A "imparcialidade da Justiça", em vez de ouvir o que o ex-advogado da Odebrecht, Rodrigo Tacla Duran, tem a dizer, o colocam sob mais uma denúncia.
O Ministério Público Federal denunciou Tacla por suposto esquema de propinas.
Desta vez o esquema envolveu a Mendes Júnior, construtora escolhida para fazer obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).
O problema não é a denúncia em si, pois Tacla Duran teria participado em possíveis esquemas de corrupção.
O problema está no fato de que a denúncia tem um gosto de revanchismo.
A CPMI da JBS, contra a vontade de alguns de seus membros, como o deputado Wadih Damous, que viajou para a Espanha com o colega Paulo Pimenta para conversar longamente com Tacla, jogou no lixo o famoso depoimento do advogado hispano-brasileiro.
Tacla Duran contou os bastidores da Operação Lava Jato, revelando os horrores da "indústria de delações premiadas".
O depoimento irritou os membros da operação, sobretudo Carlos Fernando dos Santos Lima e Deltan Dallagnol.
A nova denúncia foi divulgada sob a coordenação do procurador do "Power Point", suspeito de ser o "DD" que o advogado Celso Zucolotto Jr. citou num acordo espúrio de delação com Duran.
Duran não deu essa suspeita, preferindo dizer que desconhece o nome por trás do "duplo D", mas há indícios de que teria sido o próprio procurador.
Até parece que a nova denúncia veio como reação, depois que o histórico depoimento de Tacla Duran ter sido excluído do relatório-final da CPMI, feito pelo deputado Carlos Marun, que tomou posse como ministro da Articulação Política.
Marun, do PMDB, substituiu o tucano Antônio Imbassahy, ex-prefeito de Salvador, que deixou o cargo sugerindo um desembarque gradual do PSDB do governo Michel Temer.
Temer se ausentou para mais uma cirurgia mas voltou ao cargo para dar sequência ao seu pacote de maldades.
Enquanto isso, o senador paranaense Roberto Requião, "ovelha negra" do PMDB prestes a sair do partido, depois da saída da colega Kátia Abreu, deu um comunicado.
Requião pediu para que os movimentos sociais e as forças progressistas fossem para Porto Alegre, em 24 de janeiro de 2018.
A ideia é fazer o mesmo que foi feito no depoimento de Lula a Sérgio Moro, no último dia 13 de setembro.
24 de janeiro será o julgamento do TRF-4, que avalia a sentença de condenação de Sérgio Moro ao ex-presidente, por suposto esquema de propina envolvendo um triplex no Guarujá, no litoral paulista.
A data é considerada, em consenso, como decisiva para esboçar a corrida eleitoral do próximo ano.
Voltando ao caso Tacla Duran, a denúncia envolvendo a Mendes Júnior não cita a participação advogados correspondentes, como Zucolotto.
Também não são citados os fatos descritos no depoimento de Tacla Duran, mesmo para algum desmentimento.
A intenção é evitar manchar a iniciativa do MPF, pois Zucolotto é padrinho de casamento de Sérgio Moro e Rosângela Moro, e sócio dela em alguns negócios.
Seria abrir brecha para legitimar as denúncias de Tacla Duran que foram abafadas.
A "turma imparcial" da Lava Jato precisa permanecer "intocável", como naquele filme famoso sobre a operação que prendeu o mafioso Al Capone.
Só que a máfia não está nos progressistas que costumam ser condenados e investigados até com métodos menos lícitos.
A máfia está naqueles que querem entregar as riquezas do Brasil a empresas estrangeiras e desfazer os direitos e as conquistas históricos dos trabalhadores.
2018 será um ano duro para o Brasil.
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