Bastante lerdo para negociar a redução dos preços dos alimentos, Lula, que já repercutiu mal quando recomendou aos brasileiros comprar comida perto da data do vencimento, falou para o povo brasileiro "boicotar" produtos caros e pediu para substitui-los por produtos similares com preços menores. Lula deu entrevistas em Salvador, uma para a Rádio Sociedade da Bahia, da Rede Record, e outra para a Rádio Metrópole, do "filhote da ditadura" Mário Kertèsz.
"Se todo mundo tivesse a consciência e não comprar aquilo que está caro, quem está vendendo vai ter que baixar para vender, senão vai estragar. Isso é da sabedoria do ser humano. Esse é um processo educacional que nós vamos ter que fazer com o povo brasileiro", disse Lula, que no entanto ignora que esse apelo já é feito pelo povo pobre da vida real.
Lula acrescentou: "Tenho dito que uma das pessoas mais importantes para a gente controlar os preços é o próprio povo. Se você vai num mercado aí em Salvador e você desconfia que tal produto está caro, você não compra". O presidente sugeriu, também, para a população trocar os produtos caros por similares mais baratos.
O governo Lula, através dessa declaração, causou indignação e até chacotas da oposição. O deputado e influenciador digital Nikolas Ferreira, um dos porta-vozes do bolsonarismo, escreveu uma ironia: "Se a água estiver cara, é só não tomar banho. Se a passagem está cara, é só ficar em casa".
As gozações foram feitas em torno da compra de tapetes para o Palácio do Planalto, no valor de R$ 71,3, e outros gastos do governo. Até o algoz de Lula, o ex-juiz e hoje senador Sérgio Moro, aproveitou para escrever: "Para Lula, a população, para combater a inflação, não deve comprar o produto se estiver caro. Já quando os gastos são do Lula, o céu é o limite".
O deputado Ciro Nogueira (PP-PI) também aproveitou a deixa para fazer um comentário "correto": "Se o arroz está caro, é só não comer. Se o gás está caro, é só não cozinhar. Se a gasolina está cara, é só ficar em casa. Nada de cortar gastos nos ministérios, colocar gente competente nas estatais ou gerir melhor a economia. Para o governo, basta que os brasileiros parem de comer, beber e se deslocar que os preços caem".
Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), por sua vez, escreveu: "No governo Lula, se a comida tá cara, 'não compra'. Se o aluguel tá caro, 'mora na rua'. Se o remédio tá caro, 'morre'. E assim segue o governo do cinismo, deixando o povo cada vez mais pobre enquanto sua família vive no luxo bancado pelo Brasil.".
Lula também tem seu erro agravado ao ter decidido, depois que tomou posse, em priorizar a política externa, gastando muito dinheiro com viagens ao exterior e até a intervir, de maneira constrangedora, em conflitos internacionais, deixando o combate à fome, principal apelo de sua campanha presidencial, para segundo plano.
Sem ter um projeto seguro para a política interna brasileira, criando políticas em prol do emprego, dos salários, dos preços e da alimentação, Lula deixou que, em dois anos de governo, os preços dos alimentos subirem. Tão empenhado em comprar votos do Congresso Nacional - processo que agora tem o nome "técnico" de "verbas para emendas parlamentares" - , esbanjando dinheiro para deputados e senadores, Lula não se empenhou em dar subsídios para custear a colheita, o transporte e a comercialização dos alimentos.
Até Ciro Gomes, que os lulistas, dentro da "projeção freudiana", acusam de agredir o presidente da República, lembrou das políticas de abastecimento e dos subsídios dos governos para os produtores de alimentos, evitando a ação predatória de atravessadores que repassam os alimentos com preços mais caros. Ciro lembrou que nos EUA e na Europa essas práticas são feitas, mas o Brasil deixou de adotá-las desde os governos de Fernando Henrique Cardoso e Lula.
Lula, em vez de enfrentar o problema de maneira corajosa e firme, se limitou a anunciar, na semana que vem, a abertura de um crédito para "facilitar os pobres a comprar comida e não dólar", o mesmo papo do Bolsa Família para o povo "cuidar da vida e não fazer apostas na Internet". Mais um paliativo que deve se somar à coleção de grifes do decepcionante governo Lula. Para quem adotava, no discurso, o combate à fome como maior causa do seu governo, essa medida é um acinte constrangedor ao povo brasileiro.
Com isso, Lula mais uma vez reforça sua queda de popularidade e joga asfalto para o caminho da oposição para 2026. E também mostra que Lula, como um político pelego, não tem coragem para enfrentar os grandes proprietários e o grande empresariado, interessados em cobrar caro para os brasileiros terem um prato de comida na mesa.
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