Mais uma decepção envolvendo o Lula da fase atual.
Na semana passada, foi anunciado que Lula não vai comparecer a um debate promovido pelo banco BTG Pactual, ao lado de outros presidenciáveis.
O debate está marcado para os próximos dias 22 e 23 de fevereiro, conforme noticiou Bela Megale, colunista de O Globo.
Iludido com o favoritismo artificial de sua candidatura, Lula, que comete o erro grosseiro e potencialmente fatal de se aliar com os golpistas neoliberais, arrumou uma desculpa para não ir ao evento.
Ele disse que "não é oficialmente candidato" e que "não é momento para participar de debates".
Nessas ocasiões Lula se diz "ainda não candidato". Mas ele já é tratado como presidente eleito, o que é pior, e o coloca sob uma responsabilidade que, dependendo do contexto, ele não quer assumir.
É triste ver Lula se transformando no Fernando Collor da hora, agindo de maneira bem oposta à do líder sindical que havia sido.
Lula até fez concessões de 1978 até 2020, mas havia algum vínculo e alguma relevância com as suas origens sindicais.
Mas hoje tudo isso acabou e Lula parece mais próximo do tucanato do que de seus antigos colegas de partido. Lula prefere ouvir um golpista como Aloysio Nunes e não um companheiro de jornada como José Genoíno.
Lula agora dá para mentir e alega que, ao mesmo tempo que quer se aliar com a direita gurmê, que deva ser "diferente" do perfil político do PT, promete fazer um programa mais à esquerda do que o petista havia feito nos dois governos anteriores.
Lula não age com autocrítica, humildade, estratégia nem está sendo competitivo na corrida presidencial que, bem ou mal, já está ocorrendo na prática.
Já circula até uma desculpa de que Lula quer evitar falar com banqueiros, para faltar ao evento da BTG Pactual.
Mesmo acenando com os neoliberais e recebendo o apoio até dos financistas de São Paulo - conhecidos como a "elite da (Av. Brigadeiro) Faria Lima", os faria-limers (ou "faria-limeiros") - , Lula tenta fazer crer que "não governará pautado pelo mercado".
Um presidenciável não faltaria a um evento desses a não ser por razão relevante e urgente.
O irônico disso tudo é que até Jair Bolsonaro, que faltou aos debates de 2018, prometeu comparecer. Outras apostas da chamada "terceira via", como Ciro Gomes e Sérgio Moro, também prometeram.
Lula não quer debater com Sérgio Moro? A princípio, tudo bem, porque pode dar briga séria. E, além disso, Moro é um incompetente político, embora esteja disposto a ir a este debate.
Mas o que pesa mais é que Lula não quer enfrentar concorrentes sob o medo de perder.
Lula não está sendo competitivo, e parece também ter deixado de lado o jogo democrático que era a sua bandeira maior.
Afinal, paciência: mesmo favorito, Lula não pode ficar "de salto alto" e viver no clima do "já ganhou".
Seu programa de governo estará inevitavelmente prejudicado, pelas alianças que realiza, até porque o chamado "diálogo" obrigará Lula a cortar valiosos pontos de seu projeto político.
O que sobrará, desse programa de governo tosado como ovelha e cachorro poodle, será Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida, Mais Médicos, cotas universitárias e o que fazer parte da grife do PT.
Há um forte risco do lado técnico do governo estar nas mãos de Geraldo Alckmin, o vice. O próprio Lula quer que o vice "governe junto com ele".
Lula não abre o jogo e está cada vez mais distante de suas origens, por levar longe demais as concessões, no desespero de vencer as eleições e "garantir a governabilidade".
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