A "boa" sociedade dos tataranetos da Casa Grande que, através de Lula, vivem de brincar de serem "socialista desde o berço", desejaria que este blogue fosse substituído pelo Mentira News, um blogue de mentiras agradáveis, que não se preocupa em dar satisfações e que substituiu o jornalismo pela flanela digital.
Sim, porque tem gente que gostaria que o Brasil fosse visto como um país mais sonhador que o mundo da Barbie, e que só quem descreve um Brasil cor-de-rosa é que lacra agrega, repercute, vende mais e tem mas audiência.
Por isso é que o jornalismo, banalizado pelo opinionismo que foi a herança do bonapartismo noticioso de rádio FM - o que fez derrubar algumas rádios de rock nos anos 1990 - , decaiu morto pelo próprio veneno, atendendo a interesses mercadológicos que transformaram o ato de informar pela mídia primeiro em uma sobrecarga opinativa que tornou-se a overdose de informação à brasileira, depois em um jornalismo analgésico para aliviar as tensões sociais e transmitir notícias para boi dormir.
Ou seja, tudo é, agora, analgésico. A verdade se deixa para lá, porque mentiras agradáveis agragam pessoas que não se sentem agredidas por tais lorotas. Se uma mentira não agride nem ofende, ela pode ter status de verdade que é compartilhado por um grande número de pessoas. Dessa forma, uma mentira cabeluda, dependendo do contexto, pode virar uma verdade indiscutível nas mentes de muita gente.
Daí que não se pode criticar o governo Lula num pingo de vez. Se os resultados sociais são pífios, se aceita, se aplaude, tem que falar bem. Paciência, a Internet é, praticamente, um latifúndio dos que ganham mais de R$ 10 mil por mês, e têm uma grande reserva de dinheiro para comprar aquele SUV, para fazer aquele estoque de cigarros, para fazer uma viagem muito mal curtida para um lugar da moda ou fazer aquela festa na laje com muita cerveja em que o grupo de "pagode romântico" é tão ruim que ele toca na festa dublando pleibeque.
Se a Internet fosse bem mais do que uma bolha de bem-nascidos e o número de pessoas que destoam da narrativa conformista do status quo fosse bem maior, nosso país seria outro e nossa compreensão de Brasil seria muito bem realista.
O tema dos super-ricos é bem ilustrativo. As pessoas vão dormir tranquilas porque o governo Lula promete tirar do bolso de uma parcela de magnatas somente R$ 45 bilhões, tão humilhante quanto a "repatriação" do dinheiro que os lavajatistas tiravam da suposta corrupção.
Vemos as pessoas falarem mal de políticos corruptos, vemos as esquerdas médias que hoje são rainhas da cocada preta falando mal dos que consideram super-ricos, geralmente empresários, banqueiros e outros ricaços que haviam se associado ao bolsonarismo.
Se esquecem que essas pessoas, tanto à direita quanto à esquerda, apoiam muitos super-ricos que trazem coisas "agradáveis". Como no caso do futebol e da cerveja, setores em que o empresariado é tão abusivamente rico e ninguém reclama. Pior, as pessoas nem são beneficiadas com isso, se embriagando de forma doentia e cultivando a paixão tóxica pelo futebol brasileiro que todo mundo aceita torrar dinheiro com esses falsos prazeres que, de tão banais, viraram uma mera formalidade social.
Será que a "boa" sociedade quer apenas democratizar os super-ricos? Desviar as grandes fortunas para a "liberdade plena" do hedonismo identitário e festivo? Ou permitir que os dirigentes "espíritas", na surdina, se tornem milhões de vezes mais ricos do que os "bispos" neopentecostais, mas se passem por pretensos pobrezinhos filantropos?
E os nomes do trap brasileiro - aquele ritmo com batida de lata de ervilha - , com seus bens avaliados em milhões e dólares? Esses intérpretes, assim como todo intérprete ada música brega-populareca, são muito mais ricos do que os supostos "burgueses" da MPB pós-Bossa Nova que ultimamente andou virando vidraça por conta de alguns bacaninhas descolados das esquerdas festivas.
Será justo que uma parcela da sociedade acumule trilhões de reais ou dólares sem necessidade só porque está associada a valores positivos para essa elite do bom atraso brasileira, que se acha "dona" de tudo? Tambem não seria justo que esse pessoal também seja taxado, tendo que pagar pesados tributos, mesmo os religiosos que usam de sua "liberdade" para cometer abusos tipicamente pecaminosos?
Na nossa reconstrução, temos que, sim, concertar as coisas. Desmontar o bolsonarismo é apenas o primeiro passo de um caminho árduo e não é querendo acreditar no mundo da fantasia que se vai resolver os problemas. Reconstruir o Brasil boicotando o senso crítico é o mesmo de reconstruir uma casa se recusando a fazer uma faxina. Não vivemos no mundo cor-de-rosa da Barbie.
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