As forças progressistas de esquerda têm um vício preocupante.
Quando a coisa pesa no Brasil, os esquerdistas elegem, como supostos heróis, funqueiros, "médiuns espíritas" e o artilheiro de futebol da temporada. Às vezes, algum "sertanejo" mofado, tipo Chitãozinho & Xororó.
Acham que tais entes trarão a revolução socialista, a paz e a justiça social. Estão enganados.
São ícones que são tão "acima das ideologias" quanto qualquer direitista que se acha "o maior centrão".
As esquerdas até se esquecem das recomendações de Leonel Brizola, para os esquerdistas serem contra aquilo que a Rede Globo se manifesta a favor.
É claro que isso tem uma ponta de radicalismo, mas não creio que a exceção caia em funqueiros, "médiuns espíritas" e jogadores de futebol.
Eles representam, de alguma forma, a "sociedade do espetáculo" que é alvo de questionamentos severos pelos pensadores de esquerda do mundo desenvolvido.
Aqui, nesta província gigantesca chamada Brasil, é que as esquerdas chamam armadilha de "meu presente".
E aí vemos todo mundo correndo atrás do próprio rabo.
Mulheres-objetos em sessões intermináveis de exibições desesperadas de seus corpos plastificados são glorificadas pelas intelectuais de esquerda como "feminismo popular e provocativo".
Jornalistas difundindo a mesma choradeira em prol do "funk", com aquele papo de "vítima de preconceito", de "sofrer a mesma repressão que o samba" etc.
Colunistas apelando para um "médium espírita" para transmitir uma mensagem de "paz e fraternidade".
Comentaristas citando um jogador de futebol como a esperança para as forças progressistas, só porque fez uma declaração anódina contra o direitista de ocasião.
Articulistas tentados a citar um nome breganejo dos mais conservadores, com aquele papo de "saudades da terra", "raízes do campo", "vozes do povo trabalhador de nossa terra" etc.
Paciência. Muitos dos esquerdistas com menos de 60 anos foram culturalmente educados pela Rede Globo, SBT, Folha de São Paulo.
Não percebem que não podem corroborar os paradigmas culturais da mídia venal. E ainda insistem nesse erro.
Já não bastam os erros dos reacionários das redes sociais, a sua obsessão em rebater comentários discordantes, até mesmo com muita truculência e desejo de sangue.
Como nossas forças progressistas apelam para esses erros, motivados por uma emotividade piegas que não poderiam sentir nesses momentos de fragilidade social e político-institucional.
E o pior é que tudo isso é encarado como se fosse a solução da humanidade, a salvação da pátria.
É aquela coisa do cachorro correndo atrás do próprio rabo, achando que está seguindo um caminho próprio e revelante. Só que não.
As esquerdas recorrem aos pretensos heróis da centro-direita como se insistissem em curar as doenças com remédios sem a menor eficiência e até com efeitos colaterais fatais.
E é isso que fortalece a direita, que vê parte de seu espólio legitimado por setores das esquerdas.
E aí, exaltando funqueiros, "médiuns espíritas", craques de futebol, mulheres-objetos e "sertanejos", as forças progressistas acabam corroborando com Luciano Huck, que originalmente lançou ou apoiou tudo isso.
Enquanto as esquerdas ficam nesse clima, que lhes dá uma falsa sensação de tranquilidade e de paz, o governo Jair Bolsonaro se consolida, mesmo quando ele mesmo fornece condições para ser facilmente combatido.
As esquerdas agem como se "ainda dá para viver bem no Brasil", num contexto em que pessoas confundem "suportável" com "satisfatório".
Com tais vícios, que deixam as esquerdas sem seu instinto combativo e mergulhadas numa emotividade piegas e perigosa, a direita sempre tem a ganhar, diante de esquerdistas tão carneirinhos que acolhem paradigmas culturais da centro-direita.
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