo um Jair Bolsonaro desgastado pode chutar o pau da barraca e ser reeleito, mais pela bobeira dos opositores do que de qualquer suposta habilidade do "capitão".
Fala-se que Ciro Gomes não é competitivo. Mas quem não está sendo competitivo é o próprio Lula, envolvido numa tática suicida de se aliar com quem sempre governou contra os trabalhadores, camponeses, sem-tetos etc.
Até agora não ouvimos nem lemos Geraldo Alckmin pedindo desculpas pela catástrofe de Pinheirinho, em São José dos Campos.
Geraldo Alckmin não abre o jogo, não faz autocrítica, não demonstra arrependimento.
Ele faz o que se pode chamar de Síndrome do Deslocamento Inescrupuloso, que já fez um Pedro Alexandre Sanches, no plano musical, e Mário Kertèsz, no plano radiofônico, brincarem de ser "intelectuais de esquerda", mesmo com um DNA de centro-direita.
E as forças progressistas achando que estão vitoriosas, fazendo chacota com qualquer rival de Lula, achando que "tudo que não estiver relacionado com Lula não presta".
Isso é um grande horror, um grande e vergonhoso horror.
As esquerdas brasileiras agem de maneira vexaminosa, fantasiosa, imprudente, intransigente e descuidada.
Lula corre o risco de sofrer golpe, morrer por alguma enfermidade, atentado ou acidente aéreo por que falha humana, ele é um idoso doente, não é um meninão sarado com apenas 20 anos de praia.
Se ocorrer algo com Lula, seu vice Geraldo Alckmin se torna o titular, como houve quando Mário Covas, antigo titular do Governo de São Paulo, faleceu de câncer, em 2001.
E quem imagina que Geraldo Alckmin vai herdar o programa de governo de Lula, só existe uma hipótese certa: se o próprio Lula já tiver feito as concessões necessárias para o neoliberalismo.
Já está praticamente certo que o governo dos sonhos das esquerdas brasileiras está descartado.
Do contrário que o próprio Lula prometeu, teremos, sim, um cosplay do governo Fernando Henrique Cardoso.
FHC não precisa mais arriscar um terceiro mandato. Lula o fará pelo tucano.
E isso é vergonhoso e triste, porque Lula vai fazer o que eu mesmo não desejava que fizesse: um "governo de terceira via".
Se é para ficar nessa situação vergonhosa, prefiro que a Terceira Via faça um governo de Terceira Via. Seria mais autêntico. E, além disso, o Brasil está devastado demais para sairmos de um pesadelo bolsonarista para um hipotético paraíso lulista.
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