Passou a ressaca do "combate ao preconceito" que só gerou mais preconceito, as esquerdas ainda têm que parar para pensar sobre o apoio às tendências brega-popularescas.
Começam a se acostumar, ao menos, com o fato de que "sertanejos" e apresentadores policialescos mergulharam fundo no bolsonarismo.
Em 2012, havia essa dúvida e o pensamento desejoso pensava que os "sertanejos" representavam o pequeno agricultor e a mídia policialesca, o jornalismo investigativo das periferias.
Grande engano.
Toda a campanha pelo "fim do preconceito", para aceitar a "ditabranda do mau gosto" popularesca, só deu em mais retrocessos sociais.
Afinal, não dá para romper o preconceito de expressões que já abordavam o povo pobre de maneira preconceituosa.
Não dava para acreditar nessa falácia. Eu nunca acreditei. Mas como eu não tinha visibilidade e, nessa época, intelectuais "bacanas" eram aplaudidos até quando tossiam, o discurso deles prevaleceu.
Recentemente, a funqueira Priscila Nocetti, mulher de Rômulo Costa, foi batizada numa igreja evangélica que ela segue há vários anos.
Os evangélicos popularescos, de tendência neopentecostal, estão afinados com o anti-esquerdismo pós-2016.
Rômulo Costa viveu seus quinze minutos de fama pretensamente "marxista", só porque sua Furacão 2000 montou o canto-de-sereia em Copacabana, no dia 17 de abril de 2016.
O empresário-DJ, amigo de políticos anti-Dilma, fez o papel de "flautista de Hamelin" para a nação esquerdista de 2016.
O "baile funk" tido como "anti-impeachment" era uma armação feita por Rômulo, quando Priscila era então vinculada ao Partido Social Democrático (PSD), um dos partidos golpistas daquela época. Hoje ela é ligada ao Partido da Mulher Brasileira (PMB), de centro-direita.
A "alegria do funk" abafou com as manifestações esquerdistas e soou como acalanto para os golpistas que votaram pela abertura do processo de impeachment, entre eles o hoje presidente Jair Bolsonaro, que votou "pela memória do saudoso coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra".
Rômulo Costa foi um dos "cabos Anselmos" daqueles tempos do "Fora Dilma". O outro "cabo Anselmo", o líder da Liga do Funk, Bruno Ramos, participou de uma manifestação anti-Globo em março de 2016, mas poucos meses depois sua organização gravou matéria para o Fantástico.
Na última manifestação pró-Bolsonaro, em 26 de maio de 2019, o que tocou no som foi "funk".
Apesar dos apoios de Toquinho e Cláudia Telles, artistas tardios de Bossa Nova (Cláudia é filha da lendária Sylvia Telles, um dos ícones do movimento), ninguém iria fazer manifestação pró-Bolsonaro exaltando o Amor, o Sorriso e a Flor.
Pois Bolsonaro está em alta conta no SBT, um dos veículos que mais divulgaram o "popular demais" que os farofafeiros tentaram empurrar goela abaixo para as esquerdas, feito chá de losna em boca de criança.
No Olimpo dos cafonas que é o SBT (que diz o anedotário popular que cultua o "mito" porque ele é apelidado de "Bozo", um dos astros da rede televisiva), o presidente Jair foi ser entrevistado pela terceira vez pelo apresentador Carlos Massa, o Ratinho.
A entrevista foi uma camaradagem e Jair prometeu uma boa gorjeta: R$ 268 mil para que Ratinho inserisse como mershandising campanhas em defesa da reforma da Previdência.
Ratinho faz parte, juntamente com Chitãozinho & Xororó, da "nata popularesca" do Paraná, um Estado que vendeu uma falsa imagem de "moderno", que Curitiba carregou fingidamente durante 40 anos, até revelar-se um reduto conservador com feudos políticos e figuras como Sérgio Moro.
E aí teremos um apresentador com linguagem "bem povão" falando das "maravilhas" dos trabalhadores pagarem previdência privada para ganharem só uma micharia que nem dará para sobreviver depois da aposentadoria, se esta se realizar, o que é muito difícil.
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