QUIOSQUE NA PRAIA DE GRAGOATÁ, EM NITERÓI, PREFERE A SINTONIA DE UM CANAL DE ROCK NA TV POR ASSINATURA.
Embora os roqueiros autênticos do Grande RJ decepcionem em parte por não tomar uma posição explicitamente contrária à Rádio Cidade - pelo menos nos níveis que se fez contra a Estácio FM, três décadas atrás - , nem eles aguentam a sua programação, que há dois anos foi retomada, com todo o pior desempenho que "queimou" a emissora FM em 2006.
A Rádio Cidade não só não disse a que veio como sua programação se revelou bastante desastrosa. Não adiantou o marketing enganoso que tentava vender a imagem da Cidade FM como "rádio rock séria" e nem a "política da boa vizinhança" de alguns roqueiros autênticos em não questionar a emissora. O fracasso se deu pela própria qualidade da programação e outros aspectos.
A "politica da boa vizinhança" tentava tolerar a Rádio Cidade sob a desculpa de esperar o mercado de rock se revitalizar no Grande RJ e garantir a vinda constante de músicos e bandas de rock ao Rio de Janeiro, enquanto desenvolvem espaços "alternativos" que possibilitariam a eles ouvir coisas que têm dificuldade de rolar nos 102,9 mhz e no endereço digital "radiocidade.fm".
Só que isso acaba se tornando uma rendição e faz com que a supremacia do radialismo rock se reserve a uma emissora sem tradição no rock (a Cidade se consagrou em 1977 como FM de pop convencional, numa época em que o rock fervia no exterior) e muito menos vocação nem competência.
Os espaços "alternativos" se comportam como "satélites" do "planeta Cidade" e é humilhante que locutores "engraçadinhos" de perfil claramente "poperó" - eles apenas falam "mais calmo" do que os da Mix FM, mas no fundo são todos a mesma coisa - tenham que ser "âncoras" de um segmento que deveria ser trabalhado por quem realmente entende e gosta do ramo.
É lamentável essa complacência toda, que tira dos roqueiros autênticos a oportunidade de protagonizar o processo, já que o radialismo rock é terceirizado por "aventureiros radiofônicos" que se autoproclamam "profissionais de rock" (figura abominada por Luiz Antônio Mello, conforme ele escreveu em A Onda Maldita) e forçam a barra ao se vincularem a um segmento que não entendem.
Só que paciência tem limites e essa complacência não impede que as pessoas fujam da Rádio Cidade, até porque seu repetitivo repertório musical, restrito ao hit-parade "roqueiro", e os programas "engraçadinhos" que falam de namoricos bobos, ciúmes bestas e outras tolices, se multiplicam com seus locutores fazendo caras e bocas na página da emissora no Facebook.
Não há como esperar gargalhadas e piadinhas sem graça serem transmitidas no ar para ouvir apenas um "sucesso do rock", e ver que, dos grandes artistas de rock, de qualquer época, só tocam este ou aquele sucesso, às vezes apenas um único sucesso, como Led Zeppelin ("O My Love") e Deep Purple ("Smoke on the Water").
AS OUTRAS OPÇÕES
Dessa forma, os roqueiros autênticos, tolerando ou não a Rádio Cidade, fogem e buscam outras alternativas. A Cult FM é uma boa perdida e a rádio é sintonizável no celular, mas para ouvir a rádio nas ruas a pessoa precisa ter um recarregador de celular e, a cada meia-hora, procurar uma tomada mais próxima e confiável (cuidado com as danificadas que podem dar curto-circuito) para recarga.
Um sacrifício desses é louvável, e, se um grupo de amigos roqueiros se reunir, eles podem até fazer rodízio de sintonia da Cult FM, com uma outra pessoa sintonizando o celular enquanto outra faz a recarga, deixando algum minuto de transição com os dois sintonizando a rádio para não perder a sintonia.
Há também a coleção de CDs, que faz com que a pessoa possa, assim, não se limitar aos "grandes sucessos" ou "músicas de trabalho'. ouvindo toda a sequência que tem direito a ouvir. Se até fãs do Green Day, do Pearl Jam, dos Foo Fighters e do Deftones estão apelando para ouvir CDs, então a situação da Rádio Cidade está preocupante, mesmo.
