Em mais um capítulo da decepcionante trajetória de Lula para voltar ao Palácio do Planalto, Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda dos governos anteriores de Lula e dos governos de Dilma Rousseff, deu a senha sobre as suspeitas de que o petista abrirá mão de seu programa de governo.
Mantega disse que não pretende voltar ao governo Lula.
"Não pretendo voltar. A economia tem ciclos; você fica com a parte boa, mas se a economia não funciona, a culpa é do ministro. Fiquei no governo por 12 anos seguidos. Já dei a minha parte", disse o ministro.
Ele admitiu que cometeu erros durante o governo Dilma Rousseff, tentando políticas para controlar o preço da conta de luz da Eletrobras, que não deram certo.
Até aí, tudo bem. Experiência e autocrítica, além da vontade de Mantega de não voltar, porque considera sua missão cumprida.
Mas ele deu uma pista de que o programa de governo de Lula será realmente sacrificado, apesar de tantos desmentimentos neste sentido.
Desmentindo que estivesse elaborando o programa econômico de Lula, Mantega entregou: o de que o programa será certamente um resultado das alianças que Lula conquistar para si.
"Lula terá muitas alianças políticas, você não pode governar sozinho”, disse. “Depois que o grupo de partidos estiver confirmado, você vai começar a discutir um programa que tem que ser aceito por todos, não pode ser um programa imposto pelo PT", afirmou Mantega.
Lula também deixou duas pistas, uma delas respondendo a um artigo de Mantega sobre a revisão da reforma trabalhista.
Segundo Lula, qualquer mudança neste sentido será feita "em negociação tripartite com empregados e empregadores".
Ou seja, no contexto de hoje haverá a tendência de priorizar os interesses do patronato, enquanto os trabalhadores terão que ceder em suas reivindicações.
Outra pista é que Lula, embora garanta "fazer de tudo para combater o desemprego", não irá, todavia, criar um plano emergencial de geração de emprego.
Lula disse que a geração de emprego dependerá do ritmo do desempenho do mercado, cabendo apenas ao governo preparar o ambiente e, se depender do caso, estimular e financiar.
Tudo indica que Lula nem sequer fará social-democracia, substituindo-a pelo social-liberalismo, que aprecia as questões trabalhistas na "visão de cima" das elites dirigentes e, quando muito, das cúpulas sindicais.
Com Mantega dizendo que não vai assumir o Ministério da Fazenda do futuro governo Lula, a questão que surge não pode ser outra.
Será que a condução da Economia, no próximo governo Lula, será entregue às elites da Av. Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo?
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