
No radialismo, na busologia e nos demais fóruns de Internet, notava a arrogância de uma boa parcela de reacionários que vivem no Rio de Janeiro.
Não se podia questionar certas distorções, como a surreal experiência da Rádio Cidade - que se revelou um fracasso como "rádio rock" - , que havia uma turminha reagindo com agressões verbais e humilhações violentas.
Na busologia, a mesma coisa. Gente que agride os outros, mas que exige respeito.
Mas, fora isso, são pessoas que nas ruas cumprimentam gritando, impõem seus pontos de vista e usam até o futebol como moeda de troca de amizades por conveniência.
E sem falar da "clássica" turma reaça que cometeu valentonismo digital (cyberbullying) na comunidade "Eu Odeio Acordar Cedo", no Orkut.
Claro que nem todos os cariocas são assim reacionários, boçais, arrogantes e metidos a "donos da verdade".
Mas os que têm essas qualidades infelizes e vivem no Rio de Janeiro são muito influentes.
Esses reaças fluminenses são "filhos" de uma série de retrocessos ocorridos no Estado do Rio de Janeiro desde o começo dos anos 1990.
O Rio de Janeiro se "paulistanizou", se bregalizou e sua antiga vocação para a diversidade e a garimpagem cultural declinou até chegar a quase nada.
Quando até em músicas estrangeiras os cariocas e fluminenses passaram a gostar de mesmice, ouvindo as mesmas músicas dez vezes ao dia, é sinal de alerta.
Da mesma forma, quando roqueiros locais passam a ouvir apenas hit-parade, quando cariocas e fluminenses passam a gostar apenas de alimentos da moda e tomar só cerveja e açaí, é sinal de alerta.
E se os cariocas passam a perder até o olfato, aceitando calçadas fedorentas e pouco se lixando pelo fedor do caminhão de lixo que estaciona até diante de restaurantes, então é bom soar o alarme.
Num contexto em que Niterói, que já foi capital fluminense, agora se resigna, com gosto, à situação subalterna de vizinha menor do Rio de Janeiro, a situação é preocupante.
E é o legado ruim dos cariocas e fluminenses que acaba estragando o país.
O golpe de 2016 só foi possível porque Eduardo Cunha, inexpressivo candidato carioca a deputado federal, foi eleito e, depois, tornou-se presidente da Câmara dos Deputados.
A vitória eleitoral de Jair Bolsonaro foi um caminho que começou quando ele também foi eleito deputado federal, em mais um mandato, em 2014.
Os cariocas e fluminenses pagam pelo pragmatismo que passaram a adotar desde os anos 1990, com um coquetel que mistura retrocessos, mediocridade e sensacionalismo.
Defendem com unhas e dentes aquilo que, depois, se revela um fracasso.
Vota em políticos que depois são denunciados por corrupção.
Em 2018, os reacionários do Rio de Janeiro ficaram se achando quando elegeram Jair Bolsonaro.
Festejaram como se estivessem certos que um novo período de prosperidade e bonança estivesse chegando.
Agora, comem o pão que o fascista amassou e veem, abismados, o caso de Fabrício Queiroz.
Ele pode ter movimentado mais dinheiro, havendo indício de R$ 7 milhões, sem falar que ele teve mordomias quando foi operado para retirada de tumor no caríssimo Hospital Albert Einstein, em São Paulo.
E surge uma nova denúncia, a de que Fabrício Queiroz foi se esconder na favela de Rio das Pedras, sob a proteção de milicianos.
Isso é um caso gravíssimo e muita gente já fala que o governo Jair Bolsonaro vai cair.
E olha que ontem Jair Bolsonaro esteve em Davos, tentando passar uma boa imagem, apesar dos protestos de rua contra ele e Benjamin Netanyahu.
E houve o encontro entre Steve Bannon, o marqueteiro da campanha de Donald Trump, e o "fisólofo" Olavo de Carvalho.
A situação está mesmo insegura, embora ontem nada houvesse de anormal no Brasil que, pela primeira vez, é governado por um general depois de 34 anos do fim da ditadura.
Antônio Hamilton Mourão estreou, ontem, a função de presidente interino, com a ausência do titular.
Será um ensaio do que virá por aí?
Comentários
Postar um comentário