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VENDA DA EMBRAER É UM VOO INTERROMPIDO DA SOBERANIA NACIONAL

OS "SIMPÁTICOS BUSÓLOGOS" ORVILLE E WILBUR WRIGHT, QUE OS ESTADUNIDENSES ACREDITAM SEREM OS PAIS DA AVIAÇÃO.

Ontem foi anunciada a proposta de venda da Embraer para a empresa estadunidense Boeing.

É mais um artigo do feirão de patrimônios nacionais que Michel Temer anda vendendo para "combater a crise" e "enxugar o Estado brasileiro".

O petróleo está sendo vendido a varejo, a preço de banana, e perdemos algumas reservas de pré-sal para os gringos.

A norueguesa Statoil tornou-se a terceira maior petroleira em operação no Brasil, por causa das aquisições de áreas por cortesia do temeroso presidente.

Pausa para prantos e ranger de dentes: Statoil é estatal, naquele desenvolvido país europeu.

Aqui querem privatizar a Petrobras, mas, por enquanto, não abrem o jogo nem dizem se alguma atitude neste sentido está em plano.

Por enquanto, vão privatizar a Eletrobras, fazendo com que as regiões mais interioranas do país permaneçam no tempo do lampião a gás e no fogão a lenha.

Isso porque, se privatizada, a Eletrobras, controlada por gente sem visão de Brasil, só investirá naquilo que for lucrativo, pouco se importando sobre as necessidades dos brasileiros.

Se a nova empresa achar lucrativo investir em energia no interior de Roraima, vai investir na região. Se não achar, não vai, pouco importando a necessidade social.

Talvez se a Rede Globo disser que falta energia na região interiorana tal, aí sim, a companhia gringa vai investir.

Vamos para a Embraer: a fábrica de aviões é a única de origem brasileira e emprega cerca de 16 mil trabalhadores.

A Embraer está com um processo gradual de desestatização e desnacionalização, e a privatização irá comprometer vários postos de trabalho.

Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, sede da Embraer, a estatal era estratégica para o país.

O sindicato entrou com uma ação pedindo o cancelamento da venda e a reestatização da companhia.

A perda da Embraer será um golpe a mais na economia nacional.

Ironicamente, a Embraer surgiu em 19 de agosto de 1969, quando a ditadura, depois de decretar o AI-5, se preparava para promover um ufanismo nacional.

Convenhamos: os militares valorizavam um pouco mais as riquezas nacionais. Tinham apetite entreguista, mas era bastante controlado.

O apetite de Michel Temer é voraz, como o apetite de cupins diante de um pedaço de madeira de baixa qualidade. Ele quer vender tudo, a preço de banana.

Perder uma fábrica de aviões, estratégica para nosso país, é um acinte à memória do brasileiro Alberto Santos Dumont, pioneiro da aviação.

E a Boeing é dos EUA, país dos irmãos Orville e Wilbur Wright, que apelido de "simpáticos busólogos", pois duvida-se que eles realmente tenham sido pioneiros da aviação, mais parecendo dois conhecedores de ônibus do que inventores do transporte aéreo.

Os EUA não querem perder sua supremacia e veem em Temer - já acusado de ser colaborador da CIA - um garçom para oferecer aos ianques e outros estrangeiros solidários a nata do patrimônio econômico ou natural brasileiro.

Temer entregou até os sistemas de vigilância para empresas estrangeiras. Algo como um galinheiro vigiado por raposas.

O Ministério da Fazenda, sob responsabilidade do banqueiro, mas não-economista, Henrique Meirelles, já estudou, há cinco meses, a possibilidade de renunciar às ações golden share.

Essas ações permitiriam poder de veto do governo diante de decisões de empresas como a Embraer, o que abriria caminho para a venda o mais rápido possível.

O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos também age para manter esse poder de veto e se empenha para recuperar o status de empresa pública brasileira à Embraer.

O processo, infelizmente, não tem chances de êxito, mas, mesmo assim, desejamos boa sorte ao órgão representativo dos metalúrgicos.

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