As esquerdas ficam felizes com seu protagonismo e acham que a direita liberal se ajoelhou a elas, mas elas se esquecem que houve golpe político em 2016 e que seu legado continua valendo totalmente.
Daí que o esquerdismo anda decepcionando, vivendo no mundo da fantasia, ao mesmo tempo cruzando os braços e se achando vencedora de todas as batalhas.
Acreditam que os supostos flertes do Jornal Nacional ou mesmo de parte da Globo News ao PT consagrariam a vitória de todas as batalhas.
Lula vai fazendo alianças na cabra-cega, por uma vaga e genérica oposição a Jair Bolsonaro, e acaba se prejudicando, na medida em que ele se acha o maior vencedor enquanto a realidade aponta o contrário.
As "vitoriosas" manifestações de Dois de Outubro foram fogo de palha, com um domingo de ressaca e uma segunda-feira em que Bolsonaro nem de longe se tornou o tão esperado perdedor dos protestos do último fim-de-semana.
Tanto que nenhum efeito drástico foi notado.
Tudo o que ocorreu ontem foi a divulgação, pela mídia alternativa, do escândalo do Pandora Papers, que revela uma série de personalidades que possui contas em paraísos fiscais.
Paulo Guedes é acusado de ter feito operações no âmbito de US$ 9,5 milhões, o que equivale, nos valores de hoje, a R$ 52 milhões.
É um escândalo dos mais vergonhosos, dos mais revoltantes, dos mais estúpidos.
Afinal, Paulo Guedes é um dos empresários que faturaram loucamente nos últimos cinco anos, contando episódios como o golpismo político de 2016 e a pandemia da Covid-19.
Mas o que a imprensa corporativa faz? Nada, finge que não viu.
O Globo preferiu noticiar as cobranças a Paulo Guedes a respeito do Auxílio Emergencial.
O Estadão se preocupou mais com as contas das celebridades nos paraísos fiscais.
E a Folha de São Paulo apenas mencionou "conflito de interesses" nas contas secretas de Paulo Guedes e o atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que pelo nome tem como avô o famoso economista pejorativamente apelidado de Bob Fields.
Só mais tarde Folha e Estadão mencionaram investigações sobre as contas dos dois mencionada pelo Pandora Papers.
Tinham que "mostrar serviço", mas, mesmo assim, com o distanciamento de sempre.
O Globo e o Jornal Nacional parece que não noticiaram, porque seus donos estão encrencados da mesma forma.
Os irmãos Marinho também têm empresas offshore, a exemplo de uma série de empresários, políticos e famosos e, no caso recente, de Paulo Guedes e Roberto Campos Neto. São empresas de fachada criadas em outros países, onde não se exige a origem do empreendimento nem sua finalidade.
Guedes e Campos Neto estão entre os que se enriqueceram abusivamente, enquanto o povo brasileiro perdia dinheiro com a pandemia e com os retrocessos do pós-golpe de 2016.
Daí que se observa que o Brasil não vive uma boa fase, como alardeava, serenamente, o jornalista cultural "isentão", sob a desculpa de que "há muitas vozes e narrativas" e sob o pretexto de que nosso país é um gigantesco shopping cultural.
Há muita pobreza e muito desespero, precarização do trabalho, redução de renda e aumento da população de rua.
Tudo isso fora do Paraíso virtual do Brasil-Instagram, que sofreu com a pane do grupo Facebook (Facebook, Instagram e WhatsApp), que durou cerca de seis horas ontem.
Durante um tempo, o Paraíso da classe média brasileira saiu do ar, deixando as pessoas desesperadas com o retorno repentino à realidade.
Mas no fim da tarde as redes sociais voltaram, aos poucos, a funcionar, para o bem de quem realmente trabalha com elas, afinal, a pane causou no dono do grupo Facebook, Mark Zuckerberg, um prejuízo de US$ 6 bilhões.
Imagine então o prejuízo dos que usam as redes sociais para desenvolver seus serviços e interagir com clientes e fregueses.
Pelo menos eles, no caso do nosso país, não vivem no eterno recreio do Brasil-Instagram, e dão duro na vida, numa sociedade em que pessoas como Paulo Guedes se enriquecem de forma exorbitante, num país em que o número de miseráveis aumenta de forma assustadora.
É hora das esquerdas deixarem de lado o triunfalismo e partirem para ações realmente concretas para mudar o nosso país. Isso se elas quiserem retomar o protagonismo político. Com memecracia e micaretas, o Brasil não vai pra frente.
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