O Tribunal Superior Eleitoral veio com mais flanelas do que lojas de material de limpeza.
Por isso seus ministros passaram pano na chapa eleitoral de Jair Bolsonaro e do general Antônio Hamilton Mourão na campanha presidencial de 2018.
O motivo para o arquivamento do pedido de cassação da chapa foi que a manobra dos disparos de fake news "não teve a gravidade e o alcance suficientes para comprometer a legitimidade da eleição presidencial de 2018".
Os ministros do TSE, em maioria, alegaram também que "não haviam provas suficientes" para validar a cassação.
Os votos foram de unânimes sete votos contra a casaação.
Votaram no primeiro dia (ontem, 27/10): Luís Felipe Salomão, relator das ações do TSE, Mauro Campbell Marques e Sérgio Banhos.
Votaram hoje: Carlos Horbach, Luiz Edson Fachin, Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso.
Todos argumentando que não havia motivos suficientes para cassar a chapa, embora reconheçam o abuso dos disparos de notícias falsas. No entender deles, esses disparos não comprometeram a transparência do processo eleitoral.
Foi uma grande pizza. E uma grande derrota para o Fora Bolsonaro, até pela preguiça das esquerdas em se mobilizar de maneira adequada.
Daí o preço da falta de pressão. Jair Bolsonaro continuará no mandato até o fim, provavelmente.
Mas aí também tem o preço do clima de "já ganhou" das esquerdas.
Uma pesquisa eleitoral - lembremos que pesquisas estatísticas são apenas amostras e, não raro, têm valor de precisão discutível - do Poder 360, através da sua divisão estatística PoderData, traz um sério alerta para quem acha que Lula ganhou todas antes de jogar.
Numa simulação de segundo turno entre Lula e Bolsonaro, segundo pesquisa de ontem, o petista tem uma vantagem de 52%, ganhando o atual presidente da República, que ficaria com 37%.
Na simulação anterior, a vantagem de Lula era de 56%, contra Bolsonaro, com 33%.
As regiões Norte e Sul elegeriam Bolsonaro, com 48% e 45%, respectivamente, contra 20% e 28% de Lula.
No Nordeste, é Lula considerado vencedor, com 54%, contra Bolsonaro, com 17%.
No Sudeste e Centro-Oeste, os dois têm empate técnico: Lula com 30% e 26%, contra Bolsonaro, com 27% em ambos.
Claro que não se pode superestimar as pesquisas, mas imaginemos que essa queda de diferença diminua de tal forma que ocorra uma virada.
O arquivamento do pedido de cassação da chapa Bolsonaro-Mourão já é considerado pelos bolsonaristas como uma grande vitória.
Enquanto isso, a mídia progressista vê diminuírem até mesmo os comentários entusiasmados que antes se fazia de um Lula "vencendo todas".
De repente, desde que houve o cancelamento, pelo Comitê Fora Bolsonaro, dos protestos de Quinze de Novembro, as esquerdas viram que, fora das bolhas digitais, elas não estão com a taça nas mãos.
Há uma chance forte das esquerdas sofrerem uma grave derrota, até porque, nos últimos cinco anos, os protestos fajutos da memecracia e do recreio identitarista não derrubaram Michel Temer nem detiveram a vitória de Bolsonaro, assim como também não conseguiu derrubar este último.
Ainda há gente insistindo em ver Lula como um "vencedor antes da competição", e ainda são muitos que fazem isso nas redes sociais.
Mas a realidade mostra que o mar não está para Lula.
O clima de "já ganhou" só teve uma única consequência: fazer ressurgir a fúria antipetista.
O golpe de 2016 não foi uma marolinha. Como não foi a Covid-19. E um Lula falando mais em festa do que em enfrentar um período difícil o coloca, lamentavelmente, numa situação fora da realidade.
Enquanto isso, Bolsonaro continua sendo bem estratégico e a terceira via está no aquecimento. As esquerdas, de tanto cruzar os braços, já começam a sentir dores.
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