Há os arquivos do YouTube, que reproduzem LPs inteiros ou músicas esparsas, que não se limitam aos hits e, por isso, oferecem uma gama muito grande de opções. Dá para ouvir bandas esquecidas ou que nunca fizeram sucesso, lados B de compactos, faixas instrumentais e tudo o mais, sem ter que esperar o sinal verde de um locutor alucinado com voz de animador de festas infantis.
Os canais de áudio da TV por assinatura também dão um banho nas "rádios rock" que sobraram em FM. Isso porque, embora o repertório seja menos ousado do que as rádios alternativas de rock e a oferta de músicas mais restrita que a do YouTube, ele é mais abrangente e busca diversificar na escolha de canções e intérpretes a serem tocados, dando espaço a quem "não faz sucesso".
Para desespero da Rádio Cidade, que chegava a recorrer a quiosques - mediante uma audiência "comprada" por algum produtor passeando na praia, uma prática de jabaculê pouco lembrada pelos radiófilos - para ter audiência, um quiosque de Gragoatá, em Niterói, decidiu usar um canal de áudio da TV paga que só toca rock para sintonizar durante as manhãs e, em certos casos, tardes.
Com isso, ouve-se coisas de difícil acesso nas "mais ambiciosas rádios rock", como Foghat, Grand Funk Railroad, Blue Oyster Cult e Blue Cheer, ou músicas obscuras do AC/DC. Certa vez, até uma antiga canção do injustiçado grupo de Boston, The Cars, "Just What I Needed" (de 1978), foi tocada, nos lembrando do grande talento de compositor que é o guitarrista Ric Ocasek (que visualmente parece um irmão mais velho do ex-Smiths Johnny Marr).
Também observei que vários roqueiros, de diversos tipos, recorreram a ouvir CDs nos carros, e o pessoal de casa ligando os computadores na Cult FM, todos fugindo da Rádio Cidade, que no fundo nunca passou de uma rádio pop convencional, igualzinha às outras: uma rádio que só toca hits, independente de que estilo for. Uma rádio "só de sucessos".
Com toda a certeza, a Cidade é pequena demais para o rock. O rock não é da Cidade, é do MUNDO que os ouvintes buscam fora dos limites comerciais da emissora carioca.
Embora os roqueiros autênticos do Grande RJ decepcionem em parte por não tomar uma posição explicitamente contrária à Rádio Cidade - pelo menos nos níveis que se fez contra a Estácio FM, três décadas atrás - , nem eles aguentam a sua programação, que há dois anos foi retomada, com todo o pior desempenho que "queimou" a emissora FM em 2006.
A Rádio Cidade não só não disse a que veio como sua programação se revelou bastante desastrosa. Não adiantou o marketing enganoso que tentava vender a imagem da Cidade FM como "rádio rock séria" e nem a "política da boa vizinhança" de alguns roqueiros autênticos em não questionar a emissora. O fracasso se deu pela própria qualidade da programação e outros aspectos.
A "politica da boa vizinhança" tentava tolerar a Rádio Cidade sob a desculpa de esperar o mercado de rock se revitalizar no Grande RJ e garantir a vinda constante de músicos e bandas de rock ao Rio de Janeiro, enquanto desenvolvem espaços "alternativos" que possibilitariam a eles ouvir coisas que têm dificuldade de rolar nos 102,9 mhz e no endereço digital "radiocidade.fm".
Só que isso acaba se tornando uma rendição e faz com que a supremacia do radialismo rock se reserve a uma emissora sem tradição no rock (a Cidade se consagrou em 1977 como FM de pop convencional, numa época em que o rock fervia no exterior) e muito menos vocação nem competência.
Os espaços "alternativos" se comportam como "satélites" do "planeta Cidade" e é humilhante que locutores "engraçadinhos" de perfil claramente "poperó" - eles apenas falam "mais calmo" do que os da Mix FM, mas no fundo são todos a mesma coisa - tenham que ser "âncoras" de um segmento que deveria ser trabalhado por quem realmente entende e gosta do ramo.
É lamentável essa complacência toda, que tira dos roqueiros autênticos a oportunidade de protagonizar o processo, já que o radialismo rock é terceirizado por "aventureiros radiofônicos" que se autoproclamam "profissionais de rock" (figura abominada por Luiz Antônio Mello, conforme ele escreveu em A Onda Maldita) e forçam a barra ao se vincularem a um segmento que não entendem.
