Hoje de manhã houve um sequestro, na Ponte Rio-Niterói, de um ônibus.
Um passageiro revoltado resolveu sequestrar um frescão da Viação Galo Branco, carro RJ 181.019, que servia a linha 1520D Jardim Alcântara / Estácio.
O passageiro havia colocado garrafas de gasolina dentro do ônibus e estava armado com um revólver de brinquedo, desses facilmente confundíveis com os de verdade.
Ele ameaçou incendiar o ônibus e se inspirou no antigo sequestro do ônibus 174 da Transportes Amigos Unidos, em 2000, que virou notícia nacional e terminou em tragédia.
Foi um sufoco. A polícia bloqueou os dois acessos da Ponte Rio-Niterói, não somente no sentido Rio de Janeiro, onde ia o ônibus, mas também o sentido Niterói.
Com isso, o trânsito ficou complicado e muitos moradores de Niterói e São Gonçalo tiveram que ir à estação das Barcas, na Praça Arariboia, aumentando a demanda do transporte marítimo.
Aos poucos os reféns eram soltos, depois de muita negociação.
Foram mais de três horas de sequestro, até que uma tropa de elite resolveu reagir e um policial atirou no sequestrador, matando-o na hora.
O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, chegou à ponte de helicóptero. Até aí nada de mais, muito pelo contrário, é sua obrigação aparecer no local do crime.
O problema foi o gesto que Witzel fez, comemorando o assassinato. Segundo ele, a comemoração foi "pela vida dos sequestrados".
Levantou o braço, com o punho fechado, e dando um sorriso de satisfação.
Foi uma grande covardia. E Witzel mais parece um exterminador do que um governador.
Em sua gestão, só em seis meses foram mortas, em ação policial, cerca de 881 pessoas.
E não se está falando em ações em áreas controladas pelas milícias, que podem haver mais mortes.
Mesmo que o sequestrador fosse ameaçador e fosse morto por isso, não é motivo para uma autoridade sair por aí festejando.
Além disso, é duvidoso que matar o sequestrador, William Augusto da Silva, de 24 anos, tivesse sido a solução.
Havia condição, é muito provável, que o sequestro terminasse com o criminoso preso mediante muito diálogo e muita negociação.
Ele não tinha antecedentes criminais e parecia um desesperado que surtou. Sem dúvida alguma, ele cometeu um crime, mas teria sido melhor que ele tivesse sido mantido vivo e se fizesse todo tipo de negociação.
Se houvesse policiais com uma habilidade de acalmar o sequestrador, conversando com paciência, o desfecho seria mais tranquilo para todos.
O assassinato do sequestrador foi precipitado e, como de praxe, elogiado por Jair Bolsonaro.
Foi um episódio que mostrou o caráter desumano de autoridades como Bolsonaro e Witzel.
E isso quando o Rio de Janeiro sofre, nas favelas, a tragédia das balas que matam muitos inocentes.
É fácil apelar para a violência, em vez de melhorar a qualidade de vida da população.
O pragmatismo que contaminou os cariocas desde 1990 elegeu nulidades como Witzel.
Há um bom tempo os cariocas votam mal, em políticos que depois são hostilizados por seus antigos eleitores.
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