É totalmente reprovável o clima de "já ganhou" de Lula, na sua obsessão pela reeleição. Recentemente, ele afirmou que "vai competir para ganhar", desprezando a necessidade dele ter que enfrentar mais de um concorrente.
Foi um papelão a campanha presidencial de 2022, quando Lula desprezou os demais concorrentes, só focando combater Jair Bolsonaro. Apostando na "democracia de um homem só", Lula ainda contou com a blindagem dos seus seguidores, que, com a agressividade sarcástica de valentões de escola, inventaram que qualquer um que não fosse Lula era "força auxiliar do bolsonarismo".
Lula age com uma arrogância inadmissível. Temo até que ele tenha que apelar para a fraude das urnas. E eu falo isso muito longe de ser um bolsonarista, até porque o Linhaça Atômica, em primeira hora, fez campanha contra o bolsonarismo, em 2018.
Mas eu vejo o quanto há esse risco, apesar do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) afirmar que as urnas eletrônicas são "absolutamente confiáveis". Consta-se que o Brasil é o único país a adotar, ao menos exclusivamente, essa tecnologia pois até os EUA adotam o voto impresso.
O grande erro de Lula é apostar numa "democracia única", só a dele, e isso é feito na vã tentativa de intimidar o bolsonarismo. Só que o bolsonarismo não se intimida. Em algumas capitais do Brasil, houve, ontem, várias manifestações contra o governo Lula e contra o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, principal alvo do cancelamento de visto para os EUA, determinado pelo presidente estadunidense Donald Trump.
A polarização torna-se dramática e incômoda, e Lula não pode se dar ao luxo de ser o dono da democracia. Independente dele ter vantagem ou não no seu projeto político, embora ele não tenha apresentado um programa de governo, o que é péssimo, Lula teria que enfrentar tantos concorrentes forem possíveis, porque isso é exigência da democracia.
E todo concorrente é legítimo, não dá para colocar Lula e Bolsonaro como únicos concorrentes e tratar os demais como se fossem birutas de postos de combustíveis. Pensar assim é antidemocrático e o que mais Lula fez, na campanha de 2022, foi sabotar a própria democracia da qual ele autoproclama ser o maior defensor.
Diante disso, Lula só se torna decepcionante, como governante e como personalidade política. E, ainda mais, numa idade em que não se pode exigir do destino o atendimento de todas a vontades e desejos. Na beira dos 80 anos, Lula não pode se comportar como um menino que pede ao pai que lhe atenda a todas as vontades. Trata-se de uma idade em que a cautela e a prudência são necessárias e a hipótese de derrota ser considerada como possível, ainda mais com a perda de popularidade do presidente. Não dá para ser uma pessoa sem juízo nessa etapa da vida.
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