Só que paciência tem limites e essa complacência não impede que as pessoas fujam da Rádio Cidade, até porque seu repetitivo repertório musical, restrito ao hit-parade "roqueiro", e os programas "engraçadinhos" que falam de namoricos bobos, ciúmes bestas e outras tolices, se multiplicam com seus locutores fazendo caras e bocas na página da emissora no Facebook.
Não há como esperar gargalhadas e piadinhas sem graça serem transmitidas no ar para ouvir apenas um "sucesso do rock", e ver que, dos grandes artistas de rock, de qualquer época, só tocam este ou aquele sucesso, às vezes apenas um único sucesso, como Led Zeppelin ("O My Love") e Deep Purple ("Smoke on the Water").
AS OUTRAS OPÇÕES
Dessa forma, os roqueiros autênticos, tolerando ou não a Rádio Cidade, fogem e buscam outras alternativas. A Cult FM é uma boa perdida e a rádio é sintonizável no celular, mas para ouvir a rádio nas ruas a pessoa precisa ter um recarregador de celular e, a cada meia-hora, procurar uma tomada mais próxima e confiável (cuidado com as danificadas que podem dar curto-circuito) para recarga.
Um sacrifício desses é louvável, e, se um grupo de amigos roqueiros se reunir, eles podem até fazer rodízio de sintonia da Cult FM, com uma outra pessoa sintonizando o celular enquanto outra faz a recarga, deixando algum minuto de transição com os dois sintonizando a rádio para não perder a sintonia.
Há também a coleção de CDs, que faz com que a pessoa possa, assim, não se limitar aos "grandes sucessos" ou "músicas de trabalho'. ouvindo toda a sequência que tem direito a ouvir. Se até fãs do Green Day, do Pearl Jam, dos Foo Fighters e do Deftones estão apelando para ouvir CDs, então a situação da Rádio Cidade está preocupante, mesmo.
Há os arquivos do YouTube, que reproduzem LPs inteiros ou músicas esparsas, que não se limitam aos hits e, por isso, oferecem uma gama muito grande de opções. Dá para ouvir bandas esquecidas ou que nunca fizeram sucesso, lados B de compactos, faixas instrumentais e tudo o mais, sem ter que esperar o sinal verde de um locutor alucinado com voz de animador de festas infantis.
Os canais de áudio da TV por assinatura também dão um banho nas "rádios rock" que sobraram em FM. Isso porque, embora o repertório seja menos ousado do que as rádios alternativas de rock e a oferta de músicas mais restrita que a do YouTube, ele é mais abrangente e busca diversificar na escolha de canções e intérpretes a serem tocados, dando espaço a quem "não faz sucesso".
Para desespero da Rádio Cidade, que chegava a recorrer a quiosques - mediante uma audiência "comprada" por algum produtor passeando na praia, uma prática de jabaculê pouco lembrada pelos radiófilos - para ter audiência, um quiosque de Gragoatá, em Niterói, decidiu usar um canal de áudio da TV paga que só toca rock para sintonizar durante as manhãs e, em certos casos, tardes.
Com isso, ouve-se coisas de difícil acesso nas "mais ambiciosas rádios rock", como Foghat, Grand Funk Railroad, Blue Oyster Cult e Blue Cheer, ou músicas obscuras do AC/DC. Certa vez, até uma antiga canção do injustiçado grupo de Boston, The Cars, "Just What I Needed" (de 1978), foi tocada, nos lembrando do grande talento de compositor que é o guitarrista Ric Ocasek (que visualmente parece um irmão mais velho do ex-Smiths Johnny Marr).
Também observei que vários roqueiros, de diversos tipos, recorreram a ouvir CDs nos carros, e o pessoal de casa ligando os computadores na Cult FM, todos fugindo da Rádio Cidade, que no fundo nunca passou de uma rádio pop convencional, igualzinha às outras: uma rádio que só toca hits, independente de que estilo for. Uma rádio "só de sucessos".
Com toda a certeza, a Cidade é pequena demais para o rock. O rock não é da Cidade, é do MUNDO que os ouvintes buscam fora dos limites comerciais da emissora carioca.